e no silêncio da sala do barracão
não oiço nem os arroubos do meu coração
e nem ausculto as equalizações do meu
organismo
e os passos ao vento
e as tosses
e pigarros
e escarros
e os sons estrondosos das gargantas profundas
alheias dos semelhantes
e só de muito distante me vem do além para o
aquém algum augúrio dum alguém
ou dalgum sabe-se lá quem se fantasma
ou ectoplasma se assombração
ou energúmeno se mentecapto
ou espectro dalguma entidade se imagem de anjo
ou de demônio se simulacro não sei
e nem sei só movo a mão acorrentada
à está esferográfica
e sangro de hemorragia em hemorragia
e não estanco o sangue que é desperdiçado
pois não aparece nenhum vampiro desesperado
para aproveitar o sangue coagulado
e se o terreno ainda fosse terreiro de terra
massapê
e de terra nobre
e fértil muitas pérolas raras germinariam à flor
do chão com tema
e com lema
e sem dilema
ou mistérios
e sinistros
ou enigmas que
decifrações causariam mortes
e infelicidades
e cada gota de sangue seria dum poeta morto
e cada flor vermelha seria duma poesia
e cada pétala imortalizada seria dum poema
e os fósseis resgatados das gavetas dos
tempos pré-históricos seriam relíquias nas
molduras nas paredes
e nas pilastras
e nos pilares do firmamento do universo
e cada um com um silêncio novo de
catacumba de faraó em sarcófago de ouro maciço
BH, 0130102022; Publicado: BH, 01601102022.
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