Não a morte é morta e a morte não é viva não
E nem vivo é o morto que a morte vem buscar
E quando o morto se faz de vivo é para ver se
Engana a morte e perdure um pouco mais a
Perambular aqui pelo limbo e a ficar verde de
Bolor e tudo que um morto que a morte quer
Levar faz é coisa de morto e por mais que o
Morto mofado se disfarce e se maqueie e se
Asseie nada no cadáver adquire aspecto de
Vivo e apela à mão da dissimulação ou da
Falsidade e do fingimento constante que é o
Fator predileto do morto aos olhos dos
Semelhantes e cotidianamente só a se fingir de
Vivo e às vezes consegue iludir até a própria
Morte morta quando o quer levar por
Companhia e um morto é antes de mais nada
Um louco que fala com paredes e paredões
E com pedras e pedreiras e com rochas e
Rochedos e morros e montanhas rochosas e
Cordilheiras nevadas e chapadas de mármores
E outros abismos de fendas abissais donde se
Ecoam as letras e as palavras eternais e deixa
Que os mortos enterrem seus próprios mortos e
Deixa que os loucos curem as próprias loucuras
E pegou aqueles espíritos que moviam os
Mortos e os loucos numa vara que se lançou
Nos precipícios e deixou o dono da vara com
O prejuízo na mão e os mortos seguiram
Vivos no meio dos mortos? e um morto nunca
Aprendeu a ser solidário a outro morto e vêm
Daí a fome e a sede e a pobreza e a miséria e
A desgraça sem a misericórdia desta vida.
BH, 0130202020; Publicado: BH, 0120502022.
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