quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ouço mais nada; RJ, 03001101996; Publicado: BH, 020202012.

Ouço mais nada
Só os ruídos do
Silêncio da madrugada
Encontro-me aqui
A resistir contra todos
Contra a vida a morte
Vozes se perdem
Iguais balas perdidas
São restos de vozes
De motores de carros
Dalguma coisa qualquer
As pálpebras pesam
O sono já chegou
Cochilei quase cai
Balancei dum lado para outro
Consegui abrir os olhos
Com muito esforço
Mantê-los abertos
Pesam toneladas
Quero aproveitar o tempo
Correr para casa
Deitar ao lado da mulher
Ver os filhos a dormir
Continuar a viver noutro dia
Deixar para depois
Os atos de resistência
Não resistir a mais nada
Não resistir aos beijo
Da mulher amada
Cair nos braços dela
Fechar os olhos de vez
Dormir a sonhar
Sem ter pesadelos
Sem ter que acordar

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