quinta-feira, 22 de março de 2018

Vivo a esgarçar por falta de vontade; BH, 0110160902003; Publicado: BH, 0260202013.

Vivo a esgarçar por falta de vontade
Não sei mais o que faço pois não tenho
Força de vontade já estou quase a me
Conformar com isto já estou conformado
Passei só andar despenteado esgadelhado
Sem ânimo para viver vi abrir barrancos
Diante de mim caí de cima deles não 
Os evitei ajudei escavar minha sepultura
Cavar buraco aonde fui me esconder
Senti vergonha esgaivar minha face
Meu rosto cobriu-se de máscara mortuária
Sou deselegante por natureza totalmente
Esgrouviado nada tenho de semelhante
À beleza do voo duma gaivota sou gordo
Não nasci para ser magro hoje ando bem
Escondido por ser tão esgavoitado como um
Cacho de uvas comprido mas com poucos bagos
Assim também é meu pensamento esgaldripado
Só contribuo para esgaldripar minha mente
Que não sabe gerar nada que não seja
Sofrido tal um esfoladouro um lugar
Sujo como nos matadouros onde os seres
São esfolados inda difícil como casa
Comercial onde tudo é caro com um
Esfingídeo da espécime dos Esfingídeos família
De mariposas de corpo cilindrocônico procuro sair
Só à noite sozinho esfogueado no vinho
Afogueado no álcool apressado sôfrego pelas
Sombras enigmático na luz misterioso
Nas trevas a fingir de esfinge sem ter
Nada de esfingíco só o fingimento a
Falsidade a usar o esfigmômetro para
Medir com que regularidade a covardia
O medo aceleram a velocidade das
Minhas pulsações não tenho coragem de
Enfrentar um esgimógrafo que trace
Graficamente as vibrações das artérias
Corro do pulsógrafo para não revelar o que
Há dentro de mim a palpitação revelada
No esfigmo é a pulsação dum morto é o
Esfervilhar da morte o fervilhar que a
Esfervilhação do espasmo final o latejar
Efêmero da esférula ocular a pequena 
Esfera humana se esvai na brisa do mar
Doutro lado o esculca a espera é a sentinela
O atalaia Caronte a vigia do portal
De Cérbero à espera do seu esculento
O resto mortal alimentício a sobra que
Serve de alimento que alimenta a
Dor o sofrimento que causa a eternidade
No Hades; o túmulo já foi esculpido, o 
Esqueleto esculturado lavrado cinzelado
Pelo esculpidor do universo o escultor
Do coração do buraco negro que veio fazer
A escultura da energia que faltou
Trabalhar em escultura de ânimo esculpir
Um lugar para a ralé para a escumalha
Que o escumador desistiu não salvou
Com a escumadeira nem com a colher
Deixou de lado a concha com os orifícios
Para escumar as almas do óleo quente
Despediu o empregado que tem ofício
De escumar as caldas do açúcar o lago de
Fogo escumante donde sai o rio espumejante
Onde o que tem de espumante é só a lava o 
Efeito escurecedor da cinza do vulcão
Obumbrador da fumaça sombria o 
Obnubilador do simulacro a merda final de morrer 
Sem ouvir o próprio coração o coração da mãe do pai

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