Poema poluído feito com versos de pó
Poema destruído feito com versos de poeira
E de moléculas invisíveis e de imagens do ar
Opaco e grosso que impede a atmosfera de
Respirar o poema feito com sangue de
Fumaça e com sangue de carvão que sai da
Chaminé do mundo moderno e que caminha
Lentamente para a cratera fumegante dum
Vulcão em eterna erupção e poema feito sem
Poesia e sem rima e sem metria e sem versos
Livres e sem inspiração e sem nuvens no
Céu e sem nível do mar e sem o horizonte da
Terra e sem água no mar e poema feito sem
Cor do mundo e com versos podres do lago
Imundo e estrofes torcidas e embaralhadas e
Sem acordes distorcidos e poema fabricado
Com manufaturado de proletariado e com
Guerra atômica e crise espacial e morte
Sideral e desordem nuclear e poema poluído
E poema construído com concreto armado e
Com ferro e aço e pedra e areia e terra
Elementar e verso por verso e estrofe por
Estrofe e até o fim da vida não estará
Completo no começo da morte e poema a
Viver do lado do azar sem sombra da sorte.
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