Um dia ainda vou descobrir a fórmula da escrita
O berço da palavra o esconderijo do verbo
Apesar de quererem destruir as letras
Encobrirem os fonemas creio em enriquecer
Uma frase com eles fazer um texto primoroso
De substantivos reconheço que ninguém
Irá ler mas o que importa? ficarei
Feliz satisfeito se um dia encontrar
Um jeito de eternizar um abc que
Seja depois de não restarem mais
Livros nenhum arquivo de literatura
Anais históricos no presente usamos
Poucos escritos se perdemos o
Costume penso que no futuro todos
Seremos mudos haverá uma mudança
Sofreremos uma metamorfose tudo
Que nós deixarmos de usar atrofiará
Nasceremos sem cérebros cegos sem
Dentes transformados em outros tipos
De seres diferentes dos seres humanos
É uma pena que é a própria humanidade
Que está para cavar a sua sepultura está para
Plantar seu fim num terreno infrutífero
Numa mata sem árvores fauna ou flora
Uma natureza morta aí será tarde demais
Ninguém salvará a cultura o folclore
Manterá as tradições dos nossos antepassados
As rezas de minha avó já sumiram as cantigas
De minha avó os causos as histórias do meus
Avôs nada disso resta daqui a pouco será de nós
Que nada restará para nos restaurar
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