Na rua da amargura a poesia não me procura
E na ansiedade mato o poema sem densidade
E no beco escuro do gueto não rimo num soneto
E na angústia abandono o universo não imortalizo
Um verso perco a eternidade entre os dedos
E deixo de mão a posteridade e meu coração é uma
Couraça de armadura medieval e meu cérebro
Nada eletrônico é um encouraçado Potenkin duma nave
Espacial e uma nau interplanetária cuja bateria
Já está arriada e nem a energia solar a recarrega mais
E abro as velas seculares das velhas caravelas
E os vendavais doutras dimensões não as inflam
E nem as impulsionam e não voo do mar Mediterrâneo
Aos Andes e nem navego dos Pireneus ao mar Egeu
E quando é nas Montanhas Rochosas manhã
Quero chocar letra por letra como uma galinha morta
E engravidar palavra por palavra como numa
Gravidez psicológica e não engendro pensamento
Com um sequer discernimento e olho as pradarias
Vazias e desço as falésias como um soldado universal
Às praias dos oceanos e mais distante está o horizonte
E lamento não ter nascido para mim que não
Nasci para ninguém e nem nasci para nada e muito menos
Para alguém e a poesia que imaginei amamentar
Um dia a mato de fome e de agonia ao fitar a natureza viva
Que me expõe às galerias como uma natureza morta.
BH, 01501601002020; Publicado: BH, 0210602022.
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