Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
morri não vi pai ganhar o tal prêmio nobel de literatura
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
já fui lá ontem não preciso ir hoje
segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
lua lua lua lua que saudades de ti estou aqui
domingo, 14 de dezembro de 2025
OBRA-PRIMA DE ALDIR BLANC E JOÃO BOSCO, INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS:
Dotô,
jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.
Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.
Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar
Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar
Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar
Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá
Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,
Mas veste o casaco veste casaco prá me atazanar
E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar
Ai, quero me separar
Sextina passo a passo, de Silvane Siveira Fernandes.
Como vento entre folhas da estação,
Sentimento vívido, plácido amor,
Marejados, lágrimas entre os olhos,
Sem regras, roteiro deixou no passado
Impressões que carrega por toda vida,
Vai-se-me a esperança e fica o passo.
Nas areias e mares sigo meu passo,
Tempo, contemplação em cada estação,
Momento, o destino unindo vidas,
No encontro, na calma daquele amor
Gestos nobres que ficaram no passado,
Lembrança do encanto de seus olhos.
Na manhã doce e fresca em teus olhos
Continuo sem medir, sigo e passo,
Na escuridão lembranças do passado,
Recomeços rumo à nova estação
Carregados de nostalgia e amor,
Será sentimento para toda vida?
Margens do rio, calmaria da vida
Cheias de encantos refletem seus olhos,
Depois da paixão que queima, vem o amor
Livre, confiante, elegante passo,
Conforta, acolhe em toda estação,
Saudade que segue seus passos, passado
Perguntas sem respostas se fez passado,
Flores brotam, rebrotam — jardins da vida,
No caminho que escolho, mudo o passo,
Tempo, dúvida como nova estação,
Em teus braços certeza reluz nos olhos,
Nossa união, memórias do amor!
Sem carinho, relação ficou sem amor,
Caminho seguiu, tudo virou passado;
Ser triste ou feliz? … escolho o passo
Na água corrente levando a vida,
Sem sol, girassol diante de seus olhos,
Rio secou antes da nova estação.
No céu estrelado, passado de amor,
Na nova estação brilho em meus olhos,
Entre o céu e a terra, passo — vida.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
DIVAGAÇÕES, LLEWELLYN MEDINA:
Divagações
A vida é curta
e a certeza de nossa finitude
mas há tanta vida nela
a manhã de sol entrada
tenuemente pela fresta da janela
o espreguiçar da alvorada
a bocejar em dó menor
lá fora tanta coisa (não)acontece
tanta coisa bela
o besouro contra a vidraça
o besouro contra a janela
a noite na Austrália
lembra Ismalia
Ismalia não é boa lembrança
melhor lembrar Amélia
e ainda não cumprimentei o sol
mas a cabeça já está tão cheia
("o que você tem nessa cabeça irmão")
amenidades platitudes
disciplinada sucessão
escovar os dentes
fazer a barba
bateria de remédios pra antecipar a vida
(ou a certeza de nossa finitude)
cumprimento o sol
numa sucessão inexorável
banho frio pra'cordar os sentidos
banho quente pra'dormecer os sentimentos
lembrança pra expulsar o esquecimento
o dia vai no rabo da manhã
na América expulsaram os imigrantes
(crise em Governador Valadares)
"Paris é uma festa"
minha terrinha também
todos correm pra Paris
"A torre Eifel alastrada de antenas como um caranguejo"
fogem de minha terra
(também fugi)
perdida nas dobras dessa misteriosa Minas
a manhã escorre mansamente
(espero que seja possível a manhã escorrer)
a lembrança foge ariscamente
o dia segue "impávido colosso"
vou a contragosto
é custoso lembrar
(relembrar sangra)
contar as estrelas
fugiam de meus turvos olhos
luta titânica entre lembrança e esquecimento
pensou nos amores vencidos
esqueceu-se deles todos
entranhados nas dobras de sua lembrança
depois tem a primeira declinação
o começo rosa rosae
o final a tabuada de nove
o dia vai a galope
a rapidez de Hermes
tanta contradição no dia
pagar contas um tormento
senha pra guardar
abracadabra esquecimento
o sol a cento e oitenta graus
a notícia de que Israel quer transformar
Gaza num belo e bem verde campo de golfe
não me conformo
Josué cercou e tomou Jericó
mas Jericó fica na Arábia
"o lugar que não existe"
deve ser o fundamento pra tomar Gaza
Gaza existe em meu solidário coração
o dia escorre celeremente
talvez possa dizer
o dia "vai fondo"
como se diz em meu estranho país Minas Gerais
lá nos arredores de Patos de Minas
e seja o que Deus quiser
a tarde vem morna e desafiadora
seu espírito precisa flanar
lembrar das coisas esquecidas
a cor dos olhos de seu amor de juventude
(e que Machado apelidou a todas de Capitu
e aquele russo que a Revolução expulsou
chama de LO-LI-TA)
a vida pode ser complicada
e você nem percebe
a tarde chega fininha
o cantar dos passarinhos
na gaiola da vizinha
varanda silencia
na Austrália "brother"
é manhãzinha
pensamentos vem de lá pra cá
perdem-se seus pensamentos
pensamentos vão amanhã
a vida continua nela mesma
(aliás a vida simplesmente continua)
assim as coisas são
difícil é reconhecer a natureza delas.
terça-feira, 9 de dezembro de 2025
meu coração é um jardim suspenso da babilônia
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
abduzido em coma induzido alcoólico anônimo
A HISTÓRIA DUM FILHO DA PUTA DURÃO, CHARLES BUKOWSKI:
os mortos vêm correndo de lado segurando anúncios de pasta de dente,
os mortos ficam bêbados na véspera
de Ano Novo
satisfeitos no Natal
gratos no Dia de Ação de Graças
entediados no 4 de Julho
vadiando no Dia do Trabalho
confusos na Páscoa
sombrios em enterros
fazendo palhaçadas em hospitais
nervosos no nascimento;
os mortos compram meias e calções
e cintos e tapetes e vasos e mesinhas de centro, os mortos dançam com os mortos
os mortos dormem com os mortos
os mortos comem com os mortos.
os mortos ficam famintos contemplando cabeças de porcos.
os mortos ficam ricos.
os mortos ficam mais mortos.
esses filhos da puta.
este cemitério acima do solo.
Uma lápide para a bagunça, eu digo: humanidade, você entendeu tudo
errado desde o começo.
Charles Bukowski.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
se chegar à tua casa na sala cair morto
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
penso que quem é extrema-direita ou direta
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
clima de velório no mundo sem ode à alegria
RAIZA FIGUEIREDO:
contemplativa
pelo direito à pausa
e não fazer nada, no correr das horas
são tantos estímulos
mensagens, demandas e notificações
na sociedade da pressa
a filosofia escreve sobre o cansaço contemporâneo
e freud, se estivesse vivo
falaria da aceleração, como mal estar da civilização
que aumenta a frequência cardíaca
e o fluxo dos pensamentos
tensiona os músculos
e adoece as vísceras
[mas a pausa está em tudo
nos ensina a professora natureza
na noite, no inverno
nas sementes e nos animais que hibernam]
descansar é revolucionário.
…
um corpo feminino
experimenta muitas formas, linhas, curvas
e marcas no correr dos anos
o ganho dos kg na balança
e a oscilação
ora para mais, ora menos
os hormônios e o tempo passando nas células
em cada parte
os músculos da face, tronco e membros
desenham infinitas possibilidades de expressão
sorriso mostrando os dentes ou de boca fechada
ambos de orelha a orelha
o olhar que muda no jeito de rir
e os olhos ficam mais apertados ou maiores
em cada parte do corpo
há muitos caminhos a serem conhecidos
no correr dos anos
um mergulho dentro de ti
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
sozinho na melhor companhia dum homem a solidão
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
notivago madrugada adentro
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
pela primeira vez na vida acordei olhei para os céus
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
minas gerais com a doença eczema não é para surpreender
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
terça-feira, 25 de novembro de 2025
que pensamentos bonitos pensam os passarinhos
segunda-feira, 24 de novembro de 2025
alguma coisa precisa acontecer no meu coração
domingo, 23 de novembro de 2025
a democracia chega ao fim quando a humanidade
sábado, 22 de novembro de 2025
és o anticristo? não sou o anti religião o anti igreja
sexta-feira, 21 de novembro de 2025
é uma pena a religião necessária mais do que a educação
terça-feira, 18 de novembro de 2025
não suporto nem compartilho nem curto estilos
domingo, 16 de novembro de 2025
ROBERT DESNOS, (O DORME ACORDADO), CONTO DE FADA:
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
GUILLAUME APOLINAIRE, A PONTE MIRABEAU:
E os nossos amores
Hão de voltar
Recordo
Após a pena a alegria vem
Os dias vão-se eu fico
Enquanto por baixo
Da ponte dos nossos braços passa
Um olhar eterno de ondas lassas
Os dias vão-se eu fico
O amor vai-se
Tal qual a vida é lenta
E a Esperança é violenta
Os dias vão-se eu fico
Nem o tempo passado
Nem os amores de outrora
Voltam mais
Na ponte Mirabeau fica o silêncio
Os dias vão-se eu fico.