uma reza forte qualquer como se falasse em língua de pajé
uma benzeção de xamã feita com arruda de guiné curava-se
uma erisipela uma espinhela caída uma caxumba um
quebranto um cobreiro uma dordói até mesmo uma
gonorreia um cancro duro ou outra doença sexual
transmissível pelas putas da zona da rua francisco sá ou
das beiras da rio bahia ou da bahia minas minha avó era
rezadeira benzedeira penso que até feiticeira bruxa maga
não tinha mal que não curasse com as suas ladainhas
carpições enquanto a fama corria muita fumaça aspergia
muito fumo mascado cuspia muita pinga forte muita
cachaça da boa bebia ainda me ensinava as estrepolias só
não me ensinava as rezas as orações as ladainhas cantigas
cantos entre outras cantorias segredos de outrora até valia
à pena ir à igreja onde peidava sem parar na frente do pastor
ou incomodava bêbada a me apresentava na frente do padre
buzina que só faltava morrer de apoplexia do tanto que a
minha avó atrapalhava a missa porém era um tempo bom
não um tempo de ódio atual destilado do lado religioso junto
com militares torturadores ditadores policiais assassinos
cristãos armamentistas belicistas que pregam golpes contra a
democracia terrorismo contra o estado a sociedade
organizados não sinto nenhuma presença de amor ou de paz
no meio desses evangélicos ou católicos que com seus atos
descabidos só nos afastam da religião do seu deus do seu céu
BH, 090902024; Publicado: BH, 02101102024.
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