Desde que nasci que tristeza não sofro um desdobramento O que posso fazer? tenho que dizer tenho que escrever Desde que nasci não sofri um desenvolvimento mesmo Desditado ou desventurado ou inditoso que fosse Desditoso também até o que digo aparece sempre um para Desdizer-me do meu dito fica o desdito ninguém acredita Em mim assim tão infeliz ninguém olha em mim um infortunado Antes de mais nada pensam que sou um mentiroso Negam-me a esmola pensam-me um mendigo desdenhável Um pedidor de esmolas digno de desdém enxotam-me às Pressas afugentam-me com gritos desdenhativos o que Encerra um teor de vergonha depreciativo do qual não Consigo esconder-me sofro nas mãos dos desdenhadores Pago um preço caro aos meus menosprezadores ainda Assim os desprezadores não se sentem satisfeitos querem Mais dou os meus dentes arrancados sem anestesia por Socos violentos sinto a dor dos murros desdentar-me A quebrar-me os dentes desdentado cuspo na calçada os Cacos banguela entro na ordem antiga de mamíferos que Não possuem dentes ou só apresentam os molares com A boca ensanguentada sinto a corja da sociedade desdar a Burguesia desatar em risadas o nó da laçada é o retomar O que se deu a apertar o meu pescoço pela mão poderosa Da elite denuncio um descuramento ouvem-me com Desleixo fala direito dizem com desídia és um inimigo Público número um só sabes descumprir as leis não és De cumprir os princípios és desculto com as teorias Demonstras ausência de culto faltar de amor às coisas Tratas tudo com irreverência desde que nasceste foste Para descultivar para deixar de cultivar conservares a ti Próprio inculto só mereces a morte não venhas agora Com pranto de arrependido desculpador é lógico que não Sensibilizarás ninguém aquele que desculpa absolve É o mesmo carrasco que puxará a corda o carrasco não É descuidoso nem negligente muito menos descuidadoso Competente exerce a função com extrema diligência Poderias ser salvo se fosses um épico narrador ou Talvez um clássico escritor mas não passas dum descritor Medíocre um divo Cláudio descritível que se pode Descrever muito bem tanto quanto se fosses Lúcio Aneu Sêneca que soube fazer em sua grande obra desde que Nasci fui uma descosedura sou uma descosturação Não soube descravejar meu coração desengastar Os cravos que o deixaram ferido do mesmo jeito que Jesus Cristo teve as mãos os pés hoje continuo descrente em Mim na fé na paixão sigo o mesmo incrédulo mortal Mórbido o mesmo descuido fúnebre o único incréu cujas Exéquias são cerimônias sem honras devido a Descristianização do ser que existe em mim podeis Descristianizar-me abolir-me da qualidade de cristão que Carrego as crenças cristãs que aprendi mas Jesus Cristo Sabe que sou descortino que para este caso tenho a Percepção aguda a perspicácia de não negá-Lo nenhuma Vez muito menos a que corre paralelamente à forma Errônea do descortino de Pedro que O negou três vezes Antes de morre não nego a morte não a tenho só espero Que consiga ter o pensamento descortinável que nada Venha triturar a minh'alma tirar a casca do meu espírito A cortiça do meu cérebro descascar-me como se fosse Uma fruta ou descorticar-me como se fosse uma Chapinha de garrafa a morte não será o meu descortiçamento Quem morre não o sou é o meu corpo a minha matéria As minhas moléculas meus átomos porém não morrem Neles vagarão minh'alma espírito nume nome irei Descorrelacionar-me da vida quebrar a correlação Desconexar-me desde que nasci não foi para outra coisa Foi para isto que póstumo imortalizo aqui neste epitáfio
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