Estou nesta câmara-ardente na sala Na qual se expõe um defunto entre velas estou aqui a Espera do meu primeiro camarada o primeiro verme Companheiro de quarto das minhas carnes meu colega Que já deve até ter começado a me roer as entranhas Não sei por onde começarei a ser devorado por cada um Dos indivíduos que exercem a profissão de devorador de Defuntos me sinto um amásio sem tratamento adequado Como o que é levado entre os militares não tenho amigos Nem sou um naco de carne agradável por isso A camaradagem entre mim os vermes a convivência não Poderá ser amigável como entre as pessoas de mesma Ocupação a mim querem devorar o procedimento Para comigo não será obsequioso próprio de camaradas Fui esta câmara-de-ar este tubo de borracha que esteve Junto à camba da roda dentro do pneu que recebia o Ar para enchê-la agora são só os vermes que recebem O ar o oxigênio virei gás carbono virei butano Virei ar putrefato com o qual respiram sei que Em vida não fui camaradeiro como faz o verme com Facilidade com a carne não fui comunicativo Só tentei ser um poeta uma certa qualidade de Pego um vaso de louça antigo um dos nomes comuns A várias espécies de pequenos crustáceos não passei Dum camarão se por ventura quereis saber amei Mulher que arrumava os quartos nos hotéis amei dama Que prestava serviços à rainha ou princesa não passei De camareira não evolui na camarilha fiz parte Do grupo de pessoas que só vivem em torno de alguém Poderoso tais os vermes vivem agora em torno de mim Não sabem sobreviver sozinhos só soube influir em Decisões erradas tentei tirar vantagens de todas as relações Pessoais igual a uma sanguessuga uma ameba Mas não vivi de camarote não vivi donde os artistas mudam De roupa fazem a maquilagem vivi na pequena câmara Nos fundos dos sórdidos teatros nos camarins nem Cheguei a ser artista um poeta não pode ser artista Nunca tem quarto em navio fantasma em cada um Dos compartimentos escuros que ficam um ao lado Dutro em meia-lua nas salas de espetáculos medievais Onde vivi a camba feudal o índio vil que perde o caractere Próprio acaba por beneficiar aos outros com a própria natureza Vende as madeiras os animais a flora os minerais a mucama A escrava jovem escolhida para fazer serviços domésticos ou Acompanhar pessoas em viagens no tempo da escravidão Negra no Brasil hoje é entregue para a prostituição às Vezes ainda criança trocada por qualquer tostão como Se troca uma peça curva das rodas dos carros lá se foi A canalha capaz de tudo para lucrar é a globalização O neoliberalismo a chegar à aldeia lá está a Súcia na taba a negociar a vender a ceder desde Os primórdios da colonização lá está a corja reunida Como os madeireiros os estrangeiros os grilheiros todos Ávidos por tesouros descobertas naturais os laboratórios Multinacionais atrás das raízes medicinais salvadoras Levadas em grande quantidade com a conivência dos que Vivem pendurados em carros de luxo como se fossem molhos De chaves é triste a quantidade de objetos enfiados goela Adentro pela cambada que impunemente compra a maioria Do que restou dos nossos índios é cambalacho que vem Desde Cabral uma troca onde só saímos a perder uma permuta Onde nunca levamos vantagem com o ardil o logro do europeu Olhais o conluio que deu que até nas Olimpíadas o nosso Atleta parecia um cambaia om pernas tortas do ouro Levado pelos colonizadores não trouxeram nenhum todo o Conjunto ficou cambaleante igual ao regime neoliberal Que cambaleia no mundo todo o cambalear da globalização o Caminhar oscilante dum governo ineficiente impopular Sem firmeza que faz o povo oscilar ainda antes de viver Com o cambaleio dum salário mínimo as cambalhotas Da corrupção a reviravolta com o dinheiro público a volta Que se dá com o corpo sobre si mesmo para ocultar a Queda nas garras da justiça do ministério público dos Juízes honestos o chefe terá que responder um dia Historicamente por este cadáver chamado Brasil estendido Nesta mesa desta câmara-ardente |
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