sexta-feira, 11 de abril de 2025

a sentir-me crustáceo animal artrópode mas de casco desprotegido

a sentir-me crustáceo animal artrópode mas de casco desprotegido
falta-me pôr uma carapaça de quando se perde a coxa com o
tempo vem outra no lugar rasteja na lama só ouço falar desde
coroinha menino que ajuda no ritual da missa entre outros da
igreja reacionária conservadora da região da coroide opaca
deficiente da membrana conjuntiva dos olhos cegos grandes
mortos secos gordos entre a eslerótica a retina a impedir a
passagem nítida das imagens das mensagens ao cérebro quando é
feito um levantamento coreográfico do ser quando é feito um
estudo detalhado da geografia do ser como a dum país duma
religião chega-se à conclusão que a corografia da religião
é coroar na lama criar conservadores reacionários onde
tudo são pecados sujos impuros a cingir a si mesmo com o
impedimento da vida a servir de remate para a morte a
rematar com êxito a ignorância a concluir que criar não é o
caminho da salvação mas sim a destruição até da felicidade a
elevar aos céus a dignidade de reis ou de papas a ornar na parte
superior com a auréola da falsa santidade da discriminação da não
aceitação do ódio ora se para viver em comunhão com a
religião terei que transformar-me num religioso livrar-me
então do meu coroamento da minha coroação a santo
faço só o ornato superior do edifício nem a coroa de louros quero
a triunfal que era oferecida aos heróis na grécia ou roma antigas
não quero glórias nem tampouco grandes honras a acabar como
a laranjeira de flores artificiais que simbolizavam a
virgindade que não existe mais a adornar a cabeça das noivas
em primeiras núpcias já a de espinhos que puseram em cristo
jesus gostaria de ostentá-la essa seria o meu troféu despojo de
inimigo vencido objeto exposto em público em comemoração de
vitória a representação dos atributos peculiares a uma
ciência ou arte em pintura ou escultura independentemente da
relação com a religião pregada por trogloditas que vivem
em cavernas interiores dentro de si que vivem debaixo da
terra ainda são membros de seitas de igrejas de tribos pré-históricas
compostas de pessoas abrutalhadas hoje sou pessoa de certa idade
à procura da verdade bem mais do que  verdadeira da liberdade
maior do que o remate do limo que ainda não quero carregar
comigo o conjunto de flores entrelaçadas em círculo com que se
homenageia um morto sem modéstia pretendo viver muito
longe da unidade monetária de diversos países a servir de peça
geralmente circilar denteada de engrenagens que fazem
funcionar bem o organismo nas entranhas nas medulas  nos tutanos
quero criar em mim só nomes de várias plantas de várias flores
a abominar o dente artificial douro ou de porcelana fixado à raiz
dum dente natural a vangloriar a liberdade duma boa boca banguela
livre da parte do dente que fica fora do alveólo a refletir muito
muito muito a luz igual a face superior do diamante lapidado
livra-nos senhor da tonsura dos eclesiásticos não nos transformes
em seres religiosos qtrazem à cabeça objeto circular que lembra
esse ornamento de santo não nos deis prēmios honras
distinções insígnias de soberanias nem pensar nobreza que
não seja a da burguesia realeza que não seja a da elite nada de
distintivo ou enfeite dá-nos só o dom de sermos unanimemente
a uma só voz ao mesmo tempo seja nos estribilhos dos hinos louvado na espécie na espécime tal cão nas
igrejas donde se canta uma música para ser executada ou cantada
em conjunto só o coro só o ser ou não ser cantam juntas as almas
nas bacias ainda presas nas reverberações com a mesma dor do
cornudo  do marido enganado que tem cornos que a mulher
com uma cornucópia da mitologia grego-romana tirou do lar
o atributo da fartura o símbolo da boa agricultura do bom
comércio a quebrar o vaso com essa forma que se representa
transbordante de flores de frutos de frutas é duro o apêndice
ósseo ou caloso ou imaginário colosso de mais ou menos
recurvado que guarnece guernica a fronte de certos animais
de quase todos os ditos homens com seus chifres cornos
chavelhos de cabeça de marido de adúltera o ornato original que se
assenta bem sobre o friso é uma obra-prima de arquitetura cornija
de ornamento saliente que acompanha uma porta janela ou móvel
na parte superior comemorada chamada pelos cornetim ou
pequena corneta com chaves claves salves salvas de palmas

BH, 020120200; Publicado: BH, 0110402025.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

póstumo mais morto do que o morto nunca mais

póstumo mais morto do que o morto nunca mais
quis saber da vida dos vivos pois para que morto
vai querer saber da vida dos vivos? a vida acabou
há muito tempo até para quem pensou que viveu
que sabia viver que era feliz riu gargalhou orou
rezou amou odiou ora bolas já passou da hora
agora caramba carambola raios que me
partam
partam sem mim sonos sonhos ideias ideais desejos
que nunca os tive arre canibais hienas carniçais
partam sem o meu cadáver não quero companhia
dentro do meu caixão não me segurem pelas alças
do esquife sem enterro sem procissão sem féretro
partam diabos velhos tanto quanto sou mais velho
joguem cachaça de cabeça na cabaça ou na moringa
água ardente forte de primeira ainda quente não
esfria na cuia enche o coió o coité espante a cúria
roda pião bêbado peão mão no pé do pilão damião
cipião cipriano cosme todo mundo sebastião expedito
judas cambadas de bagunças dos batuques das
batucadas nas madrugadas dos tantãs das cabeçadas
roda rudia folia maria bacia gamela taramela
pote poté sou negro preto sarará do gueto calu vou
voltar da escravidão capataz para comer teu cu no tição

BH, 03001202024; Publicado: BH, 070402025

sexta-feira, 4 de abril de 2025

ai quem me dera ser um cometa ser um astro luminoso

ai quem me dera ser um cometa ser um astro luminoso
errante periódico que deixasse sempre saudades lembranças
pela elipse muito alongada que descreve em torno do sol
ai quem me dera ter a vida do caixeiro viajante que
deixa sempre à sua espera um peito arfante um coração
ofegante cheio de angústia na alma um olhar cheio de
lágrimas que se transformam em êxtase de alegria com
a chegada algum dia do ente que me deixou a esperar
ai quem me dera cometer levar a efeito a praticar
numa noite de muito prazer a satisfação duma mulher
que trago escondida no coração é o meu bem vem me atacar
municiada de beijos me acometer tentar me desarmar sem
empreender nenhum ato de violência ai quem me dera
meu deus quem me dera um comentimento um empreendimento
que me levasse ao seio dessa mulher que trago na comezaina
da minha alma decadente na refeição insuficiente que
minto que é abundante ser do meu espírito de pensamento
comezinho fácil de entender simples de tão elementar essa
comichão no ser essa coceira de vencer esse desejo ardente
de poeta esse comichar de poesia me faz causar devaneios me
faz sentir cômico àquele que não entender a comicidade da alegria
que carrego dentro de mim alegria de comício de reunião
de cidadãos em local público para tratar de assuntos de interesses
gerais ou de classe alegria de candidato com a certeza de sair
vencedor dum pleito nada tenho no que faço que seja relativo
à comédia não faço nada que seja ligado ao ridículo próprio
para despertar o riso igual a um palhaço faço sempre algo
fenomenal sei que o de mais fenomenal que faço é a poesia
a poética que respiro a comida que vivo que alimenta-me como
aquilo que se come serve para comer igual a mulher com a qual
a gente mantém as nossas relações sexuais a mim em minha
companhia a meu respeito de mim para mim comigo mesmo
rio aristotélicamente por dentro sou uma comilança só
tenho o hábito de comer muita cultura por dentro dou
gargalhadas sou um comilão queirm ou não queiram deus me
deu o dom de escrever não me deu a bunda o rebolado do
é o tchan não me deu o corpo da feiticeira nem da tiazinha
não me deu o futebol do romario o rebolado do xandy do harmonia
mas das letras faço qualquer palavra qualquer palavrão
faço qualquer frase das frases qualquer verso dos versos
faço quaisquer estrofes das estrofes poesia das poesias completo
a poética no dia a dia dos meus dias nessa profecia sou um
craque sou um pelé sem um ato de cominação sem
prescrever castigo cominar uma pena ou ameaçar com ato
cominatório o mais simples cominho a mais tenra planta do planeta
seja da hortense da família das umbelíferas seja da usada como
codimento nos temperos das nossas vidas aí ai quem me dera
ter comiseração a aprender a me comizerar a ter compaixão
comoção em meus atos a me comover com a dor alheia
quero sofrer abalo manifestação de sensibilidade quero
fazer um motim sentir revolta com a miserabilidade com
a comissão que tem a missão o encargo junto com grupo de
pessoas encarregadas de tratar em conjunto determinado
para barrar o sofrimento que órgão das assembleias legislativas
não servem nem para estudos dos projetos de leis não quero 
pagamento nem gratificação proporcional não quero cargo nem
exercido em caráter temporário quero só o fim de tudo que for ruim

BH, 02101102000; Publicado: BH, 040402025.

se não parar de comer vou morrer sei que mastigar é o meu defeito

se não parar de comer vou morrer sei que mastigar é o meu defeito
engolir é o meu pecado maior tomar alimento sólido a me alimentar por gula é a
minha perdição o meu gastar em alimentação é de destruir roer de indignação
não sei viver sem absorver sem sugar sem chupar todo tipo de comida o dilapidar o
estrupar sem oprimir sem omitir só não aconteceu no meu copular é que parece que
até a minha libido já devorei perdi a posse dela por não ficar de posse das pedras ou
figuras dos meus adversários nos jogos de damas xadrez ao soprar para encher a pança
sou capaz de ganhar ilicitamente de roubar por comida um prato comercial em qualquer
comércio da fome não mata a minha o comercialista a pessoa versada em direito do
tipo comercial se tivesse o meu apetite teria que procurar outro modo de comercialização de tornar comerciável dar a um produto características que o tornem fácil vender comerciar para aumentar a renda a comercializar a arranjar mais lucros que superam toda a coluna a ser gasta em mantimentos se não parar de comer sei que posso virar um pilar arquitetônico de forma
cilíndrica ou qualquer monolito semelhante a essa estrela fluido ou massa disforme igual cada uma das diversões verticais de páginas 
de jornais ou alguns livros repletos de matérias supérfluas engorduradas série vertical de algarismos todos menores do que 
zero grupo de soldados em linha com todo o conjunto de objetos empilhados fora de linha
se não parar de comer não sei o que será de mim de minha coluna vertical o conjunto de vértebras superpostas não suportará  o peso
do meu conjunto banha a baomética formada pelo mercúrio no tubo do termômetro estourará com a colunata a série
simétrica que os depósitos não aproveitáveis exercem sobre o nosso corpo no próprio comunismo na atividade do colunista o jornalista que mantém seção especializada em periódico notamos o instrumento que indica relação de companhia o modo a ligação com a cozinha onde o ato se não for feito com moderação acabará a me levar ao
estado mórbido caracterizado pela perda dos
sentidos só mantidos a respiração a circulação se não parar não cortar a cabeleireira não fazer uma vírgula um intervalo igual ao musical entre duas notas
se não abrir aspas tal o sinal gráfico acabarei
por entrar em coma daí para a morte ser a minha comadre ser a minha madrinha como em relação aos pais da pessoa batizada a mãe em relação aos padrinhos dessa parteira não diplomada mulher faladeira
urinol chato para os doentes que não podem
levantar-se serei um triste comandante que não comanda o oficial que não tem um comando militar que perdeu o título que dá aos oficiais superiores da marinha não
saberei nem comandar dirigir como chefe ou superior não saberei mandar determinar os
movimentos as operações mecânicas sem exercer as funções falirei como comerciante no comércio difícil o negociante que não
aprendeu a comerciar a negociar com o empregado comerciário a permuta comerciável a compra a venda de produtos
de valores será toda insuficiente à minha classe tornará as minhas relações sexuais ilícitas é de fechar o apetite o que o cara come ali extraordinário nunca vi ninguém emagrecer ao comer assim formidável o apetite do mortal ali se não parar com o de comer o de beber com as comidas as bebidas
rápido ráoido rapidamente rápido irá abandonar o portal da comestibilidade passará à qualidade de comestível o que os
vermes comem virará alimento dos parasitas
das trevas nas noites das eternidades

BH,  02101102000; Publicado: BH, 040402025. 

o ser humano quando pensa cria um abismo

o ser humano quando pensa cria um abismo
um poço sem fim de dúvidas um precipício
de empecilhos um cânion íngreme árido
cujas incertezas impedem a esperança a
confiança a fé o foco pois a humanidade
quando não pensa perde a humildade perde
a raça humana vira político fisiológico ou
polícia militar ou soldado das forças
armadas ou então banqueiro ladrão ou
empresário predatório inescrupuloso do
agro ogro das finanças sonegador de
impostos negacionista terraplanista
antivacinas é realmente um perigo quando o
ser humano não pensa a raça humana não
faz nem ideia do risco que corre da
fatalidade iminente não pensou matou
morreu se tornou o mau fez o que é o mal se
transforma numa maldade teima nos vícios
nos erros nas imprudências nos lucros a
quaisquer custos não importam o meio
ambiente a fauna a flora a natureza a água o
ar nada importa aí vem a maior loucura da
humanidade da raça humana maluca do ser
humano lunático viram religiosos crentes
católicos evangélicos afins é a perdição total
não tem mais volta da degradação do
primitivismo medievalesco inquisição
simônia fogueira fornalha feudalismo caça
às bruxas o ser humano quando não pensa o
resultado é o pior possível é catastrófico joga
no chão os pensamentos luminosos os ideais
desvirtua as ideias utópicas diálogos
dialeticos éticos filosóficos filosofias choca
ovos de serpentes liberam monstros mortos
dos pântanos fantasmas vampiros heresias

BH, 0230302025; Publicado: BH, 040402025.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

não adianta mesmo se vivesse cem anos nascesse de novo tornasse a viver cem anos

não adianta mesmo se vivesse cem anos nascesse de novo tornasse a viver cem anos
jamais adquiriria consciência nem plus minunsve ou mais ou menos seria capaz de
assimilar um pouco de consciência razão ou virtude se alguém dissesse  primus inter este
é o primeiro entre seus iguais a adquirir consciência a verdade é que esta não seria
a verdade verdadeira não existiria igual ao estróncio elemento químico metal símbolo Sr
de peso atômico 87,63 número atômico 38 do latim strntium que é uma realidade é um fato
universal a estroncianita mineral atorrômbico carbonato de estrôncio usado
na refinação de açúcar na preparação dos sais de estrôncio também o estrompido do
barulho do grito estrépito do eco do uivo o estampido do estouvado o bronco ingrato o
parasita estúpido que deixa o semelhante esfalfado o contato humano deteriorado
gasto o círculo de convivência como deixa estrompado todo aquele que tenta se
aproximar do estrômato ou do estroma conjunto de filamentos do micélio dos fungos que se entrelaçam a formar às vezes
contextura carnosa coriácea ou lenhosa
aí então que refugio no arcabouço conjuntivo dum órgão feito um estromáteo
desconhecido sem a denominação dum gênero de peixes do mar sem classificação
sem definição a ação do estrógeno termo genérico que designa os hormônios femininos
que sofrem com o estrófulo dermatose papulosa pruriginosa frequente nas crianças
sei que isto aqui nada tem de estrófico porém
preciso esclarecer que se não honrei meus pais não honrei meus irmãos não honrei minhas mulheres meus amores amigos pelo
menos aos meus filhos terei a obrigação de honrar pelo menos para ter a utilidade do
estrofonato planta medicinal  da família das apocináceas de que se extrai a estrofantina
glicorido de grande eficácia como tônico cardíaco se não honrei meus colegas meus conhecidos meus parentes mesmo que fique 
estripado eviscerado na batalha destripado na guerra desventrado na luta terei que fazer de tudo para honrar os meus filhos
posso me sentir um estróbilo um fruto composto de escamas como a pinha mas liderarei um estroço sem enxame de abelhas
africanas que se mudou para outro cortiço vazio em defesa da honra dos meus filhos
podem estringir-me apertar-me o pescoço circundar meu corpo limitar minha voz ou
fazer-me ingerir estrionina alcaloide semelhante à estricnina também extraído da noz-vômica a strychnos nuxvomica que nada
impedirá-me de fugir pela estrinca espécie de escotilha por onde passa a amarra para ir
em busca de forças que me farão honrar meus filhos meu zumbido será estrilador terei um grito reclamador um aspecto zangado de estrigídeo de teor relativo aos estrigídeos espécime de família de aves representada pela coruja pois de poeta de médico de louco todos nós temos um pouco
no mundo são somos bilhões de poetas de médicos de loucos não dá para estrigar um doutro a separar a atar em estrigos todos
nascemos com algo semelhante é impossível anastrar a assedar o ânimo na hora duma intriga é impossível demonstrar um semelhante estrigado feito deestriga macio
acetinado quando se trata de defender a família a nossa porção de nós de linho do melhor que se põe duma vez na roca para
fiar na hora do meu quero estar estriduloso pelo menos aparentemente sob o efeito do estricnismo conjunto de fenômenos resultantes do uso indevido da estricnina só me prenderão nas estribilhas tábuas com que
o encadernador segura o livro quando o cose fora disto é pau puro não deixar diminuir de
atividade nem arrefecer não deixar desvanecer
a fúria nem estrecer a raiva é para impressionaar causar tal impressão como a
um estreante pessoa que faz ou usa alguma
coisa pela primeira vez novato estratosférico principiante mirabolante embalado por um 
estrato-jato motor a jato sem peças móveis com funcionamento baseado em compressão em explosão do ar atmosférico na câmara onde é injetado o combustível pode vir todo o poder estratográfico desafio-o com toda a estratografia a descrição do exército do que lhe pertence enfrentarei até a estratocracia o
governo militar toda qualquer preponderância do elemento militar desde o stratos grego que quer dizer exército no kratein a governar mas se ficar quieto ninguém me tirará do meu estado de espírito
estrato-cúmulo terei o nome dado ás grandes nuvens na função do estratígrafo versado em estratigrafia também na geológica dos terrenos estratificados vagarei de estratígrafo à nefelibata de fábula à realidade de estrapilho maltrapilho andrajoso
mendigo esfarrapado àquele que possui o bem de não possuir nenhum bem

BH, 0230402002; Publicado: BH, 030402025.

se tivesse escrita estrondeante letra ribombante texto barulhento

se tivesse escrita estrondeante letra ribombante texto barulhento
com palavras demolidoras só sairia pelo mundo a estrondear a justiça a estrondar o
valor de ser justo a ribombar com estrondo o bom da liberdade pous gosto de fazer grande ruído vem de mim estampido barulho igual a um grabde leviatã  estrondoso estrondoso a sair do meio do mar estrepitoso na procela barulhento na borrasca mas quando chego à
rocha viva faço uma rodilha ponho cabeça como um atlas quero carregar o mundo nas costas limpar com esfregão o lado escuro da lua secar o mar com pano de limpar a louça aí estropalho a estropiação da humanidade a mutilação do ser humano a aumentar o flagelo do homem a deformação que o deixa estropisdo cansado de viver fatigado de amar trôpego na vergonha de fazer o bem aleijado de natureza por dentro por fora deformado pela ignorância mutilado pela estupidez não posso ficar preso preciso fugir deste estropo que é a vida esta braçadeira de ferro fixada por parafusos aos extremos dos braços tal conector ou motor da locomotiva que dilacera a intenção de viver mata o desejo todo o intento interior ou exterior natural a vontade da alma o propósito do espírito é estranha esta vida coisa difícil engrenagem ruim complicação de estrovenga defeituosa pena que o meu coração já aprendeu a bater diferente bate barulhento mas de medo modo de tristeza é gritante mas de covardia um estrugidor silencioso terreno de estrumação da semente do ódio bombeia para estrumar a ira a raiva contida na estrumada cada palmo uma meda de estrume uma quantidade do estrumoso imprestável um pedaço aduboso donde não renasce uma flor tenho o pranto rumorejante por isto mas não é rumor de regato ou riacho não é estrupidante feito fogo da paixão da fé não é estrutural nada tem com respeito a estruturalista fico indignado por não ter o sangue agitado ou o peito ardente em febre quaisquer febres fico revoltado por não ser fervente nem estuante não me conformo nem me sinto satisfeito como um estucador aquele que trabalha em estuque pois quero trabalhar em carne osso nervos sangue pele suor abrir como estucha as entranhas usar peça de ferro ou madeira que serve de cunha para desalojar a medula quero introduzir é um ferro em brasa na minha mediocridade fazer penetrar fundo dentro de mim a sonda que lançará para fora a ignorância quando atuchar para dentro o ilibado saber a estuchar o tição da inteligência serei um estudado na sabedoria instruído na maior das virtudes preparado para morrer mais do que para viver examinado por mim mesmo por dentro por fora deixarei de ser artificial virtual de mentirinha enfim conhecerei a mim todos saberão que esta será a minha diligência saberão que é nisto que terei aplicação grandeza de estudiosidade minha mente precisa crescer deixar de ser um estufim meu cérebro não pode ser chamado de estufa pequena frágil como uma redoma ou um caixilho envidraçado para cobrir plantas minha boca precisa parar com o estultilóquio dos meus lábios não mais sairão palavras estultas sim um falar estuoso muito quente cheio de definição per si por se mesmo sem influência alheia serei a persona grata à pessoa grata igual à que é usada na frase em diplomacia para indicar que a pessoa indicada para o cargo é bem aceita pelo governo que geralmente é a verdadeira persona non grata de mim então poderão dizer um dia espero pertransit benefaciendo passou pela vida a fazer o bem pois o bom placet agrada até aos inimigos até os adversários o respeitam venci a estreitura do meu quinhão sem canhão passei na estreiteza do fundo da agulha meu caminho foi feito de estreitamento aperto de nó sofrimento meu céu nunca foi estrelante ornado de estrelas muito menos brilhante refulgente igual a gordura quente na estreladeira frigideira para estrelar ovos se o passado para mim não foi estrelário no futuro não espero estrelejar só continuar a ser esta estrelinha na escuridão este asterisco insignificante esta insuficiente massa para sopa este fogo de salão nasci limitado em tudo até hoje sou dividido em milhões de pensamentos demarcado porde complexos que nem o freud conseguiu decifrar estremado nos atos nos gestos nos jeitos não tenho a firmeza do estrém preciso da força calebre ser firme tal cabo de âncora o estrelo animal que tem estrela na testa não é tão estremecido quanto sou assustado não muito amado tremido com sina de estrige um vampiro banguela feiticeira sem vassoura foi mocho coruja sem igreja suindara para estrepolia bulha de bebedeira travessura de bêbado causador de desordem nas palavras conflito nas letras tropelia no argumento estripulia no discurso não sigo confiante um estremenho de estremadura de portugal mas voo mais do que o estrepsíptero espécime dos estrepsípteros ordem de insetos endoparositos de pequeno tamanho é o que quero aqui reproduzir algo de mim um clone copiar um desenho de luxo estresir um novo ser não estressar nem causar estresse em mim para provocar respostas do organismo às agressões devido a soma das perturbações orgânicas ou inorgânicas psíquicas provocadas por diversos agentes agressores traumas emoções choques cirúrgicos intoxicações fadiga exposição ao calor ou ao frio em tempo estresse é aportuguesada do inglês stress palavra proposta pelo médico suéco h. selye estribeiro tem a seu cargo cavalariças cochos arreios encontra para mim uma vaga na estrebaria não sei estribilhar nem repetir como estribilho meu lugar é aqui nesta pobre manjedoura no lugar de jesus cristo

BH, 0190402002; Publicado: BH, 020402025.

O MELHOR DO SOUL:


 

terça-feira, 1 de abril de 2025

a alguém que se tornou distante pro domo sua

a alguém que se tornou distante pro domo sua
que em beneficio de si mesmo da sua gente quero
neste texto emerso que emergiu do fundo das minhas
entranhas que saiu da emeticidade da minha medula
com capacidade de provar sste vômito literário
esta emetina de alcaloide também extraído da ipeacuanha
deste émero de nome duma planta leguminosa
chegar ao auge de escritor emergente resultante duma
tentativa ofegante procedente duma teima que não tem
nada de edificante decorrente duma busca utópica dum sonho
que surge que aparece tem ganância de realidade de ementário
da verdade rol livro caderno de ementas memórias póstumas
ou não lembranças mortas ou vivas que nunca perde a vontade
de ementar cada vez mais a vontade de apontar um ideal
de anotar una ideia cotidiana para que um dia aconteça um orgulho
de relembrar o passado pro forma por mera formalidade não quero
aqui da emenologia dos estudos ou dos conhecimentos sobre a
menstruação suas perturbações pretenderia ser mais ameno não
emeno ou emmenos que é o grego que forma o elemento de composição
que exprime ideia de mensal menstrual de emênico que me caberia
como algo referente à menstruação só a condição emendável tão certa quanto ela que é o costume da escrita que mantenho tão suscetível de emenda ou não pois é um que emendador de valor remendador de modelo corrigidor corregedor de exemplo de conduta corretor que pode ser usado para todos os fins até como emenagogo medicamento que provoca a aparição do mênstruo para quem achar ruim desculpa esta técnica de embutidura esta prática de marchetatura onde palavras que não têm nada com nada vão ser colocadas sou um embutidor igual a um marchetador macetador quero sempre algo introduzido num escrito escuro obscuro inseguro penso sempre em ver matchetado um termo diferente macetada uma mulher indiferente sumido que poderá ser resgatado neste embutido que apresento a ti a vós a me a mim assim mas não  tenho proh pudor não penso em vergonha por querer criar uma alma embutideira uma literatura de peça de ourives de ficção para fazer botões de sinos azuis em relevo pro rata em proporção procura afastar o que resta de chantagem engano falsidade embustice que são comuns na humanidade que só servem para emburricar o ser humano ao deixá-lo cada vez mais emburrado amuado com a vida zangado com a pau aborrecido com a religião rompe o embuço deixei cair a parte da capa com que cobria o rosto desfiz-me da máscara da dissimulação rasguei o disfarce exponho-me agora despido cuspido não sei mais lograr ninguém não quero mais iludir não preciso enganar pôr o buçal ou embuçalar ao semelhante aquele ser embuçador já morreu aquele ente de ser velhaco que era já enterrei na terra do cemitério da serra não sou mais aquele cavalo selvagem da montanha de montaria que expõe o buçal aquele embuçalador que veio para fazer bruxarias a enfeitiçar com intrigas a embruxar com calúnias agora que a luz chegou a energia revigorou o ânimo nada mais irá unuviar-me ou toldar-me o sol a tirar-me o sal da pele ou ainda fazer escurecer o céu azul a amargar o céu da boca não deixarei jamais embruscar o meu firmamento fincado no infinito com a ignorância é por isso que faço tal empacotamento cultural para romper a aurora a contenda a desvendar o enredo a abrir o involucramento todo total tudo qualquer embrulhando rasguei a obra opus dei o papel do empacotador tirei o holofote do intrigante emudeci o mexeriqueiro o enredeiro ficou sem responsabilidade não existe mais necessidade dum embrulhador todo aquele que se sentir embrulhado abre a janela se estiver metido num invólucro abre a porta não fique intricado confuso desate o nó cego do embaraçado górdio ponha oenganado no caminho certo alivie o enjoado a brutalidade é para embruacar colocar a estupidez em bruacas a emular o estúpido é para se sentir embruacado metido mesmo em carne de osso em bruaca por ser falso por não deixar de ser mentiroso por fazer questão de se sustentar embromeiro embromador oficial se o atalho enredado difícil volte para não ser logrado o espírito não deve ser enganado triste do homem que ainda passa por embromado com engano logro embroma melhor seria ser exterminado pelo embriótomo instrumento com que se procede à embriotomia operação cirúrgica que consiste em fragmentar o feto no útero para tornar possível sua extração nunca mais se veria um infeliz a respirar este ar de agonia esta angústia soberana esta ansiedade extrema que incapacita até o experiente com a resposta definitiva duma vida melhor

BH, 0300502002; Publicado: BH, 01⁰0402025.

sexta-feira, 28 de março de 2025

fantasmas de fantasias sonos de sonhos

fantasmas de fantasias sonos de sonhos
espíritos de quimeras almas a devanear
por aí em seios de devaneios que
sofram uma devasse de sindicância
dum ato criminoso com processo que
contém as provas dos atos como uma
propriedade aberta ou franqueada à
vista ou ao acesso de todos como o
posto a descoberto seja devassado o
congresso que só sabe fantasiar em
causa própria sonhar para si mesmo a
imaginar o que é de bom de bem do
melhor aos apaniguados das casas a
esquecer do povo trabalhador brasileiro
ou da nação trabalhadora brasileira ou
do operariado que não é emancipado
que só sabem pedir devagar pelos
direitos agir vagarosamente sem pressa
não expulsa o deva da elite o gênio do
mal da burguesia fora da religião do
masdeísmo malditos políticos também
banidos do deuteronômio do quinto
livro dos pentateucos quiçá de todos
menores do que o deuteron o núcleo
do átomo do deutério menores do que
a partícula da fusão dum próton com
um nêutron cada um carrega o seu
deuterígamo se casa pela segunda vez
ou mais a primeira com a esposa a
segunda com o poder a corrupção o
dinheiro a ganância a ambição a
mentira a traição a falsidade a causar
um deus-nos-acuda no país uma
desordem na nação um tumulto no
coração do povo que vivem ao
deus-dará à toa ao acaso à ventura à
mercê dos acontecimentos de ter que
sustentar corja tão grande de párias
parasitas vermes sanguessugas inúteis
fúteis vãos que não têm nem a função
do deutério isótopo estável do
hidrogênio de número de massa 2
símbolo D ou H² à nossa deusa  não
cada divindade feminina do politeísmo
não à mulher adorável por sua extrema
formosura porém nossa pátria mãe
gentil os quais só sabem deturpar só
sabem manchar conspurcar só sabem
corromper descaracterizar a alterar a 
realidade só vivem para a deturpação
própria para os demais semelhantes só
deus o princípio supremo que as
religiões consideram o superior à
natureza o ser infinito perpétuo
perfeito criador dos universos que é
Objeto dum culto dum desejo ardente
que se antepõe a todos os outros
desejos ou afetos que está de déu em
déu de casa em casa  a vir de todo de
tudo dum lugar para outro é que nos
livrará desse detrito desse resto de
resíduo de substância política imunda

BH, 070402001; Publicado: BH, 0280302025.

diftérico é um texto teso relativo à difteria

diftérico é um texto teso relativo à difteria
doença infectocontagiosa ainda hoje
caracterizada pelosa fenômenos em
formações de falsas membranas na
garganta no nariz o erupe o garrotilho
a difratar a fazer a difração o desvio
da luz ao bater os seus raios na
superfície dum copo d1água pois o
que quero mais é difluir pela vida a
fora correr louco como um líquido a
espalhar-me a espelhar-me a
derramar-me como lágrimas sinceras
na chuva assim agora depois disso
só quem sabe qual é a verdade? qual
é a minha verdade? a verdade a meu
respeito a doer no meu peito a doer
em mim ou não já que não sou o
caminho nem a verdade nem a vida
quero saber qual é o caminho qual é
a verdade qual é a vida? quero só a
verdade sobre minha natureza minha
vida meu caminho minha verdade
quero é saber sobre minhas coisas os
meus princípios sem dificultar sem
tornar difícil custoso de saber ao fazer
por onde encontrar as respostas sei
que não vem através dos ventos da
rosa dos ventos já escutei o vento
ouvi os ventos um por um não me
disseram nada algo veio pôr
impedimento veio complicar fazer a
dificuldade aumentar o vento passou
a soprar não soube assimilar as suas
letras as suas palavras sou o próprio
obstáculo de mim a situação crítica
caótica a própria qualidade do difícil
do que não é fácil do que custa a fazer
certo o certo de custoso a entender de
trabalhoso a compreender a interpretar
ai quem me dera o instinto
do leão da montanha

BH, 060402001; Publicado: BH, 0280302025.

quarta-feira, 26 de março de 2025

monte de cinzas dum pedaço mastigado

monte de cinzas dum pedaço mastigado
de coração caído no chão que arrancaste
com golpes violentos ao matar minha
alma esmagaste minhas carnes alma
nua destruíste meu corpo nas tuas
carnes tentei resistir foi em vão pensei
que meu amor era mais forte do que sou
deixei-me envolver fizeste o que bem
quiseste mastigaste-me todo não me
engoliste me deixaste jogado na calçada
triturado até os ossos sem palma sem
nada fiquei na vida a tenta te esquecer
hoje cada minuto que passa quando
lembro de ti um pedaço de corpo morto
a vagar pelo espaço dum universo sem
amor onde um homem viveu uma vida
para amar uma mulher que o reduziu a
um monte de cinzas que o vento espalhou

RJ/SD; Publicado: BH, 0260302025.

chega ao anoitecer

chega ao anoitecer
vai embora ao amanhece
veio para me corromper
a mocidade para me tomar
a vida sugar minha alma
a me roubar a primavera
faz de mim o que bem quer
como um ser domador fica
a me matar de amor me 
joga no meio da rua lava
as mãos em meu sangue
toda noite marca meu corpo
toda manhã me beija na boca
quando me ver chega ao 
anoitecer vai embora ao
amanhecer com seu amor
selvagem arranca meus
olhos com seu olhar
amassa minhas carnes
com sua mãos é o fogo
que me invade o ser
é a mulher por quem
quero morrer

RJ/SD; Publicado: 0260302025.

a resposta ao homem que pensa que sabe tudo

a resposta ao homem que pensa que sabe tudo
ninguém sabe nada passo o tempo a afirmar a
falar a escrever bobagens que não têm valor
na vida de hoje nada tem valor nada é perfeito
passo o tempo a fumar a meditar mil coisas
que me deixam maluco lunático nas nuvens
nunca chego à uma conclusão certa cada vez
fico com a cuca mais fundida com grilos pelos
pântanos mentais pois sei que não saber nada
hoje em dia é difícil sobreviver só se chega à
uma confusão digo para todos a comunhão
está no amor na paz perguntam-me aonde
anda o amor agora? não sei responder sinto
que o amor fugiu do homem o homem fugiu
do amor a pensar que sabe tudo que não
precisa amar corre atrás de fama de dinheiro
fácil igual à uma puta louca o homem é uma
meretriz louca uma prostituta mercenária sou
um louco também não sei de nada nem sei
quem sou nem o que quero não conheço
ninguém nem a mim mesmo ou ao mundo
não sei viver nem conheço a vida sacerdote
deixo bem claro se for um momento de
lucidez a resposta para nós está no amor

RJ/SD; Publicado: 0260302025.

sexta-feira, 21 de março de 2025

JÁ CLAREOU, ANTÔNIO CANDEIA FILHO:

Já clareou já clareou

Portela voltei pro meu amor

Já clareou

Já clareou já clareo

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Volta a corda pra caçamba

Volta o padre pra capela

Volta o luar para a lua

A jangada para a vela

O remador pra canoa

O parafuso pra arruela

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor.

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Andei batendo cabeç

Reco-reco tamborim

Eu bati você bateu

Mas a magoa chega ao fim

O rio voltou para o mar

Você voltou para mim

Mas já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Ah veja que clareou

Já clareou já clareou

Portela voltei pro meu amor

Quem fala tem água na boca

Quer ficar no meu lugar

Bom malandro não dorme de touca

Não dá papa a Zé Mané

Você voltou para mim

Voltou o garfo pra colher.

Olha já clareou

Já clareou (lindo, lindo, lindo) já clareou

Portela voltei pro meu amor

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela, voltei pro meu amor

solitário lobo da estepe

solitário lobo da estepe
que quer sair da solidão da solitária
para trabalhar num projeto
de vida além da morte
morto cadáver já aqui jaz
veio no esquife do aquém
quem diria defunto a querer
fazer poemas com alegria
nem sabe que a maravilha da poesia
sem fantasia espantalho sem maestria
com azia comeu pão dormido
fantasma destemido bebeu leite azedo
ectoplasma sem segredo
não tem um mistério para contar
não sabe fingir
só quer enganar
ninguém mais leu uma linha
quanto mais paralelas no infinito
horizontes feridos pelos raios disparados
pelos sois dos universos diversos
diz os versos que direi se sabes dizer
o que queres dizer
todo mundo já disse de tudo neste mundo
na próxima geração
todo mundo do mundo mudo
cada um a arrastar uma capsula que é um caixão
câmara mortuária
num féretro de enterro coletivo
o último não garantirá a evolução da espécie
o bloco de rocha se transformará num bloco de gelo
cometa escuro apagado no céu escuro
a solitária solium no organismo do solitário
preso na solidão da solitária
a roer o que restou
pois é tudo que a um verme resta fazer
um poema réquiem
uma poesia in memoriam
um soneto póstumo
a morte da liturgia da antologia

BH, 01801202024; Publicado: BH, 0210302025.

domingo, 16 de março de 2025

em princípio nada pessoal pois

em princípio nada pessoal pois
o pessoal não é mais pessoal
virou impessoal talvez um
fantasma nu um peso na consciência
ou um remorso ou arrependimento
de quem diz não dá para continuar a
viver na melancolia na solidão na
tristeza sem alegria aonde anda a
felicidade da humanidade? para
israel é despedaçar humilhar
homens mulheres crianças queimar
vivos com as bombas lançadas em
cima de casebres em nome de deus
logo de deus tantos outros nomes
sórdidos por aí não querem é usar o
genocídio é em nome de deus do
capitalismo colonialismo
imperialismo ou de toda a maldição
criada pelo próprio ser humano a
raça mais impura a raça humana
manas manos não somos mais
irmãos não somos mais irmãs não
somos mais semelhantes amor
perdão senhor não há mais a quem
apelar para a paz quando pensamos
na paz são eleitos os escolhidos
senhores das guerras das armas da
fome da injustiça da violência que
não sabem que quem guerreia pela
paz a verdadeira paz nunca há de
ter esquecemos desse princípio
salve meu mestre nunca ouvido de
muito já esquecido antônio candeia
filho que o bom deus o tenha sempre em
bom lugar no fundo do seu coração um
dia também vou para lá para encontrarmos

BH, 090302025; Publicado: BH, 0160302025.

MICHEL BURKS AND LUCKY PETERSON:


 

quinta-feira, 13 de março de 2025

URUBU - Antônio Carlos Jobim - Urubu

tentou contra a existência

tentou contra a existência
num humilde barracão
joana de tal
por causa dum tal joão
depois de medicada
retirou-se pro seu lar
aí a notícia
carece de exatidão
o lar não mais existe
ninguém volta ao que acabou
joana é mais 
uma mulata triste que errou
errou na dose
errou no amor
joana errou de joão
ninguém sentiu
ninguém notou
ninguém morou
na dor que era o seu mal
a dor da gente não sai no jornal

terça-feira, 11 de março de 2025

chorei chorei de dor chorei pelo meu amor que a morte levou

chorei chorei de dor chorei pelo meu amor que a morte levou
era o único amor que tinha agora fiquei órfão sem amor só
com a dor sem paz a perguntar por que não fui no lugar do
meu amor que soube amar? fiquei aqui nem sei para que se
sem o meu amor não importa mais viver sem meu amor que a
morte me fez chorar de dor pois chorei quantas vezes chorei
muitas vezes vou chorar pois não terei mais nada para amar
nem a mim mesmo nem ao próximo nem à mulher do
próximo mesmo quando o próximo não estiver próximo não
quero mais amar a ninguém se for para amar para a morte
levar a me deixar não quero mais amar só chorar como chorei
chorei de dor chorei pelo meu único amor que a morte levou
sou cão danado agora sou cachorro louco melancólico
ninguém precisa saber de mim lunático não quero saber de
ninguém nem de mim quanto mais do alheio quanto mais do
semelhante deselegante ou do meu assemelhado primata
quantas vezes me dispus no lugar do meu amor a me
sacrificar a me imolar a me flagelar a me amputar como uma
puta a me lançar fora da ampulheta como numa punheta mas
que nunca nunca fosse o meu amor no meu lugar nunca nunca

BH, 070202025; Publicado: BH, 0110302025.

terça-feira, 4 de março de 2025

escrevo versos

escrevo versos
escrevo versos contra o imperialismo
escrevo versos contra o capitalismo 
fazer o que escrevo versos contra
o neoliberalismo a globalização
escrevo versos contra as elites
a burguesia o militarismo os militares
seus golpes contra a democracia
quem necessita de militares apátridas
vira-latas lesa-pátria entreguistas?
escrevo versos contra a plutocracia
o mercado financeiro que mata de sede
de fome de frio de violência
escrevo versos contra o racismo
o nazismo o fascismo as religiões
os bancos o sistema sanguinário
o que que se salva hoje na era moderna?
há como não se sentir vazio?
é a única saída escrever versos?
alguém aí quer saber de versos?
deveras a verdade não impera
o dinheiro compra a verdade
os versos são jogados no lixo
não dizem nada esses versos mudos
não dizem nada esses versos surdos
mamãe papai encontrei uns versos no lixo
que luxo minha filha leia para nós
escrevo versos

BH, 030302025; Publicado: BH, 040302025.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

NUMA MADRUGADA, NUM BAR DUMA QUEBRADA, UM CARA ME DEU A DICA: HUNGRIA. As Melhores Músicas Do Hungria Hip Hop

nas últimas esta nossa geração já está nas últimas

nas últimas esta nossa geração já está nas últimas
nas cordas na corda bamba no chão do ringue
depois dum direto fatal letal que a espatifou o
queixo foi a nocaute esta nossa geração já passou
da hora agora é dar a vez à geração vindoura à
nova geração que venha sem negação que venha
cheia de gás ânimo disposição para a luta fé foco
sem preguiça sem azar com sorte com vida sem
morte com norte se chegar com o rabo entre as
pernas adeus viola se chegar intimidada no
primeiro sapeca ai ai da vida abre o cadeado não
fecha mais aí é levar gol fácil nas costas do destino
no contrapé é levar frango toda hora goleada vaia
zoação da torcida doméstica surra da torcida
adversária fora as bolas fora os pés enrolados nos
tapetes tropeções nos carpetes pescoções
mata-leões dos seguranças balas perdidas forjados
das polícias desprezo da burguesia humilhação da
elite então nada de dar mole aos vira-latas de plantão
nada de abanar o rabo se abaixar demais mostra a
bunda para sobreviver é dar uma de cão danado
cachorro louco com raiva com cólera é fazer por onde
ser respeitado respeitar a aplicar a mais importante lei
de newton bateu levou com troco graúdo sem miúdo

BH, 0110202025; Publicado: BH, 0280202025.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

sozinho não tenho mais esperança

sozinho não tenho mais esperança
de seguir caminho velho leão na
pata o espinho não encontrei o
àndrocles para retirar o cardo ou
o cravo espetado na mão jesus
não posso sair da caverna não
tenho como ficar alerta inimigos
cercam-me predadores hienas
famintas corvos querem meus
parvos olhos míopes com
glaucoma abutres abduzem
minhas carnes urubus arrebatam
minhas carniças falcões açores
gaviões carcarás águias harpias
todos os tipos de aves de rapina
querem furar minhas cansadas
retinas picar meus ossos lobos
maus me cercam nas estepes fujo
para as predarias busco refúgio
nas falésias corro nos precipícios
ecoam os ais dos meus gritos
apelo à minha sombra não me
abandones à beira da estrada
corres de mim o quanto podes
nem olhas para atrás tens medo
de te transformares numa estátua
de sal estático tento espantar o 
mal espantalho no assoalho
assombração detrás da penumbra
eclipse elipse faço a curva à
velocidade da luz na centrífuga
ou na centrípeta dou de cara com
o muro do paredão onde levo um
murro caio de cara no chão me
ralo  no cascalho o reflexo do
cristal me ilude a ilusão é de vidro
fosco no lusco-fusco translúcido
quase opaco turvo sem ângulo reto
perco a reta obtuso não cruzo o
final das paralelas minhas querelas

BH, 040202025; Publicado: BH, 0240202025.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante

septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante
sem sancho pança dulcineia del toboso a enfrentar
gigantes sem fazer justiça pois injusto sempre
fruto podre da sociedade decadente perdeu a 
luta para a burguesia a peleja para a elite esmagado
pelo estado manteado pelo sistema lunático anjo
caído melancólico almeja o duelo bucólico porém
pisoteado pelos vassalos feudais espadado pelos
senhores medievais quase virou batata assada nas
mãos do santo ofício numa fogueira da inquisição
quando mandou parar a procissão amassado elmo
de mambrini do barbeiro que usa a bacia de fazer
barba na cabeça como proteção de chuva de sol de
volta agora poeta septuagenário sem poesia sem
poema de dores gemas em cima do catre lamentes
em lamúrias as batalhas perdidas ainda abertas as
feridas a expor as carnes envelhecidas mais mortas
do que vivas vês as assombrações assombrado as
aparições aparecidas nas sombras desaparecido
todas querem levar o ancião ansioso pela mão aí
então rejeita ajuda da morte o mais que pode um
dia terá que ceder pois não controla mais nem a
vitrola nem a radiola ou a rabiola ou os estados
fisiológicos a sofrer com os patológicos mórbidos
um dia plainará sobre os negros castelos medievais

BH, 0110202025; Publicado: BH, 0180202025.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

quem quiser falar alguma coisa que fale agora

quem quiser falar alguma coisa que fale agora
ou então que se cale para sempre pois vou me
calar para sempre nem quero falar mais nada
chega de querer falar alguma coisa quem não
tem nada para falar vou nascer mudo todo dia
até o último dia da minha vida ou o primeiro
da minha morte todo mundo tem uma morte
aboletada no cangote tenho mais duma que
até carrego uma duna já perdi as contas de
quantas mortes levo no cacaio tantas quantas
as estrelas dos céus tudo porque não consigo
esquecer essas mortes igual todo mundo
esquece porém o dia no qual aprender vou
até ensinar morto a viver vou ser professor
de vida de sorte que afasta o azar abre um
atalho faz um corte um talho dali sai a luz
todo mundo precisa duma luz para ser um
iluminado ter previsão premonição sensação
ter emoção para valer a pena a intuição fazer
alguma coisa que evite parar o coração que
já está sem adrenalina perdeu o testosterona
falhou a libido enfraqueceu o poder de
potência do anão plenipotenciário
serventuário da estagnação falso taumaturgo
quem pediu um milagre ficou frustrado
invisível ignorado ignorante na esquina era
uma vez uma saga era uma vez uma sina era
uma vez nem sei mais o que era nunca fui
não sou nem nem nunca serei nem sei quanto
mais rainha minha alma erva daninha arranca
então pela raiz a vida desse falso aprendiz

BH, 040202025; Publicado: BH, 070202025.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Bachianas Brasileiras, Nº 9, Michael Tilson Thomas.


 

Bachianas Brasileiras No. 8 • Villa-Lobos • Madrid Youth Orchestra

Bachianas Brasileiras No. 7 • Villa-Lobos • RTVE Symphony Orchestra

Bachianas Brasileiras No. 5 • Villa-Lobos • Barbara Hannigan

Bachianas Brasileiras No. 6 • Villa-Lobos • Members of RTVE Symphony

Bachianas Brasileiras No. 4 • Villa-Lobos • São Paulo Symphony Orchestra

Bachianas Brasileiras No. 3 • Villa-Lobos • Hungarian National Philharmonic

Bachianas Brasileiras No. 2 • Villa-Lobos • Gustavo Dudamel

Bachianas Brasileiras No. 1 • Villa-Lobos • Berlin Philharmonic

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Bob Marley exitos

nasci naquela serra lá detrás dos montes

nasci naquela serra lá detrás dos montes
no fim da linha do horizonte bebi água
benta abençoada da fonte água potável
do pote água doce da moringa
aguardente boa forte cachaça pinga de
cabeça na cabaça na cuia na cumbuca
para encher o regaço de cauim batida
no pilão no pé do fogão à lenha no
cuspo no chão masquei fumo de rolo
cheirei rapé fumei cigarro de palha
não me atrapalha com as tralhas tálias
jarros vazios panelas de barro tabatinga
argila engenho cana caiana felizmina
felizmente donana naninha nonada
não vó vô vou voo voou passarinho do
ninho espantou feio menino ladino
malino sem destino na água barrenta
do rio riacho regato córrego pinguela
cancela ribeirão meu coração sangra
açude acode acorde trovão olha a chuva
não corres não que é em vão faz ficar
são cura saracura pendura pindaíba
rapariga levanta saia mostra os tesouros
vales morros grutas valas locas cavernas
florestas virgens negras pretas índias
ciganas dizes com quantos paus se faz
uma canoa varoa varão cajado vara
consolo consoles a viúva que viu a uva
no terreiro no terreno provou do veneno
não mais levantou nem abaixou a saia a
luz do poste do lampião iluminou o caminho

BH, 0150102025; Publicado: BH, 020202025.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Solaris | SCIENCE FICTION | FULL MOVIE | directed by Tarkovsky

Mangueira 1992 6/15 - Se todos fossem iguais a você


Mangueira vai deixar saudade Quando o carnaval chegar ao fim Quero me perder na fantasia Que invade os poemas de jobim Amanheceu... O rio canta de alegria Aconteceu... A mais linda sinfonia O sol já despontou na serra Doirando o seu corpo sedutor O mar beija a garota de ipanema A musa de um sonhador É carnaval É a doce ilusãoé promessa de vida no meu coração Vem... vem amar a liberdade Vem cantar e sorrir Ver um mundo melhor Vem meu coração está em festa Eu sou a mangueira em tom maior Salve o samba de terreiro Salve o rio de janeiro Seus recantos naturais Se todos fossem iguais a você Que maravilha seria viver