terça-feira, 2 de abril de 2019

Cheguei ao acme; BH, 0160601999; Publicado: BH, 02801202012.

Cheguei ao acme
O período mais grave
Da minha doença
A inconsciência do delirium tremens
A culminância bestial
O clímax mortal
À morte sem rosto
Face coberta de acne
Moléstia das glândulas sebáceas
Que causa aparecimento
Nos dois lados da cara
De pequenas pústulas
Espinhas de cravos
A morte sem maquiagem
Todo acobardamento do mundo
Passou por meu espírito
Um acovardamento de galinha
Galinha nanica
De fundo de terreiro de quintal
É uma vergonha acobardar covardei
Chorei na presença da morte
Não me quis
Tu cobarde
Meu filho não és
Cobri com o que encontrei
Envolvi com cobertura
O rosto macerado mascarado
Dissimulei a amargura
Não defendi minha honra
Não protegi meu passado
Não cobri-me com o escudo da verdade
Não soube me acobertar
Hoje me vejo lançado
Perdido desenganado
Preste a ser enterrado
Feito um defunto qualquer
Sem ninguém no velório
Uma lágrima de choro
Uma luz de vela
Para iluminar no escuro
Sem uma moeda no bolso
Para pagar o barqueiro Caronte
O trabalho de travessia
De alma tão pesada
Pelo rio frio da morte

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