Frente a frente com os meus porquês no fronte
Por que não estudei? por que não arranjei um diploma
De nível superior? frente a frente sou os meus porquês
Será que foi por causa da esclerênquima tecido
Cujas células endureceram com a lenhificação
Das suas paredes ou foi pela esclerodermia a
Esclerose da pele a dermatite que torna a pele
Endurecida grossa? por que não adquiri
Inteligência nem nasci com sabedoria?
Será meu cérebro um escleródio como os corpos
Muito duros que se encontram em certos fungos?
Ou a escleroproteína termo genérico que
Designa as proteínas insolúveis que formam
As partes esqueléticas endureceu demais a minha
Cabeça? a impedir a entrada do sonho nem
Posso sonhar que sou um escar um peixe
Acantopterígio a nadar sem ser escarnido pois
No sonho só sou escarnecido não gosto do
Escarnicador que tem prazer na escarnicação
Que gosta de escarnicar quem igual a mim
Vive em conflito com os seus porquês cheguei
À conclusão que sou escarnecível por não ter
Dignidade cidadania nem soberania até
Penso que gosto de ser zombado ludibriado
mas
Não é assim não abomino odeio a escarna de
Qualquer cidadão a sociedade me deixa desiludido
Sinto-me castigado pela burguesia escarmentado
Pela elite meu rosto é um escarlatim de vergonha
Mais vermelho que o tecido menos fino que o escarlate
Minha face é escarlata de tanto chorar pela
Condição de miséria de pobreza dos sem cidadania a
Mentira me deixa rubro o mentiroso é um escarioso
Como algo que tem escaras ou escamas o cálice também
Com membranosas na margem como na perpétua
Quero escarduçar todos estes meus porquês cardar
Meus espinhos como a lã com a carduça preciso ser
Um escarduçador de mim ser aquele que
Escarduça em busca de respostas de resoluções
De soluções com o escardilho ainda
Tirar de cima de mim as ervas daninhas
Com o sacho escardilhar o terreno do meu
Corpo limpar minh'alma roçar a pele mesmo
A feri-la se preciso for livrá-la de vez por todas
Para nunca mais tocar nos porquês escardear
Meu espírito varrer os cardos das minhas sementeiras
Para que meu ser não fique mais escarchado
Nem coberto de escarchas em pleno verão como se estivesse
Cheio de flocos de neve por que ando de escarcela
Vazia? minha bolsa é um vácuo minha
Carteira um deserto se escarcear-me quem
Irá me acudir? se gritar quem virá em meu
Socorro? preciso fazer barulho para ser ouvido
Tenho que altercar discutir brigar para que
Os mais elementares dos direitos sejam respeitados
O que deveria ser algo banal natural não
Conseguido às vezes com violência meu crânio
Anda cheio de colmeias de indignação é hora
De escarçar o velho de dentro de minha mente
É hora de tirar a cera de minhas lembranças
Esgarçar o lixo das minhas memórias
Não posso nem quero escaqueirar
Meu sonho não posso fazer em cacos meu
Ideal nem despedaçar minha esperança
Por que não vou à luta? por que deixo morrer
O ânimo a coragem a fé? alguma coisa
Precisa acontecer comigo para escandescer
Meu ser que algo venha inflamar-me
Tornar-me vermelho de força para excitar
Tudo dentro de mim tornar-me candente
Em brasa o fogo precisa me queimar quero
Um fogo escandescente inflamante não
Este fogo de palha que sempre me atrapalha
Mata-me de vergonha quero sentir a
Brasa viva vibrar escarapelar minha pele agatanhar
Minha carne arranhar meu organismo é a
Escarapela que me acordará é a arranhadura
Que me tirará da letargia é o ferimento
Que sentirei prazer em sentir a dor pois deixarei
De estar frente a frente com meus porquês para
Transformar-me num escaramuçador no combatente
Destemido no briguento sertanejo que não mais esmorece
Ao ver escarambar-se a terra ao senti-la gretar-se muito
Secar-se devido ao grande calor desumano do sertão
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