domingo, 2 de junho de 2013

Após estar abaixo da condição do mundo imundo; BH, 070102000; Publicado: BH, 020602013.

Após estar abaixo da condição do mundo imundo
Debaixo também do universo doutro lado
Das estruturas normais essenciais
Resolvi reescrever ao escrever
Tudo que já escrevi que está escrito
Pois se mesmo não acreditar
De nada me vai adiantar
Ficar a esperar que venha alguém
A dizer para mim no meu ouvido
Que acreditou também que
Sempre esperou pelo alçar do meu voo
Pela abertura no azul do firmamento
Por onde ia fugir minh'alma
Por onde ia fluir meu espírito
Em forma de pensamento
Porém abriu-se uma fenda no chão
Uma fenda que revelou o tamanho
Da imensidão do infinito
Da vacuidade do ambiente físico
Onde pululam em chaleiras ferventes
Moléculas de átomos de matérias estéreis
Foi-se revelada aí toda a veleidade
A idade da vida colossal
Que mesmo aos que não merecem
Não é negado o direito de viver
Na justiça na liberdade na paz
Tem gente que não gosta
Quando se fala nessas coisas
Coisas piegas repetitivas
Iguais às pessoas que não gostam
Que se fala nessas coisas
A verdade é que se é necessário martelar
É necessário se repetir eternamente
Como um vídeo tape transparente
Mesmo assim ainda se corre o risco
De não surgir nada diferente
Pois desde que a luz é luz
A luz nunca deixou de ser luz
Desde que as trevas são trevas
As trevas nunca deixaram de ser trevas
O homem é que muda à toda hora
De acordo com a época com o tempo
De acordo com a era a aurora
Pois não sabe aprofundar a superficialidade
Não sabe estruturar as raízes
Mata as próprias tradições
Mata os próprios critérios
Escrúpulos qualidades
A mostrar as sórdidas vísceras
A mostrar as veias abertas de sangues venoso
Toda a culpa é recaída
Nos próprios ombros como fardos
Corcundas naturais das corcovas
Sempre hei de revelar o que sou
Sempre hei de mostrar o meu teor
Não tenho medo de me revelar
Como numa fotografia colorida
Ou como num desenho em preto ou branco
Não tenho medo de me abrir
Buscar dos mais escondidos recônditos
O empecilho do meu caminho
O obstáculo que por acaso
Queiram me impedir
De fazer minhas revelações
Que só interessam a mim
Sou o causador o criador
Sou o efeito o dia seguinte
Meu manancial não será perdido
Até o dia em que chegar
Em frente de mim mesmo
Alterar a fenda no chão
Que queira tragar o meu coração (1)

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