ou ectoplasma dum aedo da grécia
ou da roma antigas
e assombração dum trovador da época da
idade medieval
e espectro dum gondoleiro no hades
e passageiro da barca de caronte
e me vejo todo dia cara às caras com as caras
de cérbero
e fazemos caretas um para outro
e perde sempre a brincadeira
e a minha carranca põe as carrancas do cão
para ganir
e de olhos no espelho
e não senti medo nem de virar estátua
e de máscara de desconfigurado desconfiado
de entidades que encontro nos cemitérios
onde habito
e dos entes das encruzilhadas onde são
depositados feitiços
e oferendas
e sacrifícios
e pós jogados com rezas
e amuletos e imagens
e textos apócrifos
e poesias profanas
e poemas sânscritos
e sonetos malditos
e ossos roídos
e esqueletos moídos
e caveiras trituradas
e cinzas de cadáveres incinerados em unas fúnebres
em esquifes de chumbo
em ataúdes de diamantes
em criptas de cristais
e segue-se o féretro
depois da procissão do enterro
e cada letra fúnebre
e cada palavra fenecida é uma crônica ferida
ou uma prosa maldita na alma esquecida no limbo
BH, 01401202021; Publicado: BH, 0150902022.
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