Não via inspiração em lugar nenhum
Daltônico via tudo cinza não conhecia
O azul olhava para o céu era um
Descaso enxergava o horizonte não
Achava graça às vezes pensava que
Sofria de cegueira branca indiferente
Não reverenciava o vento nas falésias
As manifestações do universo desprezava
Eclipses alinhamentos de planetas brilhos
De quasares caudas de cometas cabeludas
Das coisas antigas dizia que eram coisas
Antigas que não serviam para nada era
Uma tristeza sem fim não cantava uma
Canção não recitava um verso não
Pisava descalço o chão não amassava o
Pão vivia pelos cantos da casa de rosário
Nas mãos tinha nojo de insetos besouros
Cigarras borboletas libélulas louva-deuses
Esperanças gafanhotos grilos sapos não
Amava calangos lagartixas taruiras joaninhas
Rico em adjetivações negativas menosprezava
A felicidade a paz o amor a criança a mulher
Gabava-se de ser assim péssimo ator
Coadjuvante passava de personagem principal
De protagonista indispensável de personalidade
Com celebridade paparazzi nenhum o
Fotografava pensava a fama acachapante para
Ser um famigerado não media o preço a pagar
Quanto mais ouro pagava menos valia à uma
Análise dum olhar glutão beberrão estômago
De hipopótamo paquidérmico com quelônio
Mistura de bicho preguiça nas vezes nas
Quais pensava só pensava que era o tal o ás
Não passava dum especialista nas coisas
Fúteis inúteis notórias aleatórias de simplório
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