que a minha obra-prima me venha a mim do além
a me trazer a alegria de elaborar uma poesia
já tentei de tudo todos os dias mas quando
o ser não tem o dom fica só na tentação a gerar em vão
o fútil do inútil nem o poema o tira do dilema
ou se não consegue o lema perde o leme o remo
a embarcação vai a pique sem o registro para a história
sem ser laureado em vida para a glória pois por
mais que a entidade tente não há nada que a ajude
o ente fica doente sem o antidoto destila o veneno
come o pão temperado com o suor do ódio
o amargor da mágoa não há doce do açúcar
mais doce que seja paliativo rumina adjetivos
masca superlativos vomita o que não queria
pois os críticos dizem que não é poesia os que
têm diplomas não reconhecem os poemas
o ser raro escarnecido segue esquecido no aquém
há décadas aqui a esperar a obra-prima vir do além
porém o universo reverbera nem vem que não tem
não nasceste para ser alguém que apte às reminiscências
dos poemas ou às incomodações das poesias
ditadas das profundezas das gargantas em hemorragias
BH, 050702023; Publicado: BH, 0150802023.
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