Hoje quero falar sobre tudo que puder ou não puder falar
Do que se passar na minha mente pensamento memória
Quero falar assim aleatoriamente sem vínculo
Sem preconceito sem estilo sem nível sem escala
Sem epílogo sem prólogo também sem fim
Quero falar sobre tudo que se passa dentro
Fora de mim sem esconder nada de ninguém
De mim sem temer o que vier acontecer
Com tudo que pretendo falar hoje nesta ladainha
Interminável sem vírgula ponto sem ponto vírgula
Ponto final sem dois pontos reticências
Sem travessão barra sem parágrafo tremas
Quero falar livremente com liberdade com
Libertação liberdade de expressão nada de mordaça
Censura nada de proibição de discriminação
Nada de perseguição prisão cárcere privado
Hoje estou endiabrado nada vai
Segurar-me a não ser esta caneta esta
Folha de papel branco na qual deixo
Escorrer esta hemorragia esta diarreia
Este vômito das minhas vísceras sedentas
Não quero nem saber o que vai sair
O que vai acontecer o que vai ser
Feito com o que tiver saído de dentro
Do peito ou o que entrado dentro do peito
As transformações metabólicas as
Metamorfoses espirituais não tomarei
Conhecimento não porei dentro dum
Contexto dum sistema ou dum quadro
Simplesmente será como uma chuva que cai
Como uma água que se evapora ou como um
Vento que toca de leve os cabelos duma mulher
Será como o ar que entra nos pulmões que
Transforma-se no vento vai por aí a arrastar
Palhas folhas no terreiro dum quintal
Se não tive coragem a culpa não
Foi minha a vida ficou aí à minha
Disposição a oportunidade esteve aí a
Procurar-me juntamente com a esperança
Mas se não tive coragem a culpa não
Foi minha minha covardia foi maior
Meu medo foi infinito se tenho
Sempre que falar nessas coisas foi justamente
Por não ter conseguido vencê-las foi por
Não ter conseguido ultrapassá-las como
Um homem comum um ser humano comum
Enquanto não vencer enquanto
Sentir dentro de mim que ainda fraquejo
Que ainda tremo fico com as pernas bambas
Que ainda sinto aquele frio na barriga
Aquela insegurança não poderei deixar
De falar em tudo que me perturba me
Aflige na menor circunstância na menor
Questão decisão atitude que tenha
Que tomar ou que venha a acontecer comigo
Qualquer um que olhar para mim verifica
Logo que sou um fraco verifica logo
Que sou um vazio um inútil fútil
Um imprestável um pobre de espírito só
Em me olhar as pessoas não sentam ao
Meu lado no ônibus urbano não me
Dirigem a palavra quando querem uma
Informação ou um favor qualquer
Só de baterem os olhos em mim já querem
Evitar-me isolar-me já querem desprezar-me
Manter-me à distância como se fosse
Algo que causasse um acidente
Como se fosse um motorista embriagado
A dirigir em alta velocidade na
Contramão um caminhão de carga pesada
À noite com faróis apagados na chuva
Não transmito energia positiva não tenho
Magnetismo não transmito positividade
Segurança a quem me procura parece
Até que é um imã a repelir o outro é assim que
Acontece comigo por não saber me
Equilibrar coordenar as capacidades as
Estabilidades emocionais físicas
Qualquer pretexto já é um motivo para
Entrar em pânico ficar afobado
Entrar em desespero extremo todo mundo
Nota logo à primeira vista a fragilidade
Que transmito aparento não quer nem
Saber de contaminar para não ficar igual
Fico como se estivesse visto assombração
Um menino chorão atrás do leite do peito
Materno um menino mijão que mija toda noite
Na cama nos lençóis nas cobertas
Nem surra me consertou nem sova adiantou
Nem taca me corrigiu chineladas correadas
Beliscões tapas não foram suficientes para
Fazer de mim o menino homem que seria
A menina dos olhos de minha mãe
Meu pai já preferiu que fosse um convertido
Na fé na religião que se converteu
Não houve nada que me comovesse a
Ponto de me converter de ainda ser um
Dizimista daqueles que o pastor mais adora
Fora o que todos os meus irmãos tentaram,
Fazer para me ajudar tentar me erguer
Fora o que já gastaram já perderam
Dinheiro comigo não tive jeito de
Aprumar-me de ir para adiante como
Toda pessoa competente eficiente só soube
Foi fazê-los perder dinheiros porém um dia
Pago tudo com um poema um soneto uma poesia (1)
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