quinta-feira, 16 de outubro de 2025

MEU FÉRETRO: LLEWELLYN MEDINA:

 Meu féretro 


Meu féretro siga esfuziante farândula

por tortuosos caminhos jornada atroz

ferozes iracundos deuses regicidas

eu novinho espadaúdo e tenaz


aos trancos e solavancos aos montes 

meu esquife numa enfeitada gôndola 

pelas líquidas vias de Veneza deslize


o espírito por travesseiro tenha 

o cume do alto monte do condor 

repouse com alegria 

viaje sem temor 


Gabriel sempre terno protetor me guie

o dia e suas agruras fenecem 

noite e escuridão sem cor

ao pouso em que a fortuna dispor. 


Llewellyn Medina 

Membro da ALTO 

Academia de Letras de Teófilo Otoni 

Magistrado aposentado 

Colaborador da revista "Magiscultura"

Autor de "Fogo Fátuo", "Pauvelho" e "Além dos rios da Etiópia".

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

houve quem disse deus está morto matei


houve quem disse deus está morto matei
deus ou deus morreu pois digo o universo
está morto matei o universo ou o universo
morreu me levou levou parte de mim todos
tudo quantos deuses há no universo se matei
o universo matei todos os deuses não uno
mais versos em nenhum verso ou versículo
ou provérbio o céu está cheio de quem
pagou indulgências para ir para o céu o céu
está cheio de quem pagou dízimos para os
pastores irem para o céu porém os pastores
os padres preferem fazer o céu aqui pela
terra mesmo abarrotados de bens vazios de
bênçãos os próprios pastores mataram deus
os padres os bispos os santos ou alguns
papas que viam a verdade ou que viviam
num universo paralelo numa vida
alternativa nem sei por que faço essas coisas
ou faço esses versos perversos ainda bem
que jesus disse pai perdoa não sabe o que faz
quem souber fazer alguma coisa por aí me
ensina ainda há de nascer o homem que
saberá dazer as coisas nobres saberá ate o
que é viver saberá até o que é vida então
saberá até o que é morte que não é em vão

BH, 0240902025; Publicado: BH, 01501002025

cria uma filosofia viva para seres vivos

cria uma filosofia viva para seres vivos
há filósofos vivos filosofia viva seres vivos
para se criar uma filosofia viva como a
filosofia sou um filósofo morto de
pensamento morto destruído pelo mundo
pela vida pela morte não complemento um
argumento não morto vivo na filosofia nem
em nada não explico as coisas são as coisas
que se explicam por si próprias sem precisar
de provar nada nem metafísica nem
dialética nem começo nem fim nem origem
nem destino as coisas são tudo isso é o que
importa feliz de quem sabe que as coisas são
como as tais tenta ser também uma coisa ou
outra condição dimensão tensão caos total
não se aproveita o prazer não se aproveita o
amor a paz a política a verdade tudo foi
gerado para nada não se muda o mundo o
homem precisa-se então dalgo vivo dum
novo vivo povo nação civilização nada mais
pode nascer velho morto basta de mortos
velhos abre-se o tempo ao desejo vivo dum
vivo novo de novo estaremos sempre a
querer o novo que nunca mais nos chegue
velho ou morto como os filósofos como a
filosofia como os ditos chamados seres vivos

BH, 0290802025: Publicado: BH, 01501002025

às vezes nas insônias das madrugadas

às vezes nas insônias das madrugadas
assaltado por tempestades de temporais
penso nas horas perdidas desta vida
septuagenária dentro duma vida que já dura
bilhões de anos a causar danos dunas às
vistas nem tenho noção disso ou razão ou
raciocínio interpretação nem tenho
dimensão de que já estou à beira do caixão
mais tempo do que o próprio zé do caixão
que menino via nas páginas puídas das
velhas revistas a dormir dentro dum preste
então no apagar dessas luzes turvas já não
sinto o vigor do coração me encho de
canseira de enfado o próprio fardo dentro
dos fatos velhos esfarrapados paletós
descosidos calças de bolsos furados botas de
solas despregadas sem poder levar uma
mulher comigo levei a vida no dom dos
boatos com a chuva contínua dentro de mim
a me encharcar como se fosse um charque
de pântano ou peça de carne ruim sigo
personagem frustrado de filme de terror de
orçamento barato até chegar o meu fim

BH, 0230902025; Publicado: BH, 01501002025

MILTONS NASCIMENTOS:


 






segunda-feira, 13 de outubro de 2025

BLUES ETÍLICOS:


 

faze um gato aí um gatilho para te resgatar desse anonimato

faze um gato aí um gatilho para te resgatar desse anonimato
um gato na luz um gatilho na água uma gambiarra no
telefone um rabicho na internet qualquer tipo de gato de
qualquer cor pardo preto branco até mesmo literário numa
compilação rouba uma ideia furta um ideal plagia um texto
ou uma lauda um ensaio quem ganha prêmio nobel de
literatura continua sem ninguém se importar faze aí um ato
extremo as pessoas fingem entender dão tapinhas nas
costas apertam as mãos eufóricas muitas
lacrimejam
brilham os olhos umedecem as vistas molham
os lábios fazem
falsas emoções faze um gato aí nos elementos
nos organismos
nos universos para te resgatar dos adversos dos adversários
otários ordinários unitários binários terciários quaternários
já és septuagenário amanhã obtuário quando sentirem falta
de ti já estarás cinza no ossuáro ou dentro duma urna em
cima dalgum armário de abandonado antiquário 

BH, 0801002025; Publicado: BH, 01301002025

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

LLEWELLYN MEDINA, DOR É DIFERENTE:

Dor é diferente

O tempo de varonil encantório mancebo

provocador de milagres e arrebatamentos 

de virtuosos defeitos 

guardados no recôndito do peito

naquele ponto em que dizem 

esconder-se o coração 

o tanto de alegria te fez tremer 

ao olhar nos olhos de jambo

arroubos inexperientes de aprendiz

e o dobro de dor 

se o olhar é desviado

e se perde na ilusão da incompreensível certeza

febre arretada pensasse sua hora chegada 

dor e alegria 

erros e acertos

endurecem seu couro para a vida

é complicada a vida humana 

vai levando

vai levando

quem sabe haja luz

e a noite não cegue 

a pouca idade já permitia sentir a dor

na alegria não queira saber

( coisas sem explicação)

dor e alegria se compensavam 

(com pequena vantagem pra'dor 

jovem sofre mais)

o tempo passou 

deixou  janela aberta 

pra'queles dias de vinte anos

vinte anos  aprisionados numa redoma

e os fantasmas de então 

e os que vieram à sorrelfa

e os que se perderam no esquecimento 

embora saiba tudo é farsa 

fantasmas não existem 

alegria passa num sopro

mas dor 

dor é diferente.

MARCELO D2:


 

não há mais tempo ao voo vou morrer abstrato

não há mais tempo ao voo vou morrer abstrato
pseudo impressionista opaco fotofóbico obtuso
penso que até ateu à toa a tecer loas ao caos
longe dos cais sem provar nenhuma teoria
teses universais conceitos intelectuais cheio de
preconceitos banais sem desvendar conjecturas
sem escrever reminiscências afogado nas
incongruências afobado no medo não dá mais
tempo ao voo vou morrer teseu obliqíuo sem
tesão preso no labirinto o minotauro nos meus
calcanhares a tirar bichos ariadne me
abandonou tomou o meu novelo fez novela sem
valor não distingo as cores distintas ou o que
diz as tintas nobres sobre as telas clássicas a
marina não é o meu destino desfilar nas
passarelas das paralelas holofotes spotes
faróis lanternas turvam-me nas trevas de breu
puro maciço massivo severo derrida quero
destruir quaritas para a verdade de qualquer
tom que seja limpar as vistas as retinas das
paisagens cartões postais do mar mediterrâneo
canal do suez o navio que lentamente saia de
cena contiua lá noutro as pirâmides o camelo a
esfinge de gizé no vale dos reis foi um tiro de
canhão que lhe quebrou o nariz não sei mais o
que a história da vovó diz vai terminar não dá
mais tempo era uma vez por um triz vou morrer
infeliz lançado da arca de noé caído da torre de babel perdido o nobel no lixo o meu papel

BH, 0901002025; Publicado: BH, 0901002025. 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

o sol me deu um soneto de solfejo de passarinho

o sol me deu um soneto de solfejo de passarinho
no ninho não satisfeito fiz um poema o soneto não ficou
perfeito noutro dia fiz uma poesia dos gracejos
duma
borboleta numa flor vadia mamãe dizia mente vazia
mente pede folia não é bem assim fiz por mim
que nunca
fiz nada por ninguém nem de bom só de ruim ainda ria
sem fim todo mundo vem ver pior do que um saci-pererê
mostrou o pinto para a mulher espetou pau de picolé na
bunda de tanajura te esconjuro menino moleque vou cortar
tua orelha igual o toureiro corta a do touro morto na
arena ou van gohg cortou a própria entregou à sua puta
predileta não adianta teu pai vir aqui falar 
comigo
que vai te deixar de castigo vais correr perigo quando
estiveres distraído vou te levar para o mato te dar um
trato igual ao que o feitor deu nos negrinho do pastoreio
não terás puta que vai te livrar só as formigas que vão te
acompanhar depois os vermes que vão se deleitar com as
tuas carnes rasgadas nas chibatas nos relhos artelhos teu
fedelho louco moloc maluco pervertido matador de coelhos

BH, 0230902025; Publicado: BH, 070802025.

domingo, 5 de outubro de 2025

então enquanto esperava o ocaso ao acaso debaixo da soleira da porta

então enquanto esperava o ocaso ao acaso debaixo da soleira da porta
dei de cara com o poente como se estivesse saído a pouco do nascente
fiz foz de rio manso com riso de riacho ri do regato recatado só gargalhei
defronte da cachoeira que descia do monte de emoção em emoção
cataratas enchiam o meu coração noite alta corri arroio à praça para
pegar um soneto de ocasião fiquei preso pelas estrelas não me senti
solitário naturalmente muito pelo contrário vivos ou mortos servem de
companhia para a gente quantos fantasmas somos? quantos fantasmas
temos? não precisamos nem de invocação de mortos ou de vivos ou de
fantasmas ou de ectoplasmas ǰá os temos demais tantos quantos temos
entes antepassados entidades ancestrais esqueletos fósseis ossos
de caveiras antecedentes umas risonhas outras tristonhas todo dia o universo
recebe uma leva dos nossos descendentes a esperar por nós que aqui
estamos a nos fingir de gentes a escrever laudas com o intuito de
salvar a civilização ou melhorar a humanidade porém nós os
humanos nos matamos uns aos outros sem passarmos antes pela
experiência de nos amar uns aos outros toda guerra só deveria ser
declarada pelo direito de nos amarmos cada vez mais a compartilhar
um mundo de todos os povos do mundo pois o mundo é de todo mundo
não é dum dono só a primeira coisa a ser feita é destruir todas as
armas mortíferas ter todas as bombas atômicas nucleares
desativadas todas as fortalezas voadoras derrubadas pelas
trombetas de jericó o planeta nos agradecerá o meio ambiente
verdejerá a fauna a flora tudo se traansformará num
jardim do éden ou suspenso da babilônia o homem será um novo
adão a mulher uma nova eva aprenderemos com os erros passados
não permitiremos novos caim irmão não matará mais irmão
ser vivo nenhum matará mais outro ser vivo as pragas do egito
capitalismo imperialismo colonialismo neoliberalismo
militarismo teocracismo plutocracismo cleptocracismo
meritocracismo autocracismo serão banidas de todos os países
todos seremos donos de tudo que produzimos pois 
ensinaremos de tudo aprenderemos de tudo toda a nossa
única exclusiva meta universal será a perfeição do
universo em nós a evolução da nossa espécie das nossas
espécimes com a evolução universal a outros seres que estão a nos
observar não teremos culpas porém a inveja que iremos lhes
causar se um dia quiserem vir aprender conosco poderemos lhes
ensinar pois também aprenderemos quando ensinarmos como se viver feliz

BH, 0201002025; Publicado: BH, 0501002025.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

quando a olhei em silêncio a moça em argumento

quando a olhei em silêncio a moça em argumento
a mim puta velha septuagenária moço não
me
exponhas os teus pensamentos despiste-me
com o olhar não quero passar por esse

constrangimento jovem guardarei esse
segredo em convento em mistério em
enigma que não serão levados pelo vento só
um soneto disfarsado por tosse numa

ejaculação precoce precedida por falsos
tremores que adolescentes em rumores se enganam nos seus colóquios torpes nos

toques de pontas de dedos nobres a sussurrar nos contornos périplos amiga nem te conto tive vários orgasmos múltiplos confortantes

BH, 0301002025: Publicado: BH, 030100205.

no capitalismo capitalistas são capazes de tudo

no capitalismo capitalistas são capazes de tudo

por lucros adoecer as populações é o de

menos mandar os empregados policiais do

capitalismo matar todo dia as pessoas das

periferias é fato corriqueiro vale tudo por

dinheiro extermínio de meninas de meninos

mulheres homens sem destino os capitalistas

do capitalismo não têm respostas aos anseios

aos anelos aos desejos do povo que quer ser

feliz então carnaval natal dias das mães dos

pais das crianças dia de tudo que pode gerar

lucros tudo que pode gerar dividendos sujos

pagãos inclusive à religião propagandas bem

enganosas ao pobre para pensar que é rico

não vai perceber vai comprar vai gastar até

se endividar até se suicidar por não poder

pagar vende a mãe a mulher a filha quer se

reabilitar dar a volta por cima limpar o

nome descancelar o cpf se emaranha na rede

é tarde demais dá adeus às ilusões papa

defunto bate à porta não tem dinheiro para

os caixões junto com os descendentes é

enterrado como indigesto indigente sem

emoções sem sensações sem paixões

BH, 0301002025; Publicado: BH, 0301002025.