Olhei para esta chuva como se nunca houvesse olhado para nada
E olhei para esta chuva com olhar parado e olhar de criminoso
E olhar de réptil de sangue frio e olhei para esta chuva como se
Não fosse humano e pôr dúvida se ser humano mereça uma chuva
Desta e olhei para esta chuva com olheiras e orelhas e como se
Sofresse com dor de cabeça e dor nos ossos e dor nos nervos e
Dor na pele e dor de morto e esta chuva cai e quase me faz chorar
E sorrio e digo que sou de pedra de mármore das cadeias rochosas
E a chuva responde a sorrir e a zombar num zunido nos ouvidos e
Zombeteira me desqualifica vil mortal e vão a tremer com o trovão
Em cima da cabeça e quem é esta cabeça e quem é esta manifestação
Que não está presente no vento bento que não existe na chuva que
Não se impõe ao trovão é um homem santo não só santarrão que
Tenta se intitular poeta e que pensa que pode chamar a chuva de
Sua e que pode domar o trovão e que a chuva cai para ser tão em vão
E o ser se apequena e se esconde atrás de palavras com
Letras molhadas mas que são de lágrimas e olhei para
Esta chuva como se fosse o último dia de minha vida.
BH, 0150402020; Publicado BH, 060602022.
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