e nada mais me veio à mente naturalmente
como antigamente
e cegamente tateio letra por letra para poder
enxergar uma palavra que já não me diz mais nada
e mesmo ao pegar elo por elo nos dicionários
de vernáculos
ou nas enciclopédias de versículos
ou nas bibliotecas das verborragias não formo a
corrente da poesia
e nem a correnteza do poema
e nem a nostalgia da elegia
ou o período da sentença
ou o pensamento da lembrança
ou o artigo da memória
ou o parágrafo da recordação
e papagaio gago gagá de pirata repito sem
respeito o mais do mesmo sem dó
e sem dom
e de ocasião em ocasião ao acaso no ocaso os
poetas riem de mim a rilharem os dentes
e os bardos caçoam de mim a caçarem vestígios
e a natureza
e a humanidade dão de ombros com os meus escombros
e com meus fantasmas familiares dos
monturos de resquícios
e minhas assombrações dos murundus das
penumbras das sombras desenterradas dos
recônditos de vudus espinhados d'áfricas mais inacessíveis
BH, 0150602021; Publicado: BH, 0130702022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário