Poesia ninguém sabe
Poeta ninguém é e
Poema ninguém tem
E como se pode ter algo metafórico?
E como se pode ter algo abstrato ou
Diáfano ou oblíquo ou inorgânico? e
Se poeta é ser despreendido ou a poesia não
Possuirá sabedoria e o poema não
Terá discernimento e será reprimido
E cheio de pranto e sem canto e ferido
E velho e agora senil o poeta que teve a
Vida toda para aprender e se encaminha
Para a última jornada do jeito
Que nasceu e com mãos inúteis e
Vazias e será jogado em cova rasa
Sem uma alma sequer para chorar
De pena e não teve ninguém para gostar
Dele em vida e a poesia não gostou e
O poema não gostou e só a hipocrisia
O achacou e leva para o caixão o
Vácuo da vida e a densidade da morte
Eterna pois não soube imortalizar nem o
Nada e não soube eternizar o eterno e
Nem soube levar para a posteridade a
Poesia ou uma obra que deixam a dor
Em alguém ou a saudade ou a melancolia
Pela partida e no outro dia já terão
Sido esquecidos poeta e poema e poesia
E a porta da casa é a serventia e
Saiu de casa e não deu boa-noite e
Não deu boa-tarde e nem deu bom-dia
E nas rodas dos que ficaram era visto
Como um comum que não soube fazer as
Horas e pisava nas flores das floras dos
Jardins e colocava fogo nas matas e
Trabalhava para o mal como um
Saci-Perere sobrenatural.
BH, 0130402020; Publicado: BH, 020602022.
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