O passado é uma âncora amarrada nos pés
E uma bigorna presa no pescoço e uma
Pedra na consciência e uma pedreira nas
Costas e o passado é um cavalo selvagem
Veloz sempre em atropelos aos nossos
Calcanhares e o abrir de fendas de abismos
Nos rochedos e valas de enxurradas nas
Pradarias e avalanches de rochas rolantes
Nas falésias e o passado é um cão raivoso de
Três fauces a morder nossa nuca a espinicar
Nosso cérebro e a dilacerar nossa garganta e
Os amadores não mandam mais o passado de
Volta aos seus teores e nem sabem aprisionar
Em caixotes invioláveis as reverberações
Nefastas ou as trepidações nocivas que o
O passado nos traz com tremuras em nossas
Gélidas mãos e falta de ar e frios na barriga
E nuvens de nebulosidades nos intestinos e
Quando o passado é um mau passado não há
Nada que o faça enterrar ou o esconder ou o
Tentar vencê-lo ou a um passe de mágica o
Fazer desaparecer de repente como um bom
Passado desaparece de nossa frente e nem
Perturba a nossa mente e não se fala em
Cura ou em remédio para um caso dum mal
Passado que sabe ressuscitar todos os dias
Como um Lázaro assombroso e a nos meter
Terrificações e a nos fazer sentir tenebrosos
Com as memórias e as lembranças e as
Recordações que tentamos enterrar sem sucesso.
BH, 050202020; Publicado: BH, 090502022.
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