Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
terça-feira, 30 de julho de 2024
agora de costas para o sol
OBRA-PRIMA DE NOEL ROSA, CONVERSA DE BOTEQUIM:
quarta-feira, 24 de julho de 2024
quando não era fernando pessoa
segunda-feira, 22 de julho de 2024
domingo, 21 de julho de 2024
um dia encontro a oração certa
sexta-feira, 19 de julho de 2024
quinta-feira, 18 de julho de 2024
terça-feira, 16 de julho de 2024
IMPERATRIZ, ONDE CANTA O SABIÁ:
ONDE CANTA O SABIÁ
Caminhando Um canto se ouve no ar Vem da terra Vem do meu cantar Dança quem dança Dança quem não dançou (bis) Neste samba envolvente Nossa gente chegou O show da natureza Esculturando a razão Um toque de beleza Batendo forte em meu coração Do céu, à terra, a Lua Iluminando a imensidão Dos nossos rios e matas Chuês de cascata Riquezas do chão Chove chuva Chove sem parar Assim canta o sertanejo (bis) Nessa terra onde ecoa O som do sabiá No povo, a busca incessante De um momento feliz A Imperatriz em festa Hoje aqui se manifesta No palco da raizMOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL, Abram Alas para a Folia, aí vem a Mocidade:
segunda-feira, 15 de julho de 2024
MARTINHO DA VILA, TRIBO DOS CARAJÁS:
TRIBO DOS CARAJÁS
NOITE DE LUA CHEIA
ARUANÃ !
MENINA MOÇA É QUEM MANDA NA ALDEIA
A TRIBO DANÇA E O GRANDE CHEFE PENSA
EM SUA GENTE
QUE ERA DONA DESTE IMENSO CONTINENTE
ONDE SONHOU SEMPRE VIVER DA NATUREZA
RESPEITANDO O CÉU
RESPIRANDO AR
PESCANDO NOS RIOS
E COM MEDO DO MAR
ESTRANHAMENTE O HOMEM BRANCO CHEGOU
PRA CONSTRUIR, PRA PROGREDIR, PRA DESBRAVAR
E O ÍNDIO CANTOU
O SEU CANTO DE GUERRA
NÃO SE ESCRAVIZOU
MAS ESTÁ SUMINDO DA FACE DA TERRA
ARUANÃ ! ARUANÃ AÇU
É A GRANDE FESTA
DE UM POVO DO ALTO-XINGÚ
domingo, 14 de julho de 2024
PEBA NA PIMENTA:
Seu Malaquias preparou cinco pebas na pimenta
Só o povo de Campinas, seu Malaquias convidou mais de quarenta
Entre todos os convidados, pra comer peba, foi também Maria Benta
Benta foi logo dizendo: Se arder não quero não!
Seu Malaquias então lhe disse: Pode comer sem susto, pimenta
Não arde não!
Benta danou-se a comer a pimenta era da braba
E danou-se a arder, ela chorava e se mar-dizia
Ai se eu soubesse dessa peba não comia!
Ai, ai, ai, Seu Malaquias
Ai, ai, você disse que não ardia
Ai, ai, tá ardendo pra danar
Ai, ai, tá fazendo uma arrelia
Depois houve o arrasta-pé o forró 'tava esquentando
O sanfoneiro então me disse tem gente aí que dançando soluçando
Procurei pra ver quem era
Mas era a Benta reclamando
Ai, ai, ai, Seu Malaquias
Ai, ai, você disse que não ardia
Ai, ai, ai tá ardendo eu sei que tá!
Ai, ai, ai mas tá me dando uma agonia
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Konstantinos Kaváfis, A origem; Publicado: BH, 070402013.
O prazer proibido consumou-se.
Vestem-se à pressa.
Saem da casa em separado, às escondidas; vão-se
Um tanto inquietos pela rua, como se
Temessem que algo neles revelasse
Em que espécie de leito possuíram-se.
Amanhã, no outro dia, anos depois, serão escritos
Os versos que aqui têm sua origem.
Meu sonho é escrever com fecundidade; BH, 01º0801101202005; Publicado: BH, 0260302013.
Konstantinos Kaváfis, À espera dos bárbaros; Publicado: BH, 050402013.
Konstantinos Kaváfis, O Deus abandona Antônio; Publicado: BH, 050402013.
Konstantinos Kaváfis, Ítaca; Publicado: BH, 060402013.
quinta-feira, 11 de julho de 2024
O escritor é um eno é um vinho que quanto mais velho melhor; BH, 04040230280602003; Publicado: BH, 0240302013.
O escritor é um eno é um vinho que quanto mais velho melhor
Que indica a proveniência naturalidade não a enofobia que causa
A aversão ou o horror o escritor também traz a enofilia a inclinação
Ao vinho a maioria é de enófilo beberrão amigo comerciante de
Vinhos bons assim sem ser enófobo está mais para um enóforo
Casado com uma enófora tal ao vaso para vinho sagrado entre os
Romanos trazido pelo escanção criado que servia o vinho que até
Chega a curar a enoftalmia a retração anormal do olho dentro da
Órbita é no enoitar no chegar do anoitecer no encanto do enoutar
Que o poeta sai em busca do enol considerado como excipiente
Medicinal à cura da alma o que não se consegue com a forma
Alcoólica derivada dum aldeído ou acetona só ao servir o enólico
Espiritual a substância do corante tinto da enolina demais poder
Tirado do enológico a gerar a enomancia arte de adivinhar pela cor
Do vinho a aumentar a enomania a paixão doença resultantes do
Abuso do enomaníaco o louco beberrão enólatra no nosso caso
Só nos resta o enomel o xarope que tem por base o vinho em que
O açúcar é substituído por mel os euroméis são os que realmente
Nos interessa nesta ensinança neste ensinamento ensilado
Armazenado igual cereal em silos a pena ensiforme que tem a
Forma de espada é que fere o papel com caractere seu furor ensífero
A deixar para a eternidade este que não se usa mais depois do
Vendaval de ilusão continua ainda enradicado em mim a impressão
De que o bem radicado o amor arraigado ou o perfil de bom
Implantado não serão suficientes para suavizarem o meu lado
Enraivado o meu pedaço que está com raiva o teor irritado
Enraivecido quase colérico irado às vezes sem motivo
Encolerizado por qualquer descuido alheio não existe enramada
Cobertura de ramos de árvores ou sombra ramada que refresque
Meu tormento m tronco enramado um vasto arvoredo que tem
Ramos formado para enramalhar ou para enramalhetar ornar
Adornar enramilhetar com ramalhetes reunir todo o verde não
Deixar enrançar criar ranço ou estragar com o lodo os pântanos
Vêm enranchar com as almas bandear-se com os espíritos inda
Agrupar-se com as entidades a cada palavra que pena sinto
Enrarecer em mim a cultura sinto tornar raro o explicitar da ideia
Ralo o pensamento cada vez mais rarejar as soluções para a
Enrascadela em que se encontra a humanidade que vive sem as
Resoluções para a enrascadura em que se enfia a cada dia cada
Homem tem o seu enrascar cada ser passa por sua entalação cada
Um carrega a sua complicação se afunda na barafunda da enrascada
A ajuda que aparece é só de gente intrigante de pessoa conflitante
Mexeriqueira enredadeira trepadeira de costas alheias semelhantes
Um dia gostaria de ver a intriga acabar enredo ruim essa enredadela
Perversa que sofre a raça humana não dou prazo ao intrigante nem
Ouvido ao mexeriqueiro desprezo o mal enredador acabo com o
Enredamento evito o entrelaçamento da intriga com mexerico
Enredeiro comigo só o que cria cultura poema poesia ode alegria
Vinicius de Moraes, Retrato de Maria Lúcia; Publicado: BH, 0130402013.
Tu vens de longe; a pedra
Suavizou seu tempo
Para entalhar-te o rosto
Ensimesmado e lento
Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre
E que subitamente
Se aclara e movimenta
Como se a chuva e o vento
Cedessem seu momento
À pura claridade
Do sol do amor intenso!
quarta-feira, 10 de julho de 2024
penso que se o universo disponibilizasse para mim
terça-feira, 9 de julho de 2024
Pretendo escrever até o fim dos meus dias; BH: 0110702000; Publicado: BH, 0280402013.
É ruim ser desorientado gastador; BH, 0120402001; Publicado: BH, 01º0502013.
Podeis chacotear a zombar a dizer que são porcarias; BH, 0120402001; Publicado: BH, 01º0502013.
Podeis chacotear a zombar a dizer que são porcarias
A hora de deliciar-me chegará saberei usufruir gozar
Colher os frutos do que plantar saberei desfrutar pode
Até demorar esperarei para desfruir cada desfrechar
Que lanço é um atirar de flechas como dum cupido
Um disparar de arcos um dia acerto o alvo verei a
Bandeira tremular desferir golpes ao vento soltar
Vibrações desfraldar sem desfortuna será o fim da
Infelicidade a chegar será o desforrar de toda a
Desgraça tudo vai dar-me compensação só não quero
Vingar nem vingança tirar o ferrolho colocar um novo
É uma desforra sem desagravo é só um desforço para
Dar uma satisfação tomar uma prova desgravar sem
Violência desforçar como no descamisar o milho nada
De desembainhar facão ou a espada tirar as folhas ou
As pétalas das rosas deixar desfolhar no tempo próprio
Ou na desfolhação a moléstia vegeta caracterizada pela
Queda do desflorir do desflorescer do desvanecer agora
Atenção desflorestar derrubar as matas as árvores em
Larga escala tanto de um terreno como duma região vai
Acabar por nos matar é isso mesmo vai acabar por
Exterminar-nos é triste perder o brilho o frescor
Murchar perder as flores é triste deflorar a natureza
Violar a virgindade dum botão tirar as flores dos caules
Desflorar prender as flores nos vasos que nojo é a
Desfloração a violação o desfloramento; a herança então
É o desfilhar tirar os filhos os rebentos desmamados
Despovoar a natureza? não é apreciar o desfile fúnebre é
Olhar o desfilar dos pássaros das borboletas nas tardes vivas
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Vladimir Maiakovski, À esquerda; Publicado: BH, 020502013.
Em frente, marche! Basta de falar!
Hoje tem a palavra
O Camarada Mauser!
Não há outra lei senão a da natureza.
Somente Adão e Eva estão com a verdade.
Abaixo as leis, abaixo as cadeias!
À esquerda, à esquerda, à esquerda!
Em frente, à conquista
Dos Oceanos!
Tendes canhões em vossos navios de aço.
Já esquecestes como os fazer falar?
Que a coroa abra uma goela
Quadrangular,
Que o leão britânico ruja
Que importa?
A comuna está em marcha
E manterá a vitória!
À esquerda, à esquerda, à esquerda!
Vladimir Maiakovski, Conversa sobre poesia com o fiscal de vendas; Publicado: BH, 040502013.
Cidadão fiscal de rendas, desculpe a liberdade!
A matéria que me traz é algo extraordinária:
O lugar do poeta na sociedade proletária..
Ao lado dos donos de terras e senhores industriais
Estou eu também citado por débitos fiscais.
Nós somos proletários e motores da pena.
A poesia é como a lavra do rádio
- Um ano para cada grama.
Para extrair uma palavra,
Milhões de toneladas de palavra-prima.
Porém, que flama de uma tal palavra emana
Perto das brasas da palavra-bruta!
Tal palavra põe em luta milhões de corações
Por milhares de anos.
Em linguagem de fisco
A rima é uma letra a termo fixo
Para desconto ao fim da linha
Sem mais prazos.
E sai-se à caça da minúcia de flexão ou sufixo
Na caixa escassa das conjugações e casos.
Tenta-se pôr uma palavra nessa linha,
Ela não cabe, força-se, e se esfarinha.
Cidadão fiscal de rendas, eu lhe juro,
As palavras custam ao poeta um duro juro.
Para nós, a rima é um barril.
De dinamite.
A linha se incendeia e quando chega ao fim explode
E a cidade em estrofe voa em mil.
“O Sr. fez viagens? Sim ou não?
Mas, como, se eu fiz vôos infinitos
Em dezenas de pégasos nesses 15 anos ?
A poesia - toda ela - é uma viagem ao desconhecido..
A máquina da alma com os anos se trava,
O tempo em sua corrida minhas têmporas esmaga.
E vem então a mais terrível das amortizações
- A de almas e corações, última paga.
Entre a névoa burguesa, boca brônzea de sirene.
O poeta é o eterno devedor do universo,
E paga em dor porcentagens de pena.
Estou em dívida com os lampiões da Broadway,
Com o Exército Vermelho,
Com vocês, céus de Bagdádi,
Com as cerejeiras do Japão e toda a infinidade
A que não pude dar a sobra de uma ode.
Para que fazer da rima, mira
E do ritmo, chibata?
A palavra do poeta é a tua ressurreição,
A tua imortalidade, cidadão burocrata .
Daqui a séculos, do papel mudo toma um verso
E o tempo ressuscita.
Pago 5 rublos e risco todos os zeros.
Tudo o que quero é um palmo de terra ao lado
Dos mais pobres camponeses e operários.
De copiar palavras a esmo,
Eis aqui, camaradas, minha pena:
Podem escrever vocês mesmos!