Ainda bem que tenho a válvula de escape
E a saída de emergência que são estes dons
De dominar está caneta revolta e esta pena
Rebelde que saem aleatoriamente a regurgitar
Letras e palavras indefinidas e que nunca
Serão lidas e nem terão menções ao Prêmio
Nobel de Literatura e mesmo assim ai de mim
Vanglorio estes dons que estão em mim e que
São uns dons de escritas sacrificantes e
Que teimam em vão como um manufaturador
Anão sacripanta ou um padeiro com a massa
Nas mãos e dá forma ao pão e são uns dons
De gentes antigas e que não existem mais tais
Antepassados e ancestrais e que resistem em
Mim sem nem mesmo saber porque e deixo
Levar-me letra por letra e palavra por palavra
E a lavrar expressões idiomáticas e a definir
O que as línguas irão falar ou o que os olhos
Irão ler e sei como essa mosca que perturbar-me
Aqui agora que não ganharei nada com isso e
Que nada deixarei aos filhos e aos descendentes
E infelizmente é a única coisa que sei fazer bem
Ou mal mas mais mal do que bem e nada mais
Quero a não ser isso e a assinar esse escrito roto
Mas que pertence a este devoto escravo cativo
E que escreve noite e dia sem parar e que não
Tem nem tempo para ler tudo que já escreveu
Durante toda a vida da criação do universo e
Ver se pode chamar de vida quem escreve verso.
BH, 0230202020; Publicado: BH, 0130502022.
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