De manhã cedo
Perguntei pelo pão com manteiga
E pelo café com leite
E a mulher respondeu
Acabou tudo em casa
Fui trabalhar de barriga vazia
Mas cadê o dinheiro
Para a condução?
Na hora certa
Saltei pela porta de trás
Trabalhei em jejum
Sem tomar um cafezinho sequer
Sem fumar um único cigarrinho
E na hora do almoço?
O estômago parecia
Um motor de carro velho
Ou um disco de 45 rotações
A emitir sons não identificados
Pelos meus ouvidos
Mas era fome mesmo
E sem almoço
E sem nenhuma merenda
Voltei à casa do mesmo jeito
Que tinha vindo
Após o expediente
E cheguei a arrastar a alma
Pois comer não comi
Não tinha feijão nem arroz
Não tinha nada
Que fizesse calor ao estômago
E noite a dentro
A mulher quis amor
E tive que bancar o homem
E de madrugada
A mulher quis amor
E fizemos amor
O que se há de fazer?
Mas quando foi de manhã cedo
A agonia recomeçou.
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