com o passar do tempo do peso da idade da consciênciacomeço a embodocar-me a arquear o corpo a curvar
a coluna a arrebitar os nervos agora a aumentar
a embófia no cultivo da impostura da empáfia vãs
meu mundo é uma embolação a dor como se tivesse
saído dum embolar de touros pelos quais fui pisado de
todas as maneiras assim a causar esta embolofaria
acompanhada de interpolação na linguagem de palavras
sons sem significados na embolofrasia também sem
sentido direção como a da embololalia duvidosa sou
hoje um navio no estaleiro a esperar uma embonada
igual ao conserto feito exteriormente num navio já
estou a vazar água há muito tempo por todos os póros é
hora de alguém embonar-me ou reforçar o meu casco
o amanhecer do embonecamento ou do primeiro
aparecimento das bonecas do milho já se foi no entardecer
que antecede ao anoitecer que gera o amanhecer
o embono da noite chegou em queda livre com peso de
toneladas em queda livre no vácuo a embonada me
pegou desprevenido nada pude fazer para ajudar-me
meu corpo velho veio virar de boca para baixo o
esqueleto estava de bruços o cadáver era de quem veio cair
de borco de quem jaz porco morto pela embarcação
peguei então a sacola dentro não havia nem ar peguei
então a cevadeira saco que se coloca focinho das bestas segui
de embornal sem destino não soube poupar a vida não
aprendi a dizer não a economizar sim não tenho dom de
quem sabe colher para si os louros das vitórias das
oportunidades adquiridas só soube meter no bornal erros
só sei embornalar falhas defeitos malfeitos como alguém
que vai pelas ruas nas madrugadas de bar em bar a se
alcoolizar sem motivo a embriagar-me sempre foi o meu
sentido a embebedar-me para depois ficar deprimido a
emborrachar-me para poder espantar o medo a covardia
vim vi não venci como quem veio viu venceu vim como quem
veio para sujar-se com cinzas dos vulcões dos planetas
pré-históricos a emborralhar quem estiver em minha companhia
ao dar a primeira carda à lã ao emborrar afastarei este escurecer
que acompanha-me dispensarei este emborrascar de procela
ai aí curarei as feridas ninguém mais irá dizer vá encher-se de
pústula sujar a carne noutra carne enxovalhar o ser
noutro ser encher o espírito de porco espinho noutro
espírito de porco espinho encher de tortelas a alma noutra alma
doente a embostelar com o entorpecimento dos sentidos da
inteligência hoje o torpor é pior do que o embotador que
embota os fios dos instrumentos cortantes a embotadura da
navalha ainda rasga o bucho do regaço das putas a garganta
das meretrizes para embotar o uívo das quengas de dor
do lobo ferido que sou com os espinhos do pecado já embutidos
na carne introduzidos na medida penetrados na entranha
embrechados nos nervos a pele é a embreadura da vergonha
só a morte pode comover-me só sei enternecer-me com o
sofrimento nenhum sentido me faz flexível sei que é difícil tornar-me
um brando um rústico não sabe embrandecer é o que
mais perturba-me embriaga inebria com a ilusão é o que embebeda
com o fel do ódio embriaganre embriagador com o silêncio da
mensagem muda que ao embotelhar a lançar ao mar não
sabe aonde chegará é o náufrago a engarrafar seu
pranto a meter em garrafas seu grito de sos em botelhas as
esperanças perdidas quer embotelhar o universo a pensar
na salvação quer engarrafar o mundo para chegar ao mundo
quer embotijar a ignorância para não mais embrabecer sem
motivos basta de zangar até com o ar que se respira chega de
enfurecer a entrar em guerra a embrabar à toa à toa a se
embravecer com os fracos os pequenos ao se tornar brabo
com os covardes medrosos é o mais fácil que se pode fazer
desforrar em quem está preso numa embraçadeira
em quem traz os pés amarrados numa braçadeira é
tomar pipoca da mão de macaco pirulito da mão de criança
quero sustentar numa embraçadura a humanidade para
livrá-la do fim quero embraçar a raça humana para
salvá-la por isto uso estas poucas palavras de poucas letras
é bom segurar com o braço o irmão a embraçar o semelhante
é sutil o embrace o laço com que se segura a cortina da janela
ou cama para não embraiar o quarto a sala também não deixar
embramar o lar a família ou embrechar as paredes introduzir
o amor a paz assim embridar as divergências enfrear
os desequilíbrios o sonho é embrincar a embriogênese a adornar
a embriocardia a enfeitar o ritmo cardíaco que pela ausculta
lembra o ritmo do coração do feto do êmbrio do embrião
embriológico embrionífero a embriopatia doença pertinente
rubeólica associação de debilidade mental em grau variável
microcefalia catarata surdez manifestações extra piramidais
malformações cardíacas frequentes em consequência da
rubéola adquirida pela mãe durante a gestação particularmente
nos primeiros meses é o que só aumenta para insensibilizar
a endurecer as veias por onde corre o sangue empedernis
as articulações a empedernecer para empeçonhetar ao não desobstuir do empecilho a
manter o obstáculo o empeço todo empecilhador
obstruidor natural que trazemos dentro de todos nós
enfim um dia viver livre do empecível ou distante
do empecivo é este o sonho da herança que não seja maldita
BH, 03105040602000; Publicado: BH, 0160402025.