terça-feira, 12 de abril de 2011

Confesso e escrever é muito difícil e quando; BH, 0190802001; Publicado: BH, 0120402011.

Confesso e escrever é muito difícil e quando
Vejo alguém que, no intervalo de tempo certo, foi
Claro, com extensão de superfície, capacidade e
Cabimento, tenho que tirar o chapéu e reverenciar com
O máximo de respeito, pela máxima que deixou
Na literatura; no meio ilimitado que contém todos
Os seres; e confesso ainda, que minha ambição,
Também é abraçar o meu espaço; mandar minha
Alma para o mais alto espacial e deixar meu espírito
Espacejar vivo, entre linhas e letras e palavras; e com
Fé ampliar meu eu; e com paixão adiar a mediocridade e
Com compaixão de mim mesmo, para espaçar meu eu
Cada vez mais entre duas ou mais coisas;
E espero inserir no espaçamento, sabedoria, se eu tiver;
Inteligência, se eu possuir, e os demais valores dos quais
Um escritor deve encher o bojo: virtude, razão,
Ética, raciocínio, verdade, realidade; quanto ao
Esoterismo, o conjunto de princípios que constituem
A doutrina esotérica, deixo-os ao escritor esotérico,
Que detém o conhecimento da doutrina secreta de
Certos filósofos antigos, comunicada só a seus discípulos;
Quero só ser claro, escrever e fazer-me entender
Por todos, sem causar ânsia ou dor; quero descer pelo
Esôfago de cada leitor, passar pelo canal que liga
A laringe ao estômago, e matar a fome que
A cultura causa ao homem; sem causar, contudo,
A inflamação esofagite; e com o meu esnobismo,
Esnobar sem admiração ao que está na moda
E ser esnobe com a pessoa que manifesta demonstração
De indiferença ao que é pobre e popular; e esmurrar
O indiferente; dar murros no ânimo; agredir aquele
Que perdeu a capacidade de indignar-se e caiu
No esmorecimento, no efeito do esmorecer, que
Abate o desprivilegiado no neoliberalismo e na
Globalização; é hora de reagir e não de desalentar;
É hora de ganhar ânimo e não de perder, ou de
Fazer perder as forças o entusiasmo, a coragem;
É hora de brilhar e não de apagar-se; o povo
Não pode virar mendigo; a nação não pode ser toda
Formada de pessoa que pede esmolas; não devemos
Viver à mercê do governo esmoler, que dá esmolas;
E não dá empregos; o trabalhador não quer esmolar;
Não quer pedir esmolas e nem mendigar; o povo
Não quer mais andar esmolambado, como alguém
Que tem as roupas em molambos; o salário, por
Exemplo, é uma esmola, pior do que a oferenda
Que se dá aos pobres; não sei qual será o esmo
Para o futuro; preciso arranjar uma estimativa
Para o futuro da humanidade; a raça humana
Não pode viver à toa; o ser humano não pode
Sair por aí ao acaso; é preciso dar razão de
Viver ao homem no mundo, esmiuçar o planeta
Em busca de um lugar melhor; dividir em pequenas
Partes a felicidade e pesquisar; explicar com
Por menores de esmiuçador, e ser aquele que também
Esmiuça para entender e compreender, qual a força
Que nos move na nossa viagem sem volta; não
Pode é deixar o bem esmirrar-se; não pode é deixar
O bom mirrar-se, esmucher-se como uma flor
Que foi cortada do caule; e no mais, é aprender
A fazer em migalhas o mal, sem vingança; é com a
Esperança que se vai despedaçar o que é ruim; reduzir o medo
De ser feliz e esmigalhar a covardia que nos
Transforma em seres indiferentes e omissos; originar
Então, a esmigalhadura das trevas; propagar sem
Ser em vão, o esmigalhamento da solidão; confesso,
Ser claro não é fácil; escrever com requinte e apuro
É pior ainda; escrever com perfeição é impossível;
É por isso que o esmigalhador não tem esmero; pois,
O que esmigalha a burguesia, aquele que esmigalha
A elite, tem que ser pior do que certa máquina
Agrícola e esmerilhar o couro da sociedade; tem
Que esmerilar o conjunto que nos explora; usar
Literalmente o esmeril para polir e amolar e
Arrancar a podridão do seio deles, que já estão a
Feder a tanto tempo; escrever é como possuir
A designação de várias substâncias minerais, em
Pós ou compactas, empregadas como abrasivos;
Escrever é ser pedra, pó de amolar e polir; o escritor
Que trabalha com esmero, não pode almejar o Prêmio
Nobel e nem cadeiras em academias de letras;
O escritor que apurar seu faro, aperfeiçoar o estilo
E esmerar na escrita, acaba por transformar-se,
Também, num elitista; e perde o valor esmeraldino,
Como o que tem cor ou aparência natural da esmeralda,
Pedra preciosa de cor verde; e sinceramente, não sei o
Que é que acontece comigo; no meu caso, não
Consigo uma linha sequer que seja digna de lucidez,
De sentido e de razão e de direção; e não
Sei usar esmalte; não sei disfarsar, como
A substância que se aplica sobre metais, unhas
Ou porcelanas, como ornato e a que reveste os meus
Dentes, já foi destruída pela cárie; e também não
Quero esmaltar a minha literatura; se é que
Já possuo alguma autoridade, para chamar o
Que escrevo assim; e o que me persegue de verdade
É que não consigo esmagar o medo; até tentei, mas
Não ousei quebrar a covardia; inibo-me sempre, e
A ingenuidade impede-me de triturar a insegurança,
E qualquer fato pode oprimir-me, ao deixar-me
Ficar muito tempo comprimido e calcado e sem
Reação alguma; isso colabora com o esmagamento
Do meu ser; é o fator do esmaecimento do  meu
Espírito; acordo para esmaecer-me, durmo
Para enfraquecer-me; qualquer grito faz-me
Perder a cor; nasci para esmaecer-me diante
Dos homens; e às vezes, um ou outro, pergunta-me:
Mas porque tu és assim? sou assim porque
Tenho que fazer jus àquilo que eu sou; se eu
Tivesse nascido eslavo, no ramo etnográfico e
Linguístico da família indo-europeia e possuidor
De tudo relativo aos eslavicos, com todo o caráter
Esguio do eslávico, alto e delgado, creio que  eu
Não seria diferente do que sou; sentiria minha
Vida no esguicho, a fluir no jato de um líquido,
Pelo ralo do banheiro, da mesma forma; sentiria
O esguichar de mim, com força, como por um tubo
Ou orifício, o sair em repuxo, até a esguichadela,
O pequeno jato que tornou-me tão pequeno e tão
Medíocre; tão vão e ínfimo, que sinto vergonha de
Um dia esguelhar-me, pôr-me de esguelha e enviesar;
Só olho-me obliquamente, de soslaio: não sei olhar de frente,
Só exponho minha obliquidade, sorrateiramente, ao retirar
O semblante, desviar o aspecto e esgueirar como quem rouba.

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