sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Doutor; RJ, 0200701981; Publicado: BH, 03001202011.

Doutor
Para o meu caso
Não existe solução
Não existe remédio
Não existe médico
Não existe não
Nem psicólogo
Nem psiquiatra
Sou uma rata
Para o meu mal
Minha doença
Não existe cura
Sou egoísta ignorante
Minha doença sou eu
Para sarar
Tenho que morrer
Sou orgulhoso podre
Ambicioso mal
Guloso faminto
Doutor
Não sei o que fazer
Para me fortalecer
Sair desta ideia
Deixar esta idiotice
Parar com tanto pensamento
Que me tiram do sonho
Jogam-me em pesadelo
Gostaria tanto de curar
A minha mente
A minha cabeça
A minha semente
Deixar de ser doente
De ser vil maluco
De ser doido louco
Doutor
Gostaria tanto
De ser somente eu
Sem precisar de ser
O que as pessoas querem
Que eu seja

Ai quem me dera viver; BH, 0200402000; Publicado: BH, 03001202011.

Ai quem me dera viver
Sentir-me livre do teu amor
Anabrótico corrosivo ai
Quem me dera estar longe
De tudo que é relativo a esta
Anabrose que rói as entranhas
Dos meus ossos chega de
Ulceração superficial teu amor
Só me faz mal gosto de sofrer
Profundamente ter o anabolismo
Negativo alterado o balanço
Positivo que as transformações
Que sofro no meu organismo
Desequilibrem as substâncias
Nutritivas que toda assimilação
Anabólica seja como uma anabiose
Numa suspensão das funções vitais
Todo meu organismo vegetal ou
Animal por congelação dos meus
Nervos que por dessecamento
Dos meus membros sem a revivência
Das minhas forças depois de toda
Noite de amor de manhã sou
Uma anabi arbusto da família das
Loganiáceas que mesmo a ser um
Anabenodáctilo animal que tem os
Dedos conformados para trepar
Não consigo galgar sequer um degrau
Na vida não consigo crescer mais
Do que uma mulher anã de estatura
Muito inferior ao normal não passo
Duma piquira uma peva pedra
No rés do chão

Gota à gota pingo a pingo; BH, 090102000; Publicado: BH, 03001202011.

Gota à gota pingo a pingo
Pouco a pouco passo a passo
Dum a um encontros similares
Já não sei mais o que faço
Nem mesmo da preposição a
Mais comum menos especificativa
De todas as preposições pois
Exprime quase todas as relações
Existentes entre as palavras
A substituir outras preposições
Indica fundamentalmente
Movimento de aproximação de
Direção fim lugar donde vem o
Proveito o dano o modo do
Prefixo que equivale à partícula
Prepositiva vernácula o latim ad
Exprime tendência do ser,
Aproximação do semelhante
Semelhança do próximo
Ou simplesmente maior força
Expressiva de prefixo expletivo
Exemplo de acinzentado
De tirante a cinzento
Achegar ao corpo doutro
Ao aproximar da carne não o
Comportamento do urbanoide
Mas o do acaipirado do campo
Feito caipira ingênuo apá pá a
Lagoa escura agoa de areia 
Branca que faz alevantar o brio
Levantar os braços aos céus bradar
Como tudo que é muito usado
Na língua vernácula para a formação
De verbos de adjetivos participiais
De substantivo mais raramente seu
Correspondente aproximado ou
Acavalado ou encavalado amarelecer
Do amanhecer até emarelecer

Não mandes-me embora; RJ, 0210501998; Publicado: BH, 03001202011.

Não mandes-me embora
Penso em ti toda hora
Sinto a tua presença
Vejo a tua imagem
Tua sombra silhueta
Não abandones-me
Guardes o meu nome
Mates minha fome
De amor de paz
Preciso de teu leite do
Teu mel do teu leito
Do teu jeito não sei o
Que será que vai me
Acontecer se me deixares
Morrer afogar-me em
Mágoas em manchas nódoas
Perder-me em erros
Acerta-me os ponteiros
Dá-me corda de vida
Não me reprimas
Nem me proíbas de nada
Deixes-me ser feliz
Livre sem censura
Não me expulses
Deixes-me acoplar em ti
Ser o teu parceiro cúmplice
Teu verdadeiro escravo
Não mandes-me embora
Minh'alma chora
Ficarei destruído
Distante de ti
Não terei salvação
Se não tiver a tua mão
Abraces-me beijes-me
Quero sentir na carne
Tudo que é feito de ti
Quero gravar no corpo
Tudo que for feito por ti

Gosto do que sou; BH, 090102000; Publicado: BH, 03001202011.

Gosto do que sou
Substantivo masculino predominante
Vogal oral, primeira do alfabeto
Ao corresponder ao alfa grego
Ao alef semita que tanto primitivamente
Foi escrita no inverso do universo
Quando os gregos e os latinos
Deram-me a posição atual
Quantas vezes na história
Foi escrita inclinada
Donde se originou
A forma arredondada
Em música de melodia
Representou a nota lá
No segredo da sinfonia
Em química o símbolo do argônio
Que destoou a agonia
Gosto do artigo definido feminino de o
Donde deriva-se do demonstrativo latino illa
Nos primeiros tempos da língua foi lá
Hoje está para cá
A reduzir-se depois
A deixar ao vestígio pela per-la
Respeito o pronome pessoal
Do singular feminino
Do caso oblíquo
O pronome demonstrativo
Equivalente a aquele
É a mesma forma de articular
Mas com função de pronome pessoa
Ou de substantivo
Foi escrita no período arcaico la
Forma que aparece verbi gratia
No por exemplo após o infinito
Vou vê-la tão bela
Chamá-la de meu amor
A conjunção coordenativa latim ac
Corresponde nas locuções adverbiais
Gosto assim de todos os ais de amor

Se não conheces a fome; RJ, 0260501995; Publicado: BH, 03001202011.

Se não a conheces a fome
Dá graças a Deus
Penses nos teus
Que vagueiam pelo mundo
Que a conhecem muito
Não sabem como,
Acabar com a fome
A fome
Vou apresentar
Vejas as crianças
Que morrem sem viver
Morrem sem conhecer
Um pedaço de pão
Um copo de café com leite
Um prato de arroz com feijão
A fome
Elege políticos
Enriquece governadores
Dá poder a presidentes
Dólares muitos dólares
Aos planos assistenciais
Só os hipócritas
Demagogos imbecis
Lucram com a fome
A fome está aí
Não pode acabar
Onde é que o senador
Vai conseguir votos?
A fome
Ronda a buscar vítimas
Geralmente são crianças

Não consigo fugir a esconder-me; BH, 0401101999; Publicado: BH, 03001202011.

Não consigo fugir a esconder-me
Sou um acalcanhado pela sociedade
Fui pisado com o calcanhar igual
Se pisa na cabeça duma serpente
Vil reles calcado pela burguesia
Vexado pela elite humilhado pela
Classe dominante tive o tendão de
Aquiles estourado até hoje não
Recuperei-me fiquei traumatizado
Acabado igual ao calçado cujo tacão
Está entortado com o uso do andar
Estou cambado acalcado não sei
Superar ainda esta acalasia esta
Falta de relaxamento de esfíncter
Que quer estourar-me na corrente
Não aceita na liberdade de minh'alma
Na prosódia acalásia na linguagem
Médica deturpada que não deixa tirar
A saúde da noz do caju da acajuba
Da acajucica da resina do cajueiro
Da casca da acajurana árvore da
Família das Leguminosas por mais
Acajadado que seja não aprendo a
Distinguir o meu lugar daqui quanto
Mais espancado sou mais entrego-me

Sou uma mulher carente; RJ, 0260501995; Publicado: BH, 03001202011.

Sou uma mulher carente
Mal amada sem carinho
Tranco-me dentro de mim
Não abro-me a ninguém
Sou uma mulher perdida
Ninguém achou-me meu
Sangue secou-se meu pranto
Evaporou-se ainda estou
Lançada no seio da vida
Sem encontrar um braço
Forte que ampare minha
Queda de encontro à morte
Sou uma mulher sem sorte
Minha boca nunca foi beijada
Meu corpo nunca foi acariciado
Nunca fui possuída homem
Nenhum me quer todos
Olham-me de longe correm
De medo de mim sabem
Que sou mulher carente
Sabem que sou necessitada
Torno-me fácil mesmo assim
Não querem-me passo
Despercebida só coração a
Pulsar a bater loucamente ao
Primeiro olhar de consentimento
Entrego-me toda só por um carinho

Tem que bater-me com cajado; BH, 0401102999; Publicado: BH, 03001202011.

Tem que bater-me com cajado
Espancar-me até moer-me
Curvar-me a cajadadas dar a
Forma de cajado às minhas
Costas tem que deixar-me
Recurvo de cabeça baixa igual
Porco orelhas caídas a cobrir os
Olhos onde não consiga nem
Elevar a cabeça para olhar o pé
De acajá nem mesmo ver a fruta
Ou desfrutar o cajá que seja
Expulso do açaizal bosque de
Açaizeiros igual foram expulsos
Do jardim do Éden já que no
Meu ser não existe lugar para
Acairelar ou guarnecer de cairel
Borda de prender alma,
Extremidade de espírito orla de
Sentimento beira de abismo
Debrum de acairelador que
Acairela no cercado não há
Beira de apoio uma amarra
De gancho salvador um forte
Acairelado que dê garantia ao
Fim da dor da angústia do medo
A covardia extrema que
Enfraquece o amor

Pode uma pessoa; RJ, 0401201987; Publicado: BH, 03001202011.

Pode uma pessoa
Que luta pela liberdade
De sua pátria
Ser chamada
De terrorista
Ou de guerrilheiro?
Penso que não
Se vives
Oprimido reprimido
No teu próprio país
Se lutas
Para libertar teu povo
Consegues terras
Trabalho emprego
Felicidade tudo o mais
Para um povo sofredor
És um herói
Um herói popular
Um herói sem fronteiras
Nunca um terrorista
Nunca um guerrilheiro

De que que vou morrer; RJ, 0401201987; Publicado: BH, 03001202011.

De que que vou morrer
Talvez até morra de câncer
Em algum lugar do corpo
Talvez nem morra
Sofra até o final
Aids mete-me medo
Lepra é possível
Tuberculose não sei
De que que vou morrer?
Assassinado não quero
Atropelado também não
Morro do coração
A melhor morte que existe
Já pensaste
Morrer matado
Pelo principal órgão do corpo
O centro da emoção
Da felicidade e da paixão
O órgão máximo da máquina
Para de funcionar
Vais para o beleléu
Graças a Deus
Graças ao Diabo
Quem habita o meu ser?
Não sei não posso saber
Nem sou o que habito
Meu próprio ser
Continuo a perguntar
De que devo morrer
Pois a coisa mais certa
Que sei
É que no segundo próximo
Devo morrer
Não sei de que

Nunca vou perder; BH, 0401101999; Publicado: BH, 03001202011.

Nunca vou perder
Este meu jeito acaipirado
Sempre fui feito caipira
De maneiras acanhadas
Modo amatutado
Tímido acanhado
Calado mudo comigo
Perco a voz a fala
Na hora que
Mais preciso delas
Tremo gaguejo
Sou uma vergonha só
Penso que mesmo
Se fosse acaico
Da Acaia na Grécia
Seria do mesmo jeito
Que sou aqui
Só não seria se fosse
Um acaléfico relativo
Aos acalefídeos ou acaléficos
Espécime classe dos celenterados
A quem pertence as grandes
Águas-vivas Cifozoárias
Aí não teria problemas
Não teria complexos
Nem dogmas nem religiões
Não teria tabus nem medos
Esqueceria eternamente
Esta vil covardia que
Não deixa-me libertar-me
Faria parte da acalefologia
Pedaço da zoologia acalefológica
Viveria feliz para sempre

Sou um menino chorão; BH, 0401101999; Publicado,: BH, 03001202011.

Sou um menino chorão
Perdi pai mãe irmão
Dai-me um acalenta-menino
Uma espécie de feijão
Usado na alimentação de crianças
Que não vou chorar mais não
Vou ficar acalmado
Calmo igual ao céu azul
Sossegado como o campo verde
Tranquilo igual ao vento
Moderado igual ao santo
Quieto a dormir no meu berço
Longe do acalipto tenebroso
Serpente venenosa hidrofídea
Que gosta de comer
Menino chorão passarinho
Que caiu no açalpão
Quebrou a asa no alçapão
Que só quer agora
Levar uma vida acálice
Um destino acacilino
Sem o cálice do sofrimento
Levanta dessa cama acamatanga
Não acambulha mais acamutanga
Deitar de cambulhada
Acamar só o pão nas searas
Um sobre outro
Levanta-me deste chão
Já estou inclinado acambulhado demais
Sinto-me acâmato forte
Dotado de organização robusta de
Músculos rijos vascularizados pega aqui

Não suporto mais; RJ, 0140501996; Publicado: 03001202011.

Não suporto mais
Tamanha passividade
É muita falta de vontade
De energia de calor
Muita falta de ânimo
De coragem de fervor
O que acontece
Todo mundo aceita
Cadê a indignação?
Cadê a provação?
Acabam com tudo
Ninguém estende a mão
Ninguém lança uma pedra
Naquela direção,
Numa lapidação
Ninguém dá um tiro
Nem de canhão
Ou mesmo um tapa sequer
Não existe reação
É o mesmo imobilismo
O mesmo faz de contas
Que não é comigo
A mesma promessa
Já estou acostumado
Só gostaria de saber
Quando passa essa onda
Quando sairemos dessa
Será eternamente
Não é possível
Temos que virar a esquina
Virar a página da história
Mudar o destino
Adquirir coragem
Perder o medo
Deixar de lado a covardia
Enterrar o temor
Duma vez por todas
Dar um basta no
Continuísmo fisiológico

Fui feito assim açamoucado; BH, 0401101999; Publicado: BH, 03001202011.

Fui feito assim açamoucado
Com o mau emprego do material
De construção de acabamento
Fui feito assim mesmo
Sem arte sem talento
Sem gosto ou segurança
Meu ser acampto
Meu espírito opaco
Não reflito a luz
Meu coração acampainhado com
Campainha de pêndulo de relógio
Campanudo na campânula
Só falta parar de balançar
Meu aspecto acamurçado
Semblante de camurça
Sombrio na cor
Escuro no preparo
Mete medo em assombração
Quem dera se
Tivesse dentro de mim
A alma da acamutanga
Ave da família dos Psitacídeos
Quem dera se fosse
Uma espécie de papagaio
Mesmo de pirata
De perna de pau
De olho de vidro
De cara de mau
Mas que nada
Estou mais para açaná
Esta galinha dos Ralídeos
Este frango d'água pernalta
Que foge com medo de tudo

O que temos no poder?; BH, 0401101999; Publicado: BH, 03001202011.

O que temos no poder?
Um presidente acanalhado
O que temos no senado?
Um presidente que se acanalhou
Desde os tempos da ditadura
O que temos na câmara dos deputados?
Só deputado acanalhador
Todos juntos só sabem deixar
O povo acanaveado
Supliciado com paus de cana
Emagrecido de pobreza
Abatido de fome
Doente de miséria
Mortificado de sofrimento
Angustiado de dor
O nosso papel é impedir
Que venham acanastrar-se
Juntos com essa nossa justiça canhestra
Pôr em canastra
Impedir de dar forma
Aos ideais ideias o acancelar
Do povo já acancelado
De vida reticulado
Impedido de felicidade
Preso em cancelas
Homens que o sol do trabalho
Ajudou a acanelar a pele
Onde gotas de suor de sangue
Da cor de canela
Gotejam na flanela
Que enxuga o suor
Suor derramado
Sangue vertido
Para ganhar pouco
Quando os poderes ganham muito
Sem derramar o suor
Sem verter o sangue

Estou em agonia; RJ, 090501996; Publicado: BH, 03001202011.

Estou em agonia
Entre o delirium tremens
Ou a extrema unção
Já chamaram o padre
O sacristão
Acenderam a vela
É a última vela
Vejo a frágil luz
Entre a abertura os
Cílios as pestanas de
Minhas pálpebras
Escuto ao longe vozes murmúrios
Alguém parece chorar
Não percebo ao todo
Sussurros lamentos
No finalzinho
Um resíduo de felicidade
Uma migalha de orgulho
Alguém inda chora por mim
Cai o pano
Cai o véu
Breu de escuridão
Bonança de levitação
Um resto de mente no espaço
O pensamento a fluir no ar
No rosto quase imperceptível
O final dum sorriso
O eco distante duma voz
Morreu feliz

Fiquei até bonito; BH, 0401101999; Publicado,: BH, 03001202011.

Fiquei até bonito
Coberto com o acangatara
Penacho colorido
Enfeite de penas
Adorno para a cabeça
Que os índios usavam
Nas suas solenidades
Fiquei até parecido com índio
Com o canitar
Em cima da cabeça
Participei até da caça
Do acanguçu animal carniceiro
Da família dos felídeos
Também chamado onça pintada ou
Jaguar da selva
O canguçu acangulado
Que tinha os dentes salientes
Como o peixe cangulo
Não me causa timidez
Falar estas coisas
Pois o que mais
Quereria ver era
O índio em seu lugar
Sem ninguém mexer
Nem incomodar
O índio livre feliz
Não sofrer o efeito acanhoador
Que a cultura branca
Tenta impor
Chega de impor
Acanho aos índios
Deixe-os sem acanhamento
A viver sua cultura
A gozar suas tradições

Para derrubar-me; BH, 0401101999; Publicado: BH, 03001202011.

Para derrubar-me
Só se acanhoar-me
Abater-me com tiros de canhão
A acanhonear meu coração
É bater-me bem de frente na fronte
Do contrário não caio
Só se disparar canhões
Contra mim
Bombardear minha fortaleza
Destruir meu forte
Do contrário meu amigo
Nem acanoado fico
Não sou tábua para empenar
No sentido da largura
Sou difícil de cair
Nem balançar chego
Acanônico incrédulo
Contrário aos cânones
Às regras da igreja
Só acredito em mim
Sou um santo acanonista
Transgressor da igreja católica
Para eliminar-me
Nem se acanoar-me
Ou dar-me á forma de simples canoa
Lançar-me na lagoa
Ao furar meu casco
Não vou a pique
Não vou ao fundo
Numa moita de acantáceo
Ou referente ou semelhante
Ao mato de acanro acântico
Escondo-me de todos
Não nem arranho-me

Hoje falei comigo mesmo sem querer; RJ, 0210501995; Publicado: BH, 03001202011.

Hoje falei comigo mesmo sem querer
De repente peguei-me a falar sozinho
Sentado no meio-fio da esquina da rua
Absorto estava comigo mesmo solitário
Com meus pensamentos que não levavam-me
Pois se estava sentado no meio-fio
Os meus pensamentos não poderiam levar-me
A lugar algum que quisesse que fosse
Mesmo se estivesse com vontade de ir
Sentia dentro de mim sozinho
Que não estava com vontade de mover-me
Só ficar sentado ali morto na calçada
Ou mesmo no meio-fio que fosse lá
Pernas mãos bundas joelhos sacos vaginas
Passavam todos bem apressados diante de mim
Meus olhos míopes cegos acompanhavam tudo
Todo o movimento desse vai vem vai vai
Era apenas um pensamento ali agora
Sentado à porta dum mundo estranho
Um estrangeiro mudo surdo mendigo
Coberto de andrajos poeiras tiriricas
A cheirar um pouco mal devido a falta de banho
Nem percebi quando aproximou-se o carro do hospício
Vestiram-me a minha camisa de força predileta
Fiquei bastante elegante seguro dentro dela
Novinha em folha feita sob medida para mim
Parti sem sair do lugar em que estava
Para a minha próxima casa nova na esquina da rua sem saída
Cataram-me as pulgas os piolhos os carrapatos
Que eram meus inquilinos inadimplentes
Há anos não pagavam-me o aluguel
Não sabia como fazer para receber deles
O jeito foi apelar para o bom senso da vida
Negociar a permanência por mais um período
Falei tanto que fiquei rouco perdi a voz
Peguei um mudo para falar por mim por mímica
Comunicava-se melhor é enterrar logo o defunto antes
Consegui entender o fim da última parte
Pedi um aparte ao saber quem o defunto era
Estava em adiantado estado de decomposição
Pensei com todos os meus botões então
Inclusive os da braguilha da minha calça saia
Pelo menos por enquanto estou a adiantar agora
Senti a terra a ser jogada em cima de mim
Aos poucos meu gritos foram abafados
Quero é ser cremado

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Procuro refúgio no meu quintal; BH, 02901202011; Publicado: BH, 02901202011.

Procuro refúgio no meu quintal
A CEMIG demotucana deixou-me
Sem energia elétrica para
Aplacar um pouco a frustração
Escondi-me aqui no quintal
A chuva não para a casa está
Às escuras o vira-latas de minha
Filha veio encher o meu saco não
Estou para brincadeiras estou fulo
Com esse governo incompetente
De MG suas empresas suas
Administrações em pouco tempo
Acabaram com a paciência dos
Mineiros com a saúde educação
Cultura a polícia demotucana
Não respeita ninguém a guarda
Municipal em postos de saúde
De maus atendimentos dá até
Tapas nas caras das pessoas
Quase três horas sem energia
Elétrica penso que a única
Maneira que a tucanalhada encontra
De não falarmos mal dela é a
De desligar MG desconectar o
Estado das redes sociais penso
Que não há justificativas maiores
Para qualquer chuva deixar o
Estado assim isolado do resto do
Mundo um dia inda nos livraremos
Desses canalhas que além de
Aparelharem o estado o administram
Mal o entregam nas mãos de
Comparsas incompetentes que
Derrotados em seus estados vieram
Para cá mas mais cedo ou mais
Tarde nos livraremos deles os
Colocaremos para correr graças a
Deus Aécio Neves já mudou-se
Para o Rio de Janeiro é menos uma
Peste a nos contaminar o próximo
É o Antônio Anastasia esse é
Intragável é a nossa azia o choque
De má congestão de MG

Depois de usado; BH, 0401101999; Publicado: BH, 02901202011.

Depois de usado
Velho alquebrado
Fui posto ao canto
Oculto da luz do sol
Separado das pessoas
Apartado do meio ambiente
Depois de estragado
Fui acantoado por todos
Esquecido abandonado
Posto de lado
Chorei de dor
Quando era jovem
Era tão acantonado
Distribuído por cantões
A conquistar aldeias
A transformar virgens
Em santas mulheres
Hoje não sirvo mais
Ninguém quer dispor de mim
Encantonar-me como antigamente
Aproveitar para tropas
Estacionar em diferentes lugares
Só me mandam para o descanso
Para mim é a morte
Não quero hoje
Morrer agora tão cedo
Mesmo eriçado de espinho
Como um acantóforo
A pretender inda a amar
Muito bem melhor
Não quero que meus frutos
Se transformem em acantocarpos
Sejam iguais a mim
Cobertos de espinhos

Quero exaltar; RJ, 01º0601981; Publicado: BH, 02901202011.

Quero exaltar
O amor que tenho por ti
A paz que vejo
Em teu olhar
Quero exaltar
A tua esperança
A tua bonança
Quero exaltar
O teu amor
A segurança que sinto
Quando estou a teu lado
Quero exaltar
Teu corpo tua imagem
Teu pensamento coragem
Falar de ti
Para Deus para o mundo
Cantar-te
Para o universo inteiro
Em prosa
Em verso
Em sinfonias
Em melodias
Canções músicas
De qualquer maneira
De todas as maneiras
Não importa como
Só importa que
Quero exaltar-te
Pôr-te num altar
Num ninho de carinho
Entre os meus braços
Em eternos abraços ternos
Beijos de amor
É isso que quero
Fazer de ti
Uma santa eterna
Quero exaltar
Exaltar a vida
Que se encontra em ti

Elemento de composição; BH, 0401101999; Publicado: BH, 02901202011.

Elemento de composição
Designativo de espinha
Acanto do grego akantha
Acantopterígio etecetara tal
Não penseis vós
Que vais me transformar
Em vil acantocéfalo
Espécie classe de animal
Do ramo dos nematelmíntios
Parasito do intestino dos vertebrados
Que caracteriza-se pela ausência
Do tubo digestivo
Traz à cabeça tromba
Alguns espinhos
Podeis até me transformar
Num acantopterígio
Espécie ordem de peixe
De esqueleto ósseo
Caracterizado por alguns
Raios duros
Espiriformes nas barbatanas
Com a acantose então
Espessamento da camada
Da pele chamada de
Corpo mucoso de Malpighi
Com o acanular da vara
Da cânula ou do cano
Vou submergir em mim
Soçobrar em meu ser
Encapelar-me infinitamente
No meu interior capelo
Acapelar-me na alma
Não vir à tona nem para respirar

Hoje pago por meus erros; RJ, 0150250301988; Publicado: BH, 02901202011.

Hoje pago por meus erros
Confesso que errei
Errei por não saber superar
Os meus próprios complexos
Os meus próprios tabus
Preconceitos dogmas
Errei por não saber superar
Os meus próprios erros
Por não saber superar
A mim mesmo
Hoje pago duro
Por meu defeitos;
Por meus delitos
Por meus demônios
A minha reduzida inteligência
A minha falta de capacidade
Não me deixam atingir
O rumo da felicidade
Não sinto o gosto
Do que é ser feliz
Do que é ser paz
Do que é ser amor
Não sinto o gosto do saber
Volto atrás
Vou adiante
Hoje confesso que errei
Que vivi no erro
Nunca acertei
Errei por não saber ser
Por não saber ser tudo
Por não saber ser nada
Por não saber sair
Da prisão domiciliar
Que é a minha cabeça
Do medo que tenho
Da covardia infinita
Que se apoderou de mim
Como superar este abismo?
Como transpor esta ponte?
Como equilibrar nesta corda bamba
Que é a minha mente flagelada?
Como conviver comigo?
Com esta falta de razão?
Com esta falta de solução?
Para a minha existência
Confesso que estou indignado
Constrangido contrito
Confesso que estou desesperado
A nata do desespero
Diante das coisas
Hoje pago por meus erros
Confesso que errei
Errei por não saber superar
A dor imensa profunda
Que rege meu coração
Um coração sem compasso
Que bate sem ritmo
Capenga aleijado
Que precisa duma muleta
Para poder andar
Confesso que errei
Não valeu a pena confessar
Não mudou nada
Não mudei em nada
Podeis até assinar
O meu atestado de óbito
Estava morto
Não sabia
Estava errado
Não sabia
Não encontrei
A minha solução

Light raio de luz concentrado; BH, 0401101999; Publicado: BH, 02901202011.

Light raio de luz concentrado
Amplification by obtido por emissão
Stimulated estimulada Emission of
Radiaton certa vez comentaram não sei se
É verdade o que disse o grande brasileiro
Luis Carlos Prestes mas se não for
Melhor havia declarado não ficar fora
Duma guerra de realidade entre o
Brasil a antiga URSS ficaria do lado da
URSS mais hoje pergunto daria um tiro
Em hipótese duma guerra do Brasil contra
Outro país qualquer quem se habilitaria
Defender esta ou lutar pelo Brasil? corja de
Abutres que iria dar a sua vida querida
Para defender os interesses que foram os
Dos Josés Sarneys Celsos Pittas Brasil
Antônios Carlos Magalhães Newtons Cruzes
Delfins Netos Robertos Jeffersons
Robertos Campos Moreiras Francos
Fernandos Collors de Mellos Cesares Maias
Fernandos Henriques Cardosos
Marcos Macieis os irmãos Farias
Os Civitas das Zélias Cardosos de Mellos
Bernados Cabrais Robertos Marinhos
Mários Garneros Helenas Landaus
Assises Pains Armínios Fragas Paulos
Malufs Orestes Quércias eu não nunca de
Jeito nenhum virarei herói por esses crápulas

Até hoje; RJ, 0250301988; Publicado: BH, 02901202011.

Até hoje
Que me tenho por gente
Nunca segui ao pé da letra
Uma determinação dos meus pais
Sempre procurei fazer
Tudo ao contrário
Do que pediam
Porque é que agora
Vou querer determinar
Alguma coisa que seja
Aos meus filhos?
Vão ser o que bem entender
Que vão ser
Que bem quiser ser
Não sou o que vou querer
Que sejam alguma coisa
O que quiserem ser
Serão
Poetas marginais ou revolucionários
Terroristas ou pacifistas
Comunistas ou capitalistas
Socialistas ou militares
Esquerdistas ou direitistas
O futuro pertence a eles
Apenas estarei ao lado
Serei amigo cúmplice
De todo ato que cometerem
Estejam certos ou errados
Estarei com eles
Não serão iguais a mim
Não darei exemplos
Nem serei espelho
Não quero que busquem o
Meu mesmo caminho
Serei guiado por eles
Dividiremos o mesmo mundo
Gostaria de poder oferecer
Um Brasil melhor
Mais livre humano
Um Brasil mais feliz
Um Brasil socialista
Sem a sombra dos USA
Sem a sombra dos monstros do consumo
Sem as sombras das drogas

Lenha seca não lança fumaça; BH, 0501101999; Publicado: BH, 02901202011.

Lenha seca não lança fumaça
É uma acapna boa de fogo
Lenha verde não queima
Ainda enfumaça a tarde toda
Chora quando o fogo chega
Chora igual as abelhas
Quando perdem o acapno
O melhor mel extraído da colmeia
Sem expulsar as abelhas
Que não querem sair
Por meio da fumaça
Choram tal a acapora
Planta da família das Caprifoliáceas
Sabugueiro tutano o acapu
Árvore da família das Leguminosas
Divisão papilionáceas
O mesmo que uacapu
Análogo a toda a natureza
A todo o universo
À toda criança que
Nalgum lugar na face da terra
Sofre algum tipo de violência
Todos devemos chorar
Por todos esses seres
Que muitas vezes nem sabem
Como se defender
A abelha ainda tem o ferrão
Ataca pode até matar
As árvores que viram lenha?
As crianças desamparadas?
Só nos resta chorar por elas
É o mínimo que podemos fazer
A pedir a Deus que um dia
O quadro possa se inverter

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A brisa; RJ, 060501995; Publicado: BH, 02801202011.

A brisa
Fria da noite
Toca o meu corpo
Arrepio-me de frio
Não tenho agasalho
Não tenho cobertor
Sou menino de rua
Criança
Já mendigo
Vivo de esmolas
De caridade de furto
O estômago dói
A maconha ajuda
A cola me cola
Prende-me na sola
Das botas da polícia
A cocaína me ajuda
A sociedade me marginaliza
O grupo de extermínio
Caça-me como se fosse
Um animal raro
Ao ser cada vez mais
Um grande número em evidência
Que até do governo
Enchi a paciência

Conheci um abidense; BH, 02601001999; Publicado: BH, 02801202011.

Conheci um abidense
Natural de Àbido no Egito
Abietário por profissão
Era uma pessoa que trabalhava
Com a madeira do abeto
Com o ácido abietâmico produzido
Abiético encontrado na resina
Abietina extraída de várias aplicações químicas
Da árvore conífera que tal como
O pinheiro o cedro de
Floresta abietínea
Hidrocarboneto abietena
Conseguido de destilação
Do Pinus sabiniana
Quando abriu os olhos
Ficou com o coração a chorar
Por cada árvore arrancada
Cada árvore morta
Desde a criação do mundo
Deixou o coração a chorar
Uma lágrima por cada
Árvore desaparecida
Desde o início do universo
Morreu de abietite,
Substância extraída da Abies pectinata
Morreu sem oxigênio
Pois não havia mais árvores
Para purificar o ar
Morreu no auge da evolução
Do desenvolvimento da era moderna
Do concreto da cibernética
Do robot da computação
Adeus meu irmão

Político brasileiro; BH, 02601001999; Publicado: BH, 02801202011.

Político brasileiro
Tem a cara de pau
De abibliotecar a mentira
Arranjar a falsidade
Dispor da ilusão
Faltar de liberdade
Abusar da enganação do povo
O país pode não ter
Dinheiro nenhum
Para poder resolver
Os graves problemas nacionais
Agora para pagar presidente
Pagar senador
Deputado vereador
Governador prefeito
Ministro secretário o
Dinheiro não pode faltar
Para pagar essas abiburas
Essas espécies venenosas
De cogumelos nacionais
Tem que fabricar dinheiro
O jeito é encher um navio
Com toda espécie possível
Desse detrito num destino abicado
Com a proa voltada para a terra
Terra bem distante em direção
A um porto sem volta
Ficarmos livres para sempre
Duma vez por todas
Desses bichos parasitas
Pais das falcatruas
Filhos das mamatas
Servos das mordomias
Escravos da corrupção
Será a nossa felicidade

Jamais quereria me transformar; BH, 02601001999; Publicado: BH, 02801202011.

Jamais quereria me transformar
Num deputado federa ou mesmo
Estadual jamais quereria ser um
Abezerrado semelhante a um
Senador bezerro nas tetas das
Verbas públicas ou um presidente
Amuado ministro cabeçudo não
Nasci para ser político renitente
Embezerrado com a corrupção
Mordomia tráfico de influência
O povo brasileiro precisa calar de
Vez a voz desses aproveitadores
Precisa amuar-se contra eles a
Enfezar-se acabar com um basta
Com as boas vidas desses párias
Da nação a nação precisa impedir
Aos que querem só se abezerrar
Usufruir da mamata não se preocupar
Com os verdadeiros problemas que
Atravessamos é o fim das ábias
Insetos himenópteros que só querem
Abichar no poder conseguir vantagens
Vampiros sanguessugas obter posições
Elevadas lucros fáceis imunidades
É o fim da mentiras bibliotecadas
Dispostas conservadas em processos
Como livros nas bibliotecas é hora de
Condenar cada político tem que apanhar

Fora da linguagem médica; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

Fora da linguagem médica
Da qual não entendo nada
Sigo abeverado o meu caminho
Apesar de estar condenado
Abeverado aos poucos dias de
Vida sigo mesmo embebido de
Ilusão encharcado com a certeza
De que está cheio de qualquer
Líquido o meu angustiado
Coração estou cheio de fel
De vinagre de pinga de
Amargura vazio da ciência do
Saber abeberado de ódio
Rancor de ira que não me
Deixam viver quero abeverar
Minh'alma ensopar meu espírito
Encher minha mente abeberar
Meu ser embeber meu ente em
Qualquer fonte que me traga o
Conhecimento desde o tempo do
Abeviliano artefato pré-histórico
Do paleolítico mais antigo
Caracterizado por ponta de silex
Bifacetado de Abbeville França
Cobri com a máscara mortuária
O meu rosto abexigado que tem
O vestígio da bexiga da varíola
Negra que veio abexigar aqui por
Muito tempo furou o rosto de
Muitas crianças ao
Transformá-los em peneiras

Sumiu do mapa; RJ, 0200201995; Publicado: BH, 02801202011.

Sumiu do mapa
Ninguém nunca mais viu
Foi para outro espaço
Ser estrela absoluta
Noutra constelação
Foi ser brilho mais forte
Noutro coração
Dobrou a esquina
Se perdeu na multidão
Quem viu não fala
Quem não viu, também
Só ela sabe
Onde ele está
Dentro dum buraco negro
Ou qualquer corpo estelar
Um quasar perdido
No espaço sideral
Um mapa desconhecido
Com tesouro escondido
Sem pirata de olho tapado
Sem navio fantasma
Sem perna de pau
Deixou flagelados
Homens naufragados
Corações ilhados
Em dilúvios de lágrimas
Sumiu
Sumiu mesmo
Perdida no espaço
Entre os espaços
Do espaço

Não posso continuar assim; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

Não posso continuar assim
Coberto de dúvidas de incertezas
Ligado ao submundo misturado
Com as piores espécies das
Espécimes abetumado cheio de
Goteiras para ser calafetado com
Betume vivo grave pensativo
Sem ser o pensador de August
Rodin solitário triste abatumado
Esquecido abandonado abetumado
Só um técnico em abetumação
Operário especializado padrão
Em calafetagem calafetador
Abetumador para dar consistência
À minha fragilidade ao meu aspecto
Semelhança só o betume para me
Pichar tapar-me com pez abetumar
A impedir que a vida se esvaia de
Mim por minhas fraquezas por
Meus poros buracos falhas o certo
É que não posso continuar assim
Sem abevacuação de mim de todos
Os males não posso permitir a
Evacuação incompleta ou parcial
Tem que ser abundante a livrar-me de
Todos os defeitos todos os erros do peito

Ainda não aconteceu em mim; RJ ,0200201995; Publicado: BH, 02801202011.

Ainda não aconteceu em mim
O meu grande descobrimento
Não sou um descobridor um
Desbravador intimorato ainda
Não aconteceu comigo o meu
Descobrimento de navegador
Não sei para que vim vi não
Venci não sei o meu legado a
Minha missão não sei a minha
Parte o meu pedaço de chão a
Causa do meu bloqueio a falta
De visão a inexistência de
Genialidade dum suspiro de
Razão o enchimento do vazio
Que existe em meu coração o
Medo constante pânico vibrante
Passo vacilante covarde sem
Reação galinha fora do poleiro
Galo sem esporão meu terreiro
Não é meu meu quintal não sei
Não só sei que até hoje em dia
Nos caminhos desta vida meu
Descobrimento na minha grande
Navegação ainda não tem data
Preferida nada posso comemorar

Fugi igual a uma abertada; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

Fugi igual a uma abetarda
Um peru selvagem ave
Peralta vagarosa fui chamado
Assim de abeta de aba diaba de
Abinha diabinha no meu andar
De betarda com a vergonha da
Batarda do batardão gazola o
Mesmo alcaravão pavão-selvagem
Sem penugem no rabo parecido na
Forma nas cores pardo castanho
Ruço abetardado desconhecido de
Coração estreito caminho tortuoso
Sem ser aplicado a estradas retas
Caio em ruas de baixo meretrício
Abetesgado abético derivado
De abetinado que não tem
Qualidades a rijeza do abeto a
Destilação própria da resina
Abetinote fluído do abetouro a
Certa espécie de urze fugi mais foi
De mim igual a traidor envergonhado
Pois não via outra solução já estava
Caído no chão vencido e derrotado
Coberto de cascas de batatas

A escalada é tortuosa; RJ, 0270401995; Publicado: BH, 02801202011.

A escalada é tortuosa
É difícil duro o caminho a seguir
É bem curto o tempo
Geralmente morres
Bem antes de concluir
Tens que ter coragem
Não a tens
Tens que ter peito
Não o tens
Passas o tempo
A te iludir
A te enganar
Crente que
És alguma coisa na vida
No fundo
Até mesmo sabes
Que não passas de ti mesmo
Ficas preso à força da gravidade
Não voas nem levitas
Conscientemente
Toda vez que tentas plainar
Cais não consegues te levantar
Ficas estendido
Sem poderes andar
Como se fosses um bêbado
Que bebeu todas as bebidas
Que encontrou pelo caminho
A escalada não é fácil
Porém o que dá sabor
São as coisas difíceis
Que a vida nos oferece

Fico triste com o meu abestamento; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

Fico triste com o meu abestamento
Bobão sem diversão já passou o
Tempo a razão a utopia a minha
Imbecilização não vai chegar ao
Fim o meu embrutecimento de
Jumento aumenta mais do que
Pica de burro aumenta com a
Apalermação do corpo do ser
Estupidificado abestiado de
Dar nojo o dia que a luz do sol
Brilhar deixar de abestializar-me
A nascer em mim um novo
Pensamento posso até ter a
Certeza que não vou mais
Abestiar não quererei mais
Abestalhar virar chacota das
Pessoas: vou me cobrir de
Abestim um novo nome
Duma nova espécie de linho
Não serei mais uma avestruz
Nada de esconder a cabeça
Na hora da realidade botar a
Cabeça a prêmio botar a cabeça
No cepo na guilhotina na forca
Nada de fugir da verdade
Vestir-me com o mesmo
Roupão de abestino subir
O cadafalso a olhar sempre
Para o alto como um novo
Tiradentes sedento de liberdade

A última volta do mundo; RJ, 0120701995; Publicado: BH, 02801202011.

A última volta do mundo
Chegou agora o momento
É a última volta do mundo
Não vale a pena correr
À velocidade da luz
O tempo já se esgotou
Onde é o esconderijo
O bunker de concreto
O transatlântico,
A mansão à beira do lago
É a última volta do relógio
Não precisas olhar as horas
Não marcas o enterro
Sem sepulturas
Sem flores
É a noite eterna
Sem lua sem estrelas
O sol já se escondeu
Atrás das minhas pálpebras
As crianças
As mães
As mulheres
É a última volta do mundo
Para aonde vais?
Deixas endereço telefone
O mundo vai cair no abismo
Saiu de órbita
Deu de cara com o buraco negro
Rastejou igual a um verme
Não tomou atitude
Agora é mais do que tarde
Nada detém o mundo
Nem todo o ódio possível
Nem todo impossível amor
Faças logo teus negócios
Despeças dos teus vizinhos
É a última volta
A tua grande chance
Não teremos outra oportunidade igual

A minh'alma é um abesseiro; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

A minh'alma é um abesseiro
Lugar úmido frio
Falta sol dentro de mim
Sinto falta de calor no meu terreno

O meu espírito é um abixeiro
Estou cada vez mais obscuro
Mais gelado por dentro
Sinto-me um estranho

Um estrangeiro distante
Abessim de longínquas terras
Abissínio clandestino,
Um abexino sem passaporte

Abissínico sem documentos
Etíope sem carta de apresentação
Procurado pela polícia federal
Abasseno sem pátria

Abassino cujo conhecimento
Limita-se à mentira
Meu cérebro é abestainado
Abobado pela ignorância

Tudo por causa da ilusão
Sou um imbecil todo o mundo
Sabe só sou o que não sei
Um idiota alvar

Bruto embrutecido
Grosseiro pateta
Só sei abestalhar-me
Perante aos outros

Sei estupidificar-me
Não encontro meios
De fugir de mim
Da minha extinção

O Brasil tem saída; RJ, 0270401995; Publicado: BH, 02801202011.

O Brasil tem saída
O Brasil tem jeito
Tem gente que não fica satisfeita
Quando chega à conclusão
Que o Brasil vai dar certo
Com todo o erro que tem aqui
O Brasil é um país viável;
Apesar dos Sarneys da vida
Dos ACMs dos Collors
Apesar dos PCs Farias dos políticos
Dos entreguistas falsos nacionalistas
O Brasil tem saída
Tem que sair da mão da elite
Entrar na mão do operariado
Tem que sair da burguesia
Das classes dominantes;
Entrar o proletariado
O Brasil precisa caminhar
De encontro ao povo brasileiro
É uma pena
Que exista uma grande diferença
Entre o Brasil o povo
O povo está sempre por baixo
Nunca esteve no lugar
Onde deveria estar
No pedestal da democracia
A guiar as rédeas da nação
Da absoluta nação brasileira
Ninguém conhece os problemas do povo
Do que o próprio povo
Cria-se aqui então
A República Popular Brasileira
Totalmente dirigida gerida
Pelo soberano povo brasileiro

Que destino abespinhadiço; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02801202011.

Que destino abespinhadiço
As coisas realmente não são
Da maneira que nós

Queiramos que sejam
Que tempo irritadiço
Queremos acertar a mega-sena

Não acertamos
Queremos conquistar uma mulher boa
Gostosa bonita

Não conquistamos
Que período agastadiço
Queremos poder não temos

Tudo ao nosso redor
Só sabe nos abespinhar
Encolerizar por falta de paciência

Irritar por causa das derrotas
Zangar por descobrir a mentira
Enfurecer ao saber

Que a mulher está com outro
Não está a dar mais
Nem bola para nós

Que vergonha é essa
Pode se agastar cada vez mais
Quem somos nós para querer

Que as coisas sejam
Do jeito que nós pensamos
É a ilusão abespinhável

Facilmente irritável
Inda mais quando
O tempo passa

A abessaria abre
Em nosso rosto
Os sulcos feitos pelo arado

Do tempo que nos aprisiona
Da velhice que não sabemos
Como impedir de acontecer

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Se ando pelas ruas da cidade; RJ, 0120701990; Publicado: BH, 02701202011.

Se  ando pelas ruas da cidade
De dia de noite não chego a
Sentir nenhum pouco de
Felicidade a verdade me
Mete medo fascina-me me
Alucina a cidade é minha
Ruína com toda a população
Vivo sozinho não conheço
Ninguém ninguém me conhece
Até parece que sou um ser
Doutro espaço m ser do além
Um sobrenatural pois tudo que
Vejo aqui só me faz mal pobreza
Miséria destruição mendigos
Abandonados eus que universo
Afligido que formação bloqueada
Asfalto concreto armado assalto
À mão armada alucinações
Urbanas falta de ar de árvores
Poluição visceral vago neste mar
Infernal de dia e de noite sem
Hora para parar posso até a vir
Morrer afogado e não souber nadar;
Pois as chamas me queimam me
Fazem afundar mais mais vou ao
Fundo à tona não posso mais voltar
O peso da minh'alma é maior do
Que o peso do meu deslocamento
Espiritual não boio neste enxofre,
Sou consumido pelo ácido não
Plaino neste vácuo que me oprime
Despreza que me explora discrimina
Que me decapita decepa que me
Disseca vivo em plena luz do dia lança
Meus dejetos na atmosfera poluída

Que mulher esbelta; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02701202011.

Que mulher esbelta
Desembaraçada espontânea
Só a imagem dela
Já me deixa abesourado
Amolado com a beleza
Incomodado com tanta alegria
Molestado por saber
Que aquela boca fresca
Nunca vou poder beijar
Fico aturdido só em pensar
Que como deve ser gostoso
Aquele sexo que guarda
Dentro daquelas duas belas pernas
Só de ouvir o som
De voz tão aconchegante
Fico atarantado surdo
Para as outras coisas da vida
Essa mulher sabe me abesourar
Sabe como me amolar
Incomodar o meu sossego
Sabe me importunar
Apoquentar como ninguém;
Sabe me aturdir com palavras
Ou me deixa cheio de ruídos
Cheios de zunidos dentro da cabeça
Como fazem os besouros
Sabe me abeisorar
Perto dela não sinto abespinhação
Irritação ou zanga
Melindre ou abespinhamento
Fico é muito ciumento
Só por sentir o vento
A acariciar na fronte

Escapaste de mim; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02701202011.

Escapaste de mim
Não consegui te agarrar
Pegar-te pela abertura das vestes

Fluíste ligeira entre meus dedos
No mais desnecessário neologismo
No aberturar da ansiedade angustiante

Nós presos iguais abesana
A junta de bois de carga
O primeiro sulco que faz o arado

Que serve para orientar os demais
Fugiste pelos riscos de terra
Num bumba-meu-boi abesantado

Ornado com besantes
Com discos voadores
Moedas que pagaram Judas

Medalhas de ouro de Olimpíadas derrotadas
Pertencentes à heráldica
Escudos abesantados

Guarnecidos por brasões
Pois na hora do perigo fatal
Gostaria de abesantar teu corpo

Livrar dos abesardos
Dos besouros horripilantes
Abesentar tua alma

Livrar dos espíritos alucinantes
Fazer com que minha vida
Não seja mais um abese

Que não sinta mais este abase
Vazio infinito no peito
Para que o meu espírito

Fique cada vez mais abeselgado
Desenvolto desempenado
Esbelto ao pensar em ti

Não tenho o poder abendiçoador; BH, 02401001999; Publicado: BH, 02701202011.

Não tenho o poder abendiçoador
Nem posso abendiçoar ninguém
Tenho medo até de felicitar a uma
Pessoa o efeito da felicitação sair
Errado sou uma abepitimia uma
Ausência de vontade de ser feliz
Não tenho desejo dalguma coisa
Que quer que seja sofro de abulia
Com a perda total ou a perda
Parcial da vontade sou uma
Doença uma anepitimia perdi
Todos os meus desejos não encontro
Lugar onde esconder aberrância
Que carrego dentro do ser sinto a
Aberração que me acompanha o
Afastamento da verdade o aberrar
Da irregularidade na curvatura do
Meu coração onde está o abertão?
O aumentativo da abertura o rasgo
Da passagem a clareira por onde
Vou escapar perdi na esteira voadora
Do passado a aberteira a porta aberta
Meu corpo gordo aberinjelado não
Conseguiu fugir pela abertona da
Agulha briga feito peixe fora d'água
Perdido fisgado no anzol mormente
No porão do navio a pique