E há os que tiram leite da rocha
E água das pedras
E vida dos desertos
E faz aair maná dos céus
E eu não
E tiro letras das águas
E palavras do fogo
E poesias do ar
E poemas da terra
E sangue do éter
E apascento rebanho rebelde
Nos campos das vertentes mais verdes
E desfilo nos desfiladeiros pensamentos de
Geleiras seculares
E canto odes infinitas nos
Paredões dos despenhadeiros
E mergulho eco nos abissais abismos
Imaginários das abscissas
E não me perco nos subterrâneos sem fundos
Dos mais longínquos universos paralelos
Para arrumar versos nunca dantes imaginados
E guio minha nau catarineta
E meu navio Argos com tripulação argonauta
E minha jangada de nióbio
Pelos oceanos das lágrimas
Dos negros africanos
E das mulheres sacrificadas
E das crianças violentadas
E não fico satisfeito pois são tantos defeitos
Que impedem minha perfeição
E latejo meu coração nas pontas
Das lanças de lajedos dos malfeitores
E não vou longe com os meus suores
E meu sangue é pouco
Para o sangue derramado da humanidade
E não faço um pacto pela raça humana
E não caso com um ser humano
E meu olhar de gelo congelou a paisagem
Numa cena cinzenta
Num cenário que tem o céu por moldura.
BH, 060110220; Publicado: BH, 0230602022.
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