segunda-feira, 6 de abril de 2020

"Linhas Internas", O lugar onde moro; Publicado: BH, 060402020.

O lugar onde moro
É cheio de podridão
A luz do sol é embaçada
E é cheio de poluição
A mulher não tem amor
E o homem não tem coração
O lugar onde moro
Dá vergonha de ver
Se tivesse muito amor
Muita coisa ia acontecer
Sei que é proibido falar
Mas o que posso fazer
Para poder ficar melhor
Só o amor pode resolver
O lugar onde moro
De inocente só tinha o índio
Que de tão acolhedor que foi
Perdeu o seu torrão
A polícia nem se fala
A violência é sua amiga
E a arma seu instrumento
Que impõe respeito
Fora disso são covardes
E são burros iguais jumentos
O lugar onde moro
Ninguém age com cautela
Tudo é proibido
E o que é nosso
Também tem que ser delapidado
E irmãos que vêm lá de cima do norte
E do nordeste a vida no sul tentar
Dão vergonha de se ver
Para não morrer de fome
Só faltam pedir esmolas 
Sem trabalhos e sem escolas
Sem apoios e sem opiniões
E o meu povo vive com rancor no coração
O lugar onde moro
Vou te contar
Só mesmo o amor faz-me falar
E me segura aqui
Só mesmo o amor
Que não me deixa odiar
O lugar onde moro
Para viver bem
Sinto muito 
Não dá. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário