Nenhuma palavra foi dita até agora
Pois as letras ao se sentirem rejeitadas
Viraram solos intermináveis de guitarras
As artes viraram esculturas indefinidas
Como o cinema algo que não se pode
Assistir as canções são físicas são
Apelos eróticos as músicas são visuais
Mas a platéia é cega é surda
Os artistas falam mas não sabem
O que dizem o que fazem perdoai-os
Por isso todos são antigos faraós
Antigas múmias em sarcófagos
Reluzentes entre brilhos de plumas
De patês não sobrevivem sem
Holofotes tapetes vermelhos o consumo
É o pão nosso de cada dia o dá-nos
Hoje o eterno ter até não mais
Poder o poder eterno de ter poder
Corpos são importantes mas o que seria
Dos corpos sem os esqueletos? o que seria
Da obra-prima sem a moldura? sem o cavalete?
O livro sem a lombada? o que seria do tudo
De todos sem as estruturas sem as bases?
No princípio nenhuma palavra reverberou
Nenhuma letra ecoou no abismo o verbo foi
Ao fim agora são acenos grunhidos ruídos
O homem volta ao seu puro estado animal volta
Ao uivo ao sopro do Gênesis seu apito final
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