no escuro corredor da morte não há luz no início
nem no meio
e nem no fim
e no vão da escada sem corrimão
só o abismo do espaço aberto
e uma alma pendida na corda bamba
oscila entre a fenda
e o lance seguinte sem reguinte de cabeça contra a parede
que resistiu ao tempo sentado no meio do corredor
como se fosse sem querer saber de nada
e o autista ignora a si mesmo
e despreza tudo que se pensa que não se deve
desprezar
e não sente nem o sofrimento que causa aos
outros
e doente sem cura
e com secura bebe pouca água
e respira pouco
e soluça muito
e debate sempre como se tivesse
um motor de vento em popa de bonecos de
animações em portas de lojas de varejos
e miudezas
e sem gostos
e sem sentimentos
e sem sentidos
e sem falas
e sem dores
e na solidão desconhece o amor
e a paz
e a amizade
e vontade
e poder
e potência
e até estas letras
e estas palavras ficarão ignoradas pelo varão
que nunca teve uma varoa
e é casto como um catão
ou o vento
e é límpido
e transparente como uma lágrima pura de
diamante raro
e é poeta morto
e é uma elegia
e agita os braços brancos de neve de cordilheira dos andes
e resiste com os ossos nobres feitos dos
mármores selecionados das montanhas
e é filho de titãs de elfos de ninfas de duendes de libélulas de polifemos ciclopes que habitam
o ventre sacro da terra
BH, 01901102020; Publicado: BH, 0270602022.
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