Se precisares pensar para escrever não escrevas
E se quiseres torturar a mente em busca dalgo
Como um demente trêmulo tal um decrépito
Romper a normalidade para imortalizar uma poesia
Não o faças e nem fales o que fizeste ou o que
Deixaste de fazer pois a letra procura a palavra
E a palavra procura a frase e a frase a sentença
E a sentença o período e quando menos esperas
O teus fantasmas te deixam de legado uma obra-prima
E que ao final assinará como se fosse tua e até
Vangloriarás ufanamente que esquecerás dos teus
Fantasmas escondidos dentro de ti nos escombros
Das tuas masmorras e calabouços e prisões que usam
Por moradas e de versículo em versículo escreverás
Uma biblioteca e não ganharás o Prêmio Nobel de
Literatura e combaterás o capitalismo e derrotarás
A burguesia e aniquilarás a elite e destruirás a cleptocracia
E enterrarás a plutocracia e resgatarás a democracia
E devolverás ao povo o poder do povo e amarás ao
Teu próximo como a ti mesmo e viverás em paz sem
Cartões de créditos e débitos e não cometerás
Nenhum desmandamento e comerás teu arroz
Com feijão e farinha e beberás tua água fresca
Do pote e amanhã de noite quando for no mar noite
Dormirás o sono dos justos na embarcação dos sonhos
E não acordarás sonâmbulo a andar por sobre as águas.
BH, 02301002020; Publicado: BH, 0210602022.
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