terça-feira, 6 de novembro de 2018

Contorci sem ser contorcionista; NL, 0200302010; Publicado: BH, 0190502010.

Contorci sem ser contorcionista
Enrosquei-me da maneira que pude
Safei-me a rolar pelo chão
Em cima da cabeça raios trovões
Ai ai ai meu Deus do céu 
Perdi a mão em que que vou me
Segurar se estou quase a arrebentar
Pulei saltei ralei as costas nas falésias
Vi morros ladeiras chapadas cânions
Então falei água não vou querer
Beber vou dormir ao pé da pedra ao
Sonhar vou sorrir no desfiladeiro
Da vala aberta pela enxurrada
Despenquei em debandada estatelei
Não sei de quase nada quem
Sabe mais do que sei sabe tudo
Está mais preparado para o mundo
Só tenho o universo ao meu
Dispor da cachola tiro versos
Meu senhor dinheiro nunca terei
Da mulher não fui rei não tenho
Coroa rainha ou princesa
Meu reino é um poleiro de galinhas
Os galos quando brigam na rinha
Esporam-me com ferocidade aí
Tenho que vagar de cidade em
Cidade um cigano sem torrão
Pois cego não encontra coração
Peito aberto ou seio de mãe
Órfão sem tutor quem desejará
Encaminhar um ente cheio de dor
Cambaleante a tentar não trocar
As pernas para firmar os joelhos para
Não dobrarem amparado pelo muro
Costurado à parede bebi um balde
D'água não matei minha sede
Sou este peixe a se debater nesta rede

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