sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A sentir-me como um pássaro numa gaiola; RJ, 1981; Publicado: BH, 080702012.

A sentir-me como um pássaro numa gaiola
Sem comida sem água
Que se atira contra as grades
Até romper o peito
Ofegante de cansado
Com o peito dilacerado
A sangrar sem parar
É assim que estou a sentir-me
Preso ferido
As grades são de aço
Não consigo rompê-las
Ninguém abre-me a porta
Da minha gaiola dourada
Daria tudo para estar
Bem longe desta prisão
Se fosse um rei
Um deus ou seja lá o que for
Mandaria soltar
Todos os passarinhos
Que estivessem presos
Que estão presos
Em gaiolas assim
Igual a minha
Eita vontade de voar
Dor profunda no peito
Peso ruim na barriga
A carregar esta maldita gaiola
Se sinto-me assim
Imagineis um passarinho
Preso esquecido
Num canto qualquer
Sem água comida
Com o peito machucado
Solteis os passarinhos
Solteis os bichos
Que o rei mandou

Nenhum comentário:

Postar um comentário