Por mais que queira apurar os sentidos perco
Os sentidos queira agir com consciência
Perco a consciência nada há em mim além
Da treva fria que habita meu ser por mais
Que queira ser moderado sou sem moderação
Ser educado sou sem educação o que
Mais há em mim é a estupidez que não
Acaba a ignorância que não me deixa
Viver por mais que queira não usar as palavras
Não há outro jeito tenho que usar as palavras
O mais imbecil de tudo é que abuso das
Letras dos verbetes abuso dos vocábulos das
Expressões idiomáticas nunca tenho nada
Para dizer o vento que não vejo o ar que respiro
A água que bebo a terra que piso o fogo que
Queima-me são os elementos que independem
Da minha existência em tudo estão inclusos
Em harmonia em mim a quebra deles
É fatal o que resulta num espírito atribulado
A alma pode nem aparentar o ser enganar
Mas a geleira milenar se um dia inda
For extinta resultará em água fria
Gelada pois por mais que queira ter algum
Sentimento afasto-me de todos até de
Deus e de todas as religiões afasto-me da
Natureza das pessoas da vida mesmo
Que um dia meu nome por algum fator
Seja gravado numa pedra da pedra não
Levo nem composição nem consciência
Mais para arenito poeira pó não finco
Estaca sobre mim nada se sustentará as
Ferrugens limo isso sim no fim me cobrirão
Como acontece com as velhas sepulturas
Abandonadas nas beiras das estradas
Esquecidas das cidades fantasmas medievais
"O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer, sem vinho, sem canções, sem cantor. Sem fim." Omar Khayyan, séc. XII.
ResponderExcluirÉ por aí que passam os pensares do poeta...
Sobra nada mesmo, apenas as memorias em movimento pelos lugares por onde viveu...
E assim mesmo não demora e desvanecem...
Mas o Ser... este permanece, por ser imortal. E é só o que somos mesmo.
Muito obrigado, Carmen!
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