Pus meus os pés num escabelo de banco
baixo para
Descanso dos pés e me deitei na escabiose e na
Coceira da sarna, que começou escalar minha
Pele; preciso trepar enquanto é tempo; o tempo está a
Passar, e não me sinto subir, nem ao me servir
De escadas ou não; até hoje, soube destruir tudo
Em mim; se alguém vem designar pessoas,
Conforme escala para serviços ou competições,
A primeira coisa que faz é excluir-me;
O peixe que ninguém quer retirar escamas
E vísceras, e salgá-lo, este peixe sou eu; todo
Amigo que tive, sofreu escalavradura nas
Minhas mãos; e quem quis ser companheiro,
Esfoladura; e quem quis ajudar, arranhão;
Paguei com escalavramento, a amizade, a
Sinceridade e o amor; nasci para escalavrar
Ao próximo, esfolar aos outros; arranhar as
Relações e danificar as conveniências; mereço
Mesmo uma escalda, uma escaldadela cruel;
Toda queimadura que causei, deve voltar
Agora, em forma de repreensão; preciso ser
Escaldado, para aprender; deixar de ser aquele
Que apanhou tanto, que virou espécie de
Pisão, negada a piedade do escalda-pés, banho
Muito quente que se dá nos pés, com fins
Terapêuticos; tenho que sofrer uma escaldadura
De arrancar o couro; enquanto alguém não
Escaldar-me, não deixarei de ser ruim; é
Queimar meu corpo com líquido quente,
Para que eu sinta a dor; é meter em água a ferver
E deixar cozinhar vivo, para produzir muita dor,
Pois minha formação é de escaleno, o designativo
Do triângulo que tem todos os ângulos desiguais,
Pois, tudo em mim é desigual e indiferente; até
Cada um dos músculos que revestem a parte anterior
Do tronco; e as entranhas, a medula, os ossos; sou tão
Pequeno, que posso caber num escaler, pequeno barco
Para serviço auxiliar; e minha cabeça é para ser
Servida num escalfador, vaso de mesa, em forma de
Sopa, para jantar de canibais famintos; se as pessoas
Soubessem meus segredos, minhas verdades, todas
Elas quereriam devorar-me, sem escalfar ou aquecer;
Se eu soubesse ser poeta, tiraria proveito da chuva,
E nem eles ficariam a saber; se eu soubesse adquirir
Sabedoria, tiraria proveito do vento, do ar e da brisa,
Do orvalho, do sereno e de tudo que de mais belo
Existe na natureza; mas não aprendi a tirar proveito
Da poesia, criar poema de empreitada; tímido na obra
Realizada, mediante ajuste prévio, de retribuição, inda
Que proporcional à quantidade do trabalho executivo
Que tento enganar, não trago o cacife de poeta empreiteiro,
Que ajusta um tema ao emprenhar uma empresa de ideias e
Ao tornar-se prenhe de ideal; de empreendimento e mesmo
Associação de caráter comercial, industrial, de prestação
De serviços; não sirvo para produzir nada, financiar ou
Emprestar; fali, antes de transformar-me em empresário; e
Não trouxe a estigma de pessoa que serve de intermediário
Entre partes contratantes de contrastes de algum espetáculo
Poético; não tenho como ceder dinheiro ou coisa alguma, a
Não ser inspiração; apresento criação gratuitamente e sem
Compromisso de devolução; faço empréstimo a quem quiser
De espiritualidade; dou a alma como coisa emprestada,
Orgulhoso, pretensioso, até mesmo emproado e a única
Cobrança sem empulhar, troçar, enganar ou iludir, é
Ver todo mundo sorrir.
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