quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Portugal, 5500, 2; BH, 0280802014; Publicado BH, 01º01002014.

Viver o domingo não orar à poesia
Não é viver o domingo não fazer oração ao poema
É não viver o domingo
Domingo é dia de oração
Dia de ação de graça às garças brancas
Às borboletas azuis
Aos sabiás bem-te-vis aos calangos das relvas
Aos tico-ticos que pousam nos muros
Domingo é dia de salmodiar
Cantar hinos de louvores
Harmonizar a natureza com o azul do firmamento do céu
Com a beleza da tarde setembrina
Quase a se esconder atrás da colina
Quem não aproveitou
Deixou de lado a inspiração
Não viveu a imaginação
Não levou felicidade ao coração
A humanidade precisa dum domingo para existir
Qual ser humano não consegue existir num domingo?
Qual ente da raça humana
Consegue passar sem cor
Um domingo cheio de amor?
Graças às eternas órbitas celestes
Graças aos eternos movimentos terrestres
O domingo sempre será eterno
Quem souber vivê-lo
Poderá ser eterno também
Justamente nestas horas
A loucura apodera-se de mim
Quero ser poeta quero ser poesia
Quero se poema quem diria
Só escuto na antologia a zombaria
Só desperto o riso causo a hilaridade
As coisas me olham do alto
Às gargalhadas
Tu poeta?
Contorcem-se
Não nos ofenda
Há limites para tudo na vida
Caia na realidade
Não és uma flor
Não és uma nuvem
Não és olor
Poupa-nos das tuas reminiscências vis
Não maltrateis-me
Deixai-me a sonhar neste domingo
Depois
Pulverizeis estas tentativas de imortalizá-las
Tende paciência comigo
Sou um pobre duende descarado
Quero só os jardins
Os cogumelos as libélulas os nibelungos
Quero só os anéis de Saturno
Para deixar de ser este soturno sonhador
Acordar poeta louvador

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