e penso que acho engraçado pai na filosofia
na psiquiatria
na psicologia
e teima
e rumina
e tal uma cobra enrosca aqui
e acolá
e dá voltas
e voltas
e torna a voltar
e fecha os olhos
e torna a abrir
e boceja
e coça o saco
e coça a bunda
e se concentra como se estivesse a pensar de
verdade em algo sério
e finge que não é onírico
e finge que não é utópico
e finge que é estoico
e rabisca garranchos
e mais garranchos em folhas
e mais folhas de papel
e aos sussurros
e aos soluços
e aos murmúrios
numa hora ora
noutra reza
e faz prece
e apela a nomes de filósofos
e clama por um tal de freud
e vem de lacan
e depois jung
e piaget
e apela aos santos
e santas guerreiras
e guerreiros pretos-velhos
e pretas-velhas
e mães
e pais de santos
e lamenta lamentavelmente
e lamuria
e chora a reclamar que não consegue gerar uma
única obra-prima
e fico a rir de contentamento do desespero do
pai sem dó sempre que o vejo desesperado
e chego ao auge com o desprezo
e a indiferença de mãe
e é um clímax ver o velho frustrado caído
alquebrado sem alquimia caixa de pandora
e panaceia para o panarício e abandonado até
pelas tais musas da poesia
e pelos deuses dos poemas mas é teimoso
e não para ao preencher mais uma lauda
BH, 0200802021; Publicado: BH, 0150702022.
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