segunda-feira, 8 de setembro de 2025

não lembro mais de nada quero recordar

não lembro mais de nada quero recordar
já não consigo quero viver uma nostalgia das
antigas noites dos idos dias a memória morreu
a recordação escafedeu a lembrança virou
andança longe nos tempos quando era criança
tranças cachos carneirinho todo mundo me
tratava com carinho dizíam os mais velhos
que me conheciam guardado num armarinho
num bazar da bagunça butique nada chique
antiquário precário brechó de mossoró venda
sem renda aonde andarão minhas avós meus
avôs seu nestor dona naninha dona madinha
coração conceição seu donato nato da áfrica
na veia sangue forte preto do norte pau de
fumo na mão aqui encaro patrão soldado
delegado capataz capitão do mato enxada
picareta enxadão faca atolada facão mão de
pilão aqui não é zé ninguém nem zé mané é
foice martelo marreta sexta-feira esmaga
crânio de caveira calcanhar encravado em
cabeça de serpente cobra coral cabra da
peste negra preta rebelde pau rolou
navalhada aqui é terra do povo sem medo
povo que mete medo na burguesia na elite
no sistema opressor aqui é povo senhor
acabei por lembrar do meu papel libertador

BH, 040602025; Publicado: BH, 080902025.

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