Completamente perdido com essa quarentena da pandemia
E tudo por medo de morrer contaminado pelo tal do vírus
Que gosta de ficar vitaminado no organismo da gente
E fico com inveja desse povo que não liga para nada
E sai em passeatas ou carreatas e vai à igreja ou ao cinema ou ao bar
E medroso aqui resta-me ladainhas de linhas e mais linhas
E umas atrás doutras como se fossem batalhões de formigas guerreiras
A erguerem fortalezas de castelos para ser derrubadas
Pelos meninos sem pêlos e sem corações e que jogam
Pelotas de barro nos ninhos dos passarinhos descuidados
Ou nos calangos distraídos dos muros descascados
E desce um cabeça branca rua abaixo com uma lata na mão
E me dá até uma vontade de segui-lo sem nem querer saber de nada
Mas só a beber uma latinha gelada também e me
Quedo aqui de medo já que o vírus é cruel e
Se der sopa é beleléu apesar de sexagenário quinto no quintal
Não pretendo bater botas junto com a indesejada das horas
E já são quase dezoito horas e velho dorme cedo e acorda tarde
E o cachorro baforento não deixa de jogar o bafo fedorento
Em cima de minhas ruínas e só falta por me matar de apoplexia
E o bicho é teimoso e não sai de dentro da casa.
BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.
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