Que ódio é o que me dá
Que raiva é a que me dá
Não aguento mais
Ler um jornal
E nem suporto mais
Ouvir uma notícia no rádio
Ou assistir à televisão
É só tanta violência
E tanta desgraça
Que cada vez
O ódio aumenta mais
E cada vez a raiva
Consome-me mais
Não sei como existe tanta miséria
Nem sei como existe tanta perdição
E desgraça atrás de desgraça
Junto com corrupção
E o melhor é ignorar tudo isso
E fingir que não vê
O sofrimento de gente a passar fome
E de gente a morrer
Totalmente esquecida e abandonada
No nordeste do país
E virar a cara para o lado
É o que é o melhor
Tapar o sol com a peneira
A barriga a roncar de fome
As doenças a matar os homens
As crianças desamparadas
Nos grandes centros urbanos
Quem é pobre é pobre
Morre à míngua
Sem socorro algum
Muita guerra e muita crise
Chantagem e espionagem
Nem sei mesmo aonde
O homem quer chegar
E mata o seu semelhante próximo
E se esquece de amar
Oh que ódio é o que me dá
Que de raiva vou morrer
Não compartilho mais este mundo
Nem seguir aqui a viver
Agora só sei odiar
Raiva e ódio e rancor e cólera
E de tudo e de todos
E do mundo e da humanidade
E sou um cachorro hidrofóbico
Vou morrer de hidrofobia
Vou morrer de raiva
Vou morrer de ódio.
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