Não vou olhar
Vou deixar a curiosidade
Vir me à tona
Não vou olhar
Sou um cego
Não tenho bengala
Não tenho cão de guia
Não preciso ver
Não quero enxergar
Seja lá quem for
Por mais que queira
Chamar-me a atenção
Não sairei do meu lugar
Não quererei saber
Por mais que esteja para morrer
De curiosidade por saber
Quem é que está lá fora
Quem é que bate no portão
Quem é que arrasta o pé na calçada
Anda a bater os calcanhares
A falar alto a gritar
Aos quatro cantos do mundo
A atrapalhar minha masturbação
Minha única fonte de prazer
De lazer de vibração
Não vou olhar
Não quero ver lá no fundo
Meus espermas morrerem afogados
Na água suja do vaso imundo
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