Meu coração não é meu pois é transplantado doutro peito ateu
E é um coração carregado de sangue venoso sufocado de
Ódio afogado de cólera de ira não irá muito longe
Neste destino incerto tropeçará nas pedras deste caminho
Estreito mas meu coração é um aleijão por dentro um
Capenga manco sem moleta para coxo de bengala se
Instala em qualquer valeta come em qualquer cocho
Pois é um coração de porco tem gosto por qualquer esgoto
E não há nada que dispara este comboio que descarrilhou
Na encruzilhada dos fantasmas das assombrações
Dos vagões dos porões dos sotãos soltaram minhas mãos
E me vi afundar num mar de bílis num oceano gástrico
E arrotei amargo com amargor depois que vomitei azedo de choco
E nada em mim era doce tudo era louco a mágoa só aumentou
E quando a morte viu a careta da minha cara de caveira de fóssil
De esqueleto chorou como chora uma criança desmamada
De criatura sem criador da minha caveira de cara risonha
Ria da morte bisonha eternamente enquanto cavalgava
O meu cavalo do tempo o meu coração dançava
Com o vento menino redemoinho me elevei ao
Firmamento que se abriu para me receber.
BH, 01601002020; Publicado: BH, 0210602022.
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