quinta-feira, 31 de outubro de 2024

que queres tu meu jovem ancião

que queres tu meu jovem ancião
abobalhado de boca torta aberta
com essa caneta na mão que mais
parece uma varinha de condão? 
oh voz que clama no deserto que
virou o país oh voz rouca das ruas
enfumaçadas do brasil quero aqui
nesta folha de papel uma obra-prima
que caia do céu quero uma chuva
que mate o fogo que não mate o
povo que volte a fazer o país florir
que volte a fazer o brasil sorrir
olhemos através dos nossos olhos
vítreos a fauna exterminada a flora
dizimada o meio ambiente poluído
os mananciais contaminados oh
voz da musa divinal oh voz da
poesia celestial oh voz do poema
espiritual atendei a esse decrépito
septuagenário poeta decadente
sem dente sem mente demente 
só doente a implorar que a gente
pare de destruir o meio ambiente
neste poema cheio de dilema
amanhã será tarde demais não
teremos água amanhecerá deserto
não teremos ar não teremos mar
o que será de nós? oh voz feroz
ferina fina aquilina de morte azar
nos traga a sorte de sul a norte de
leste a oeste cabra da peste oh xente
tomara que o povo aguente esse
torrão quente esse tição na mão
povo do sertão indígena das florestas
oh vozes atendei a essa prece depressa

BH, 050902024; Publicado: BH, 03101002024.

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