E será que vivi mesmo todos esses sessenta e Cinco anos?
E nem sei mesmo se vivi e nem
Posso confessar que vivi e houve um poeta
Que disse confesso que vivi e houve um
Bêbado que disse confesso que bebi e penso
Que estou mais é do lado desse bêbado
Inveterado e confesso que também bebi e na
Minha ignorância bebi até álcool com caldo
De cana e confesso estupidamente e bebi rabo
De galo que era a mistura de todas as bebidas
Alcoólicas que tinham numa venda e bebi
Cachaça com tira-gosto de banana que meu tio
Manoelzinho me dava e bebi tanto uma vez na
Casa dum português que tinha uma coleção de
Garrafas com raízes de todos os lugares que nem
Sei como sobrevivi para confessar e olha que fui
Lá para conhecer e namorar a filha e me perdi
Nessas beberagens e sexagenário e mais alguns
Cinco anos e ainda não aprendi e em vagabundagem
E em vadiagem ainda bebo todas e nem preciso
Mais confessar tantas malandragens e outras
Tantas molecagens e também pudera ao ter por
Referências todos os velhos safados e tarados e
Sacanas e canalhas do mundo e não poderia nunca
Ser um velho de boa cepa de asilo e de albergue
E de igreja e de capela e estou sempre escorregadio
Às ruelas de fundos do sub mundo imundo e aos
Muros escuros dos becos onde sempre tem um
Cospe grosso ou um copo sujo ou um corpo de
Carne moída e estou ali encosto num encosto e
Só a madrugada para me arrastar de volta ao
Lar a falar e a cantar sozinho pelo caminho ou
A chorar de mansinho para não acordar as
Mariposas pousadas nas pétalas das flores escarradas.
BH, 02001102020; Publicado: BH, 0230902022.
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