dispersei espesso mas não gostei de ser grosso
e gostei do gosto do caule de pólen
e do favo de mel
e do cálice de néctar
e beija-flor
e abelha vou a voar de flor em flor
e de pétala em pétala sem desfolhar nem as
asas bato para não espantar as joaninhas os
besouros
e a esvoaçar meio borboleta quando bebo umas
e outras
e babo beiços
e lábios sem rumo mas deus ao bêbado dá tema
e dá lema
e prumo
e ao barco sem vela na madrugada dá leme
e remo
e na bonança não perco a bóia da esperança
e de cais em cais
e ancoradouro em ancoradouro
deixo um verso de ouro
e uma âncora de prata numa angra de baía de
marina
e pesco poemas coloridos
e jogo a rede
e vem cheia de poesias escritas nas paredes
das ondas dos oceanos
e nos tubos
e cristas de montanhas que se desfazem nas
areias das praias dos mares mas ficam
eternizadas nas retinas
e escoadas nos labirintos dos ouvidos
e nas linhas dos horizontes das folhas que
descem dos montes como se fossem ovelhas
e carneiros que voltam ao aprisco para passar a noite
e ao alvorecer retornam quando é manhã nos
verdes campos
e às águas refrigeradas
e tranquilas escolhidas pelo bom pastor que
livra dos espinhos mais afiados
e dos espinheiros mais traiçoeiros
e armadilhas
e arapucas
e cutelos afiados dos sacerdotes que querem
degolar em sacrifícios os cordeiros
e os carneirinhos distraídos pelas florezinhas
BH, 0210102022; Publicado: BH, 01101002022.
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