Quando os pensamentos passam arreados
Não posso perdê-los nessa hora com
Um salto mortal triplo de costas é que
Tenho de montá-los quando erro o salto
Estatelo-me no espaço de asfalto caio em
Queda livre mas preso no ar em pleno
Catafalco dos degraus das favelas descem
Os anjos noturnos com suas asas negras
Seus corpos esculpidos em tocos de
Madeiras queimadas seus nomes grafados
Em carvão nas paredes de carbono dos
Barracos às beiradas dos abismos seus
Olhos de diamantes negros fitam-me dos
Fundos das retinas não podem voltar aos
Céus donde foram expulsos são anjos
Pré-concebidos que estavam nas
Incubadoras à espera do tempo o tempo
Que perdeu a luz que perdeu o tempo
Todos dispersam-se os anjos cegos
Caíram no voo confundiram tições em
Brasas como as mariposas confusas com
A luz da vela são maus esses pensamentos
Perversas essas sombras tenebrosas essas
Penumbras que agigantam-se titânicas
Ciclópicas demoníacas nas nossas
Imaginações somos esses seres que somos
Com membros de entes componentes de
Entidades somos esses fantasmas esses
Ectoplasmas fantasmagóricos pseudo
Pessoas que iludimos vivemos iludidas
Temos sem ter ao não termos não somos pois
Só somos se tivermos o que não podemos ter
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