E nas incertezas destas últimas horas da vida
Lavrarei o maior número de linhas que puder
E linhas de todas as línguas e maneiras e
Jeitos e gestos e acenos e soluços e suspiros e
Murmúrios e sussurros e será como uma
Despedida preventiva pois pode ser que não
Terei tempo de me despedir de todas as
Linhas que compõem o universo e agradecer
Também já que o homem pode viver sem
Tudo porém sem linhas o homem não
Consegue viver e as linhas são infinitas de
Infinitos pontos de infinitas letras e de
Infinitas palavras e cada linha é mais
Discursiva do que a outra e quanto mais se
Alinhava um destino mais linhas se
Alinhavavam pelos caminhos e umas
Convergentes e outras divergentes e algumas
Linhas bambas a ligarem abissais penhascos
De abcissas de linhas internas e ordenadas e
Coordenadas de planos cartesianos doutros
Planos de linhas de espaços lineares de
Metáforas e literárias e não faço testamento
E é só um lamento de tentativa de despedida
De que perderei a utilidade caso consiga
Passar incólume por essa virose de vírus
Desconhecido e que quer junto com o verme
Conhecido exterminar os homens
Remanescentes da pré-história e conservar
Os homens ditos modernos da pós história.
BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.
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